Depois de tantas lutas e perdas numa jornada de vários anos, o que acontece com a protagonista ao chegar no fim de sua missão, tentando salvar o mundo de uma trágica guerra? Para quem tem essa dúvida, esse episódio explora esse outro momento da Vivy, que também encara a “perda” da sua voz, tão importante para sua outra – e principal – missão.

A Diva em seu passado foi aposentada sem exatamente alcançar sucesso, porém como não sabemos os caminhos que a moça percorreu, não dimensionamos o que ela pensava ao sair de cena. Agora que teve sua jornada reescrita, vemos o quão vazia e perdida a moça está, praticamente sem seus objetivos de vida.

Algo bem legal de se ver nessa difícil circunstância, é como o Matsumoto de fato evoluiu nesses anos, saindo de uma máquina sarcástica para um robô mais ameno e que está tentando processar os sentimentos que passou a ter pela sua parceira de longa data.

Visitar ela de tempos em tempos é uma prova viva de que muita coisa nele mudou, porque para quem lembrar, o robô passava 5, 10, 15 anos sem se reportar a sua dupla, para agora visitá-la até sem um motivo específico. Quem ia imaginar que o Matsumoto ácido lembraria da data em que ele e a Vivy se conheceram e iria querer dividir esse momento com a mesma?

É engraçado que dá para notar um certo comportamento tsundere dele, agindo de uma forma meio “seca”, quando na verdade o que parece é que o robô quer estar perto da Diva. Mesmo o desafio que ele propõe, visivelmente tem a intenção de manter o elo entre os dois e recuperar o rumo da sua amiga desnorteada.

Seria essa falta de jeito, o caminho que ele está encontrando para lidar com esse novo lado? Afinal para alguém que sempre prezou pela praticidade das coisas e a racionalidade, esse momento irracional e sentimental vai contra tudo o que ele tem guardado em seus registros, ou melhor, não deve nem fazer sentido, mas é assim que é.

Nessa mudança a IA se aproxima bastante do seu aparente criador, o Osamu – que também tem Matsumoto no nome, explicando a possível origem do nosso amiguinho -, a outra peça importante na vida da Diva. O menino conheceu a protagonista quando ainda novo e a ligação entre eles apenas cresceu conforme dialogavam e ele buscava entender tudo a sua volta, especialmente a cantora.

Por mais que ela não saiba, essa amizade foi fundamental para que o Osamu mais tarde se tornasse um grande homem, pudesse formar a sua família e seguisse em frente, sendo esse instante o responsável por nos ligar aos primeiros eventos do anime – sim, não temos dúvidas de que ele foi o cientista que fez a Vivy despertar para o Projeto Singularidade no passado.

Lá atrás o Osamu disse que confiava essa missão a Diva, porque sabia que ela poderia salvar as pessoas, assim como o salvou, e vendo agora como essas duas figuras se encontraram e viveram, é fácil entender a linha de pensamento dele e o porquê de sua escolha.

Pensando nessa conexão e nos rumos que a missão central tomou – desastre total, segundo o pós créditos – , a pergunta que nos veio a mente é: teria sido esse projeto pensado para a Vivy? Porque se levarmos em conta que nada andou e o futuro está igualmente prejudicado, a conclusão mais óbvia é que o objetivo real dessa jornada não era impedir o problema de acontecer, mas sim criar um caminho para consertá-lo através de alguém apto para tal função.

Tudo parece ter sido planejado com a ideia de fortalecer o caráter da Vivy para que ela encontrasse essa solução futura e pavimentasse o novo caminho para todos. É uma escolha interessante? Honestamente sim, porque por mais impactante e prático que pudesse ser o caminho inverso, chocando a moça com o futuro trágico e a colocando a favor dos humanos, a unilateralidade disso não resolveria a questão principal.

Recomeçando do passado e acompanhando todas as circunstâncias que rodeiam humanos e IAs, a Diva seria capaz de entender não só um lado, mas os dois, o que lhe permitiria pensar de forma mais abrangente para ir no cerne da questão.

Afinal, onde foi que erraram nessa coexistência pacífica? Onde que os valores se chocaram? Como recriar esse futuro pacífico para ambos, sem que nenhum lado saia prejudicado? Bom, se a nossa teoria estiver certa, essa é a resposta que ela precisa achar – e provavelmente vai até o final do anime.

Uma vez que foi tão apoiado pela androide, é visível que o Osamu tenta ajudar sua amiga a superar sua situação, reencontrando a Diva que tanto brilhou e alegrou durante esses 67 anos. Para a felicidade do personagem, o ensinamento deixado pela esposa e a sua jornada pessoal cheia de altos e baixos – acompanhada de perto pela protagonista -, acabam tendo um peso positivo, porque é graças a isso que ela consegue se lançar em algo novo, criando a sua própria canção.

Se isso vai ajudá-la a se recuperar e cantar com todo o coração, ninguém sabe, mas a chance é grande, afinal é graças as inúmeras pessoas e IAs com as quais conviveu, que a moça aprendeu, desenvolveu sentimentos e tem recordações preciosas, elementos que lhe dão a inspiração necessária para tentar ir além.

Ao final do episódio ficamos com um gancho infeliz que nos revela como nada feito no Projeto Singularidade resolveu, o que nos fez repensar o quanto isso de fato estava destinado ao fracasso – falando no lado prático da coisa.

Agora a Diva novamente precisa se levantar contra o apocalipse tecnológico e a destruição corrente. Diante disso conseguirá ela cantar para o mundo a sua nova canção?

Agradecemos a quem leu e até o próximo artigo!