Novamente o anime nos mostra a sua grande qualidade, seja em um episódio com um clima mais sério ou em outro por sua vez bastante descompromissado. Tivemos assim dois bons episódios, de formas completamente diferentes, mas que ainda assim compartilharam do fato de nos apresentarem novas evoluções. E duas evoluções muito lindas.

De fato dois bons episódios, o primeiro deles que comentarei é aquele que se destacou pelo foco na diversão. Ele foi leve e descontraído, mas que ainda assim nos presenteou com uma nova evolução. Ele começa com o retorno da Mimi e da Palmon ao local em que se localizava o antigo “reino” delas. Agora sem súditos para as recepcionarem com as honras merecidas, já que estes se encontravam em uma escola, local esse em que a própria Mimi decidiu ficar. E dessa forma Mimi evolui para Mimimon.

Confesso que gostei desse clima, com a Babamon e o Gigimon assumindo o papel de sábios que guiariam a Mimi para um novo grau de autoconhecimento. Note como nesse sentido o anime soube unir um tema profundo enquanto o expressava com simplicidade. Isto é, a ideia da disciplina como forma de desenvolver as próprias habilidades. Eu diria ainda mais, na disciplina como uma forma de se autodesenvolver enquanto indivíduo.

Pode parecer estranho essa ideia de disciplina e sua relação com a sinceridade, e de fato não acho que o anime buscou fazer essa relação, mas eu diria que ela existe sim e não é pequena. Ser sincero é ser aquele que se é, e a disciplina é o caminho para se alcançar o domínio e, portanto, o conhecimento de si mesmo. E não digo conhecimento no sentido de uma ideia ou um conceito de si mesmo, mas um conhecimento ainda mais profundo que só pode ser alcançado pela própria experiência.

Mas claro, ao mesmo tempo o anime queria transmitir algo muito mais simples e direto. Que é passar para as crianças (público alvo da obra) a importância de respeitarem a autoridade e de não se revoltarem como o BanchoMamemon. Ele destrói tudo, age de maneira egoísta e não só é incapaz de julgar as capacidades alheias como também as suas próprias. A sua ideia errônea de liberdade o leva a uma escravidão ao seu próprio ego e vontades mesquinhas.

Por fim, sobre a transformação da Rosemon não tenho nada para dizer além de elogios. Uma forma muito linda esteticamente, sem dúvidas. Gostei desse episódio e da forma simples e divertida que o anime o levou. Também destaco a relação da Babamon com a Mimi que rendeu uma das interações mais sinceras entre digimons secundários e escolhidos vistas até aqui.

Falando agora sobre o outro episódio, se saímos de um bom então vamos para um ainda melhor. Ele já começa bastante curioso, com um sonho misterioso onde o Gabumon vê dois digimons em meio a uma batalha épica. É quase como se fossem dois samurais arquirrivais decidindo em fim qual deles sairá vencedor.

E não apenas essas imagens nos lembram samurais como o episódio todo tem uma ambientação e um clima típico das histórias japonesas sobre samurais. Ao mesmo tempo que misturado com uma história mística, centrada em um fantasma vingativo que será derrotado apenas após um sonho estranho se tornar realidade concreta.

É por estes e por outros motivos que esse episódio é tão destacável. Porque ele tem uma identidade muito peculiar que o destaca e que o eleva. Ainda que sim, já vimos em outros episódios referências a coisas estritamente orientais e em particular da cultura japonesa. O próprio episódio do Joe que detestei, aquele das termas, foi sem dúvidas um deles. Mas aqui tivemos algo realmente aprofundado, já que a ambientação foi de fato imersiva e com um propósito narrativo.

E outras coisas devem ser destacadas, como o simples fato de vermos dois digimons serem assassinados. E logo no início do episódio! Isso é algo que já traz um clima totalmente diferente ao episódio. Assim como o fato dos refugiados e a história de suas vilas devastadas darem peso à trama.

Tudo isso fez um episódio especial, ainda mais por essa parte sobrenatural. Até a derrota do Zanbamon foi especial, primeiro por não ser um poder superior que o venceu. WarGreymon e MetalGarurumon juntos nada conseguiram fazer, já que se tratava de um fantasma. Para derrota-lo se fez necessário algo igualmente místico, onde o sonho do Gabumon ganha um caráter profético.

Tudo isso foi bastante especial e diferente. Mas destaco que essa última parte do anime vem fazendo isso muito bem, mostrando várias exceções a padrões que estamos acostumados. O que é justo, ainda mais por essa parte final ser ela mesma uma grande exceção. Mas se for para destacar algo tem que ser a forma alternativa do MetalGarurumon. O CresGarurumon é uma das formas mais incríveis entre as novidades desse reboot. E rendeu uma cena muito boa em um episódio incrível do início ao fim.

Note que se o primeiro episódio foi divertido e descontraído então o segundo foi tenso e sério. É bom que tenhamos diversidades em climas, na verdade isso é uma das coisas mais elogiáveis desse reboot. Mas se os episódios mudam então uma coisa sempre continua o mesmo: o Tai aparecendo sempre. Nesses dois ele estava lá, ao ponto de eu nem me perguntar mais como é que ele chega nesses lugares. Confesso que acho o mistério de como ele se teletransporta para todo que é canto, brotando do nada, muito mais interessante do que sobre os brasões.

Brincadeiras à parte, foram dois bons episódios. Até mais.

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