Depois de um episódio desastroso para a Fuurin este daqui recolocou o time no jogo e tornou a final ainda mais interessante, com personagens motivados de um lado e adversidades brotando do outro. Quem vai vencer no final? Não sabemos, mais surpresas estão a nossa espera. É hora de Major 2nd 2 no Anime21!

A estreia da Chisato como arremessadora corroborou com o jeitinho alegre, e não menos confiante, da garota. A Oobi tem seus talentos, mas o público não pode esquecer que as jogadoras que já estavam e as que entraram no time esse ano têm um histórico muito interessante.

A ciumeira dos outros jogadores da posição foi um alívio cômico fofo e engraçado que coube bem até pelo jeito leve da própria Chisato em lidar com esse tipo de situação. Porém, se ela foi capaz de dar a segurança e vigor que já faltava ao Nishina, cabia aos rebatedores arrumarem mais que uma derrota digna, o que seria o mesmo que uma vitória não perfeita do adversário, e sim uma chance de vencer.

Há uma diferença enorme entre perder dignamente e buscar a vitória consciente de suas limitações e acho que o modo como o Daigo falou com a Tao, destaque no fim do episódio, sobre isso deixou bem claro que a ideia dele de manchar o histórico do time da Oobi na partida não era para compensar um orgulho ferido por uma derrota esperada, mas a real crença de que era possível vencer, construir condicões boas o suficiente para virar o placar extremamente negativo.

Não que a Tao ou a Yayoi não queiram vencer, mas elas pareciam conformadas com a possibilidade da derrota em um nível preocupante, faltava acreditar no improvável e creio que aquele final simbólico em que a Tao se suja para se equiparar em esforço aos colegas mostra como esse sentimento começou a virar nela. É claro que para isso a oportunidade de vencer precisava ser construída, e foi gradativamente alcançada pelos esforços de todos.

A Fuurin gerou desconforto no adversário ao não só agir dentro de uma estratégia consistente, mas compensar o excesso de qualidade do outro lado com excesso de esforço do seu, sem, é claro, deixar de se aproveitar dos pontos fortes de suas jogadoras para conseguir caminhadas e aos poucos ir virando o jogo psicologicamente.

A vantagem de 5 a 0 pareceu dar uma perigosa confiança ao pessoal da Oobi e ela foi bem aproveitada, tanto que mesmo colocando na conta do acaso, a lesão do arremessador reserva que levou a Michiru a descansar muito pouco certamente prejudicou os planos da equipe e gerou problemas a serem explorados por Daigo e sua turma.

O desgaste deve atingir também a Michiru, assim como um maior entendimento de seu jogo por parte dos adversários e, como não pensei nisso antes, a quase que natural rivalidade que surge entre garotas em uma situação dessas. Não algo tôxico como uma querer puxar o tapete da outra, cai mais no caso de ver que a outra pode e se desafiar a mostrar que também pode, algo totalmente compreensível e um desenvolvimento bem natural dentro do esporte.

É mais ou menos o que comentava já há alguns episódios, que a Tao e a Yayoi iriam se “incomodar” em ver a Michiru brilhando e tentariam fazer a mesma coisa. Pensei que isso ocorreria de maneira mais amistosa, puxando mais para o aspecto do exemplo, mas faz total sentido que seja assim mesmo, afinal, se trata de uma rival, não existe um distanciamento. Aliás, a proximidade incentiva a Tao a mostrar que consegue competir com outra garota.

Ainda acho que há espaço para mais, para ela e a Yayoi perceberem que, como a Michiru, elas podem muito bem competir com os garotos, mas cada coisa ao seu tempo, né. Para começar acho que acender a chama já foi bem proveitoso e possibilitou a cena do uniforme sujo em um ato de dedicação que só deve rolar mesmo para quem está comprometido com o objetivo, para quem está pelo menos começando a acreditar nele.

Enfim, se a Tao foi bem na reta final do episódio, não há como não falar da Mutsuko, a garota tem estrela, personalidade para mesmo cansada fazer de tudo a fim de ajudar o time. Desde o princípio ela se prova um elo forte do grupo mesmo após vacilar, a forma como ela se recuperou no final do episódio anterior foi antológica, então merece sim muito crédito pelo sucesso do “contra-ataque” da Fuurin.

Além disso, é menos pela técnica e mais pela vontade, vale frisar, porque por mais que não seja um esporte de contato, basebol é um jogo extremamente coletivo em que a confiança e a força do exemplo têm um impacto psicológico forte em uma equipe, tanto é que vimos a Michiru deixando escapar uma bola que não costuma errar e vários rebatedores da Fuurin fazendo frente aos arremessadores da Oobi em sequência. Não foi coincidência, não mesmo.

Esse aspecto psicológico é sempre importante de ser frisado e jogar ao lado de quem dá tudo de si mesmo demonstrando clara exaustão e limitação técnica é muito o tipo de coisa que eu já esperava na Mutsuko e ajudou a adornar ainda mais a retomada muito bem construída do time da Fuurin.

Por fim, pode parecer fútíl, mas o dilema da Tao não é algo que dê para menosprezar, afinal, acho bem compreensível que uma garota se incomode de dar tudo de si em um ambiente ainda extremamente machista (mesmo que não seja assim no time em que joga é em todo jogo no qual atua) no qual ela até pode se esforçar muito e ser muito boa, mas muito dificilmente vai ser respeitada, levada a sério como um garoto, pelo simples fato de não ser homem.

Acaba que o basebol para ela perde um pouco de valor, parece mais um passatempo que uma coisa que ela deve levar a sério, e se pensarmos que é coerente uma garota ter sua feminilidade e gostar dela (no que tece a se vestir, querer namorar, ter outras formas de lazer, etc), querer explorar mais ela, então é perfeitamente plausível a Tao se questionar sobre o tempo dedicado e o envolvimento emocional que tem para com o basebol.

A resposta final só ela vai poder dar, mas acho que se a Fuurin vencer o esperado é que ela se reconecte com o esporte que com certeza deve amar, mas com o qual não vinha tendo a mesma empolgação. Aliás, mesmo se a Fuurin perder é provável que se frustre demais justamente por ter passado a acreditar que poderia ganhar, que não há nada de errado e nem de ilusório em garotas quererem desafiar homens em ambientes teoricamente dominados por eles.

Inclusive, acho que a Tao teve pouco tempo de tela nesse episódio, mas imagino que terá mais no próximo, e se a Yayoi não fez nada de relevante nesse a prévia dá a entender que é ela quem arremessará de surpresa e que aí as duas serão mais postas a prova sobre o que o jogo representa para elas e a própria capacidade que têm de acreditar que não existem barreiras intransponíveis nele.

Para isso, devemos ver não só a competição se acirrando no lado da Fuurin, com o time ganhando confiança ao marcar pontos, como também a Oobi voltando ao jogo e mostrando que ainda tem o que tirar da manga. Essa partida final promete e acredito que ainda deva se estender por pelo menos mais dois episódios. Com direito a mais reviravoltas? Provável. A única certeza que tenho é de que ninguém vai dar nada de graça, muito pelo contrário.

Até a próxima!

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