Mais conhecido pelas suas produções em CG e pela franquia Bang Dream, o estúdio SANZIGEN nos traz nessa temporada um anime que mistura elementos de RPG, alguns mistérios, drama e bastante ação, em um enredo norteado pela luta de alguns jovens para manter o equilíbrio entre o mundo real e o mundo dos sonhos – ao menos até onde consegui compreender.

Antes de destrinchar mais sobre o episódio em si, vale mencionar que além de ser uma obra original, D_Cide Traumerei faz parte de um projeto multimídia desenvolvido pela Bushiroad, que ainda tem programado o lançamento de um jogo para celular ao final do ano, pós a exibição da sua versão animada – o que dependendo do sucesso pode fazer esse projeto render bastante.

Agora falando do que interessa, sendo bem honesto eu acho que foi uma estreia decentemente boa, pois levando em conta a ideia totalmente doida, a falta de informações e a forma confusa como as coisas se apresentam, a narrativa conseguiu me prender e instigar quanto ao futuro dos protagonistas e como eles vão lidar com o peso da responsabilidade que carregam – que diga-se de passagem, não é uma bobagem.

Tudo começa com um Ryuuhei que testemunha a morte de seu irmão Junpei, sem qualquer razão aparente e então temos um salto no qual o menino aparentemente superou o fardo do ocorrido, porém não esquecendo os detalhes – que indiretamente ficam martelando os seus sonhos.

No começo eu achei estranho ele recordar tanto aquele detalhe do símbolo, mas depois da história caminhar, entendi que aquilo era como se fosse o destino pincelando na mente dele que aquilo seria importante um dia, e foi, já que no fim do dia ele passa a lutar contra o que está vinculado a essa memória.

Ao longo do episódio vemos como o Ryuuhei é tranquilo – praticando kickboxing como o irmão -, feliz e de bem com a vida, assim como seus amigos Rena e Murase. Uma menção interessante é a personagem Ibusaki que diferente dos outros parece mais solitária e reservada até aqui – mas dá mostras claras de que queria ser mais comum e amigável.

Diferente dos outros que tem uma vida mais solta, eu fiquei intrigado com as questões pessoais da garota, porque como o pai dela é um defensor da lei, me parece que ela tem regras mais rígidas, uma vida diferente que me interessa ver trabalhada conforme se aproximem dela.

Voltando ao protagonista mor, ele é mordido por uma criatura aleatória e é aqui que a bagunça – nos dois sentidos – começa. Depois desse ocorrido ele sonha com o tal mundo ilusório no qual o anime se centra, o Desaria, e o interessante disso é que assim como ele, a história dá a entender que o Murase também teve um sonho parecido – mas em outra circunstância, ou seja, será que ele foi mordido antes e não comentou?

Bom, o fato é que os eventos estranhos continuaram, até se estender ao mundo real, chegando no Ryuuhei, que como era de se esperar, não conseguiu entender absolutamente nada – e no fim magicamente aprendeu a usar os truques lá na hora da necessidade, mas ok, isso eu vou relevar.

A primeira coisa que eu gostaria de pontuar quanto a isso, é que fiquei em dúvida sobre o funcionamento da Desaria e como ele se conecta ao mundo real, porque na parte da ação isso não ficou explicado e nem fez muito sentido.

Digo isso porque observei que em um momento as pessoas não enxergavam o que era “ilusão”, como as meninas que não viram o portal aparecer, mas em outro elas assistiam a batalha com os monstros de longe, depois que a dupla de Knocker Ups apareceu no mundo real – afinal elas veem ou não? Vamos explicar direitinho isso aí.

Aproveitando que os citei, gostei da concepção dos Knocker Ups serem lutadores que concebem o seu estilo próprio, porque se são combatentes do mundo dos sonhos, é o mínimo que eles tenham direito a “sonhar” e idealizar como querem lutar contra o mal – confesso que me pergunto que outras possibilidades essa liberdade concede aos escolhidos.

A batalha em si mostrou uma ação bem animada, com direito a um show de cores, pirotecnia e movimentação, no geral não tenho o que reclamar desse setor, até porque o SANZIGEN é um nome de peso quando se trata de um 3D consistente, espero que as próximas sejam ainda melhores.

Alguns dos “heróis” já apareceram, mas os dois últimos tiveram uma melhor exposição. Achei ambos bem dinâmicos, habilidosos e legais, especialmente a Jessica, que com sua aparência infantil, bem armada e uma personalidade prática – um tanto sarcástica -, capturou minha simpatia.

Comentando um pouco sobre os possíveis vilões, ainda não mostraram muito, mas o que fica perceptível é que eles utilizam os sentimentos negativos das pessoas para causar o caos, contudo ninguém se engane achando que isso não tem preço, ao contrário, tem e custa muito caro.

Diria até que isso traz um impacto maior ao enredo, justamente por mostrar que o problema é sério, as pessoas “negativas” servem como sacrifício e na derrota pagam por isso com suas vidas, o que dá aos protagonistas um motivo para refletir bastante nessa luta entre bem e mal – daí um dos dramas aqui.

Julgando pela forma como as coisas se deram, me pergunto o que o irmão do Ryuhei guarda a ponto de ter sido usado como sacríficio, caso seja essa a situação, porque pela circunstância diferente do menino desse episódio, tenho uma ponta de certeza que ele deve navegar no mar dos irmãos de protagonistas que se uniram ao mal porque sim, para criar o dissabor familiar.

A prévia já dá a entender que os outros personagens vão ser integrados logo para não perder tempo, e assim o time de elite vai se formar para descobrir os mistérios que cercam a realidade, a Desaria e como isso está conectado a morte do Junpei – nada novo sob o sol.

Penso que embora tenha feito as coisas de um jeito meio atrapalhado, D_Cide fez o necessário para se mostrar interessante e visualmente agradável – sinceramente a mim isso basta. Continuarei vendo onde essa história de mundo ilusório vai levar, na esperança de que a trama consiga destrinchar com coerência as coisas que inventou, independente dos seus clichês.

Agradeço a quem leu e até a próxima!

 

 

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