Um pouco de nostalgia nunca é demais. Ainda mais quando ela vem acompanhada de um bom episódio e num contexto extremamente coerente. É o famoso matar dois coelhos com uma cajadada só. Nesse caso, encontrar outro inseto gigante para duelar com o Kabuterimon enquanto nos faz relembrar o primeiro episódio do clássico Digimon Adventure.

O Kuwagamon não é um digimon memorável, isso é certo, ainda assim consegue se manter na memória de qualquer um que tenha assistido o Digimon clássico. Isso pois um Kuwagamon é o inimigo do primeiro episódio, um episódio extremamente emblemático e que ainda me surpreende pela sua capacidade de colocar tantas coisas diferentes num mesmo episódio, as apresentando e nesse curto tempo fazer um belíssimo primeiro episódio.

Mas não foi puramente um fanservice eles estarem nesse episódio, as criaturas realmente foram usados com um proposito. E na verdade não poderia haver uma melhor escolha, isso pois outra vez tivemos um inimigo perfeito para a super digievolução de um dos principais. Agora sendo a vez do Kabuterimon tornar-se AtlurKabuterimon.

Eu adorei as cenas de ação do episódio, tenho até a impressão que o reboot tem cenas de ação melhores que o antigo, ainda que mantenha falhas antigas. O principal problema da série sempre foi ser demasiada previsível. Ainda vemos isso no reboot. Mas o episódio criou uma tenção, uma batalha que vai muito além de nível de poderes. Até pois os inimigos eram fracos individualmente, mas conseguiam superar os digiescolhiodos devido ao seu número, suas estratégias e ao terreno.

Adorei as cenas de ação de um modo geral, como aquela da Togemon utilizando o corpo do Greymon como ponto cego de seus inimigos para acertar um soco. Ou toda aquela sequência do Atlurkabuterimon após a evolução. Ainda mais levando em conta que essa foi uma batalha entre grandes insetos, novamente, o anime acertou na escolha do melhor oponente possível.

Porém o grande destaque do episódio não foi uma cena de batalha, mas sim a própria cena de evolução. O anime antigo já tinha problemas de previsibilidade, é muito fácil se perder em repetições quando a narrativa se prende a sequencias pré-determinadas. Porém aqui tivemos um dos casos onde o anime conseguiu se esquivar dessa lógica narrativa, ao menos em algum ponto.

O Kabuterimon não evoluiu numa cena de perigo e superação de um inimigo, eles estavam seguros no momento. Mas o anime soube utilizar do desenvolvimento do Koushirou como personagem para evoluir o seu digimon também. Essa transformação está completamente associada à superação dos conflitos do personagem.

É interessante notar como já estava visível nos episódios anteriores a preocupação do Koushirou e seu grande incomodo quanto ao seu computador. E aqui fomos presenteados com uma das maiores, se não a maior mudança e desenvolvimento de personagem até então. O anime sempre coloca algum conflito, algo a ser superado nas personalidades e nas atitudes dos personagens para assim desencadear a evolução de seus digimons.

Mas nem sempre é tão bem trabalhado, muitas vezes está mais para uma desculpa ou um conflito improvisado. Contudo aqui realmente o anime focou num conflito específico, algo realmente mais pessoal e que de fato pode mudar consideravelmente o personagem. Ainda que saibamos muito bem que o anime pode simplesmente ignorar isso e fazer o Koushirou colar sua face na tela do computador e de lá nunca mais tirar.

Computador esse que ficou ainda mais rápido no final. O anime não deixou claro o motivo, ainda que me pareça uma clara consequência de seu próprio desenvolvimento. De toda forma, isso continua sendo válido como como um símbolo de seu crescimento.

Gostaria de deixar aqui uma queixa ao fato do anime ter enrolado para super digievoluir o Greymon sem nenhuma justificativa. Isso me incomodou bastante ao longo do episódio.

Mudando de tema agora, esse anime voltou a focar no mundo humano. Eu preferiria que não houvesse um foco simultâneo nos mundos, pois isso atrapalha a imersão no mundo digital. Mas isso é compreensível tendo em vista a narrativa que está sendo seguida e a própria história que esse reboot decidiu contar.

E por fim, não teve como não deixar de comentar essa cena. O Yamato é oficialmente o melhor personagem desse reboot. Claro, é apenas uma brincadeira. Rainha Mimi ainda é insuperável. Mas ele ter esperado o Joe dormir, para apenas então subir no Ikkakumon foi de rachar. Nem ele com toda a sua calma e frieza consegue aguentar a chatice sem fim do tagarela.

Este foi outro bom episódio. O anime está conseguindo ser bastante divertido e surpreendente. E que assim continue. Até mais.

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