Até que eu gostei desse final. E você, o que achou? Cramer acabou de forma previsível, com a derrota do Warabi, mas a percepção de que elas estão apenas começando uma jornada que deve se estender no mangá e não boto muita fé de que vai continuar em anime. Mas vai saber, né? Se a Suíça pode eliminar a França das oitavas da Euro em um jogo eletrizante (acabei de assistir), vamos sonhar com o impossível, por que não?

Vou ignorar os cinco minutos em quarenta segundos porque, honestamente, o jogo já tinha ido para o brejo episódio passado. Acaba sendo mais interessante comentar o questionamento da Chikai ao trio ternura, que poderia mesmo ter tido bolsa em escolas com times femininos melhores, mas pensa aqui comigo um instante. Não é melhor jogadoras muito talentosas puxarem o bonde com as que têm menos?

O Urawa não tem várias Adas e Chiakis, o que elas têm é um time organizado com jogadoras muito boas e jogadoras não tão boas como ocorre com todo time em maior ou menor escala. Sendo assim, não faz sentido distribuir esse talento bruto enorme entre vários times e incentivar a competitividade entre eles, mais do que concentrar talentos em poucos times? Claro, isso vale se o Warabi virar um “time” de verdade antes.

Esse episódio final acabou sendo o início de alguma coisa, de alguma coisa mais organizada. É claro que elas se conheceram antes e começaram a jogar juntas há mais de um mês, mas, realmente, um mês é suficiente para um time dar liga com uma técnica sem experiência alguma, umas poucas jogadoras talentosas e outras no máximo esforçadas? Com mais tempo dá para melhorar coletivamente, aliás, é isso ou nada, né?

Em meio a isso, temos a protagonista, Onda, que sempre jogou por diversão, mas enquanto crescia e finalmente se envolveu com o futebol feminino (devemos lembrar que até o ginasial ela jogava entre os garotos) descobriu que a situação é bem diferente na modalidade. Enquanto no masculino ninguém pressiona você a jogar futebol para salvar toda uma modalidade, no feminino cada atleta carrega esse peso.

Ainda mais quando se é uma atleta extremamente talentosa como ela. Não que ela não possa parar de jogar competitivamente ao fim do colegial ou de uma eventual faculdade que faça, mas seu talento a coloca em uma saia justa, pois não tem como a Onda seguir jogando apenas pela diversão. Para sobreviver o futebol feminino precisa dela e das outras, ela conseguirá aguentar a pressão e abraça esse árduo desafio?

É claro que vai, mas a gente vai ver isso? Sei lá. Só o que eu sei é que fiquei feliz de ver a Echizen deixando os papéis de parça e narradora de lado (ela é ótima no primeiro, assustadora no segundo) para se juntar as colegas em campo. Já se sabia que a Echizen não tinha talento, mas com o tempo ficou claro que não a falta vontade, paixão, e que isso ajuda demais para formar boas zagueiras, que é o que o Warabi precisa.

Não só isso, mas isso também, né? É só a gente lembrar dos gols que a defesa não conseguiu evitar, mas provavelmente conseguiria com uma zagueira de desempenho mais sólido, o que poderia até permitir a Soshizaki trabalhar de vez em uma faixa de campo mais avançada, afinal, ela é a melhor jogadora do Warabi, a mais consistente, tanto para distribuir o jogo com seus passes precisos, quanto para dar uma ajuda na defesa.

Além disso, a Soshizaki também quer ser uma grande estrategista, e isso inspirada por sua Chiaki-senpai. O reencontro delas na loja de coisas de anime foi bem bacana porque apesar de ter sido conveniente, mas nem tanto, foi uma bela oportunidade de desfazer o enlace mal acabado entre as duas. A Soshizaki não foi atrás da Suo à toa, deu sorte de encontrar a Onda é verdade, mas todo seu trajeto até o Warabi foi premeditado.

Para quê? Para ela começar sua história do zero em um time sem lá muita história no futebol feminino. Não é uma coisa bacana? Isso me fez gostar ainda mais da Soshizaki, que das três foi a mais regular (a Onda teve mais lampejos e a Suo nem isso) e é dublada pela talentosíssima Aoi Yuuki. Até a tranquilidade dela com o resultado, vislumbrando o futuro da equipe que ela trabalha para formar, me fez curtir ainda mais a volante.

Até porque, após o excelente trecho dela, vemos a decisão do time de não ficar chorando sobre o leite derramado e sim treinar mais, se organizar mais e não abaixar a cabeça. A Nomi até inscreveu elas em um novo torneio, necessário para manter a chama da competição acessa. Aliás, ainda acho que a Nomi foi aquém do que eu esperava na história, mas é inegável que precisamos entender o lado dela.

Como uma treinadora novata que nunca precisou pensar em tantos detalhes e questões a fim de treinar um time e administrar relações entre pessoas, é compreensível que em pouco mais de um mês ela ainda apresente muita dificuldade em diversos aspectos, dificuldades relevantes para o papel que o time dela desempenha em campo. A personagem em si nem me agradou tanto, mas não dá para crucificá-la por nada mesmo.

Por fim, a mensagem final é belíssima. Posso tecer críticas ao conhecimento do autor (sim, parece que é um autor e não uma autora, fomos trollados esse tempo todo hahaha) sobre futebol feminino (é incomparavelmente maior do masculino), mas não a boa intenção em expor a modalidade em suas diversas dificuldades e pontos positivos. Cramer presta um serviço a comunidade do esporte, apesar de todas as ressalvas já feitas.

Na penúltima cena quase derramei uma lágrima, mas ao final certamente abri um sorriso. Cramer teve problemas em diversas esferas de sua produção e posso garantir que pior nem foi sua animação inconstante, mas o tanto de pancada que as jogadoras tomaram sem conseguir comemorar nenhum pequeno sucesso, ainda que os fracassos tenham sido todos justificáveis. Infelizmente foram, convenhamos.

Mesmo com isso, prefiro exaltar as paradas para reflexão sobre questões importantes que envolvem um esporte emergente como o futebol feminino, além da inserção da Onda em um meio que antes era desconhecido a ela. Em uma eventual segunda temporada aposto que muitas das raivas que passamos seriam ao menos suavizadas, mas mesmo se não rolar, Cramer já terá valido a pena só por termos visto que meninas também jogam futebol.

Até a próxima!

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