Esse final foi interessante por várias razões. Não só pelo que ele significa para a temática da obra, mas por sua narrativa e o impacto que recebeu e causou no legado das franquias Megalo Box e Ashita no Joe. Mas vamos por partes.

 

 

A luta entre Joe e Mac foi muito antecipada pela obra, e acabou por ser quase tudo o que esperávamos. Houveram grandes interações entre personagens, com direito ao retorno dos imigrantes que não víamos desde o quarto episódio, além de apresentarem a devida relação dos boxeadores com seus entes queridos e auxiliares de equipe.

Não só isso, mas a forma como a imagem do Chief é usada, tanto quando é sobreposta por cima de Mac ou quando os lutadores conversam sobre o legado do verdadeiro boxeador, título que inclusive foi passado para Joe nesse episódio.

Esses e outros detalhes mostram a química que esses personagens, que mal interagiram, possuem, nada mais que um ótimo trabalho dos escritores.

 

 

Contudo, esse final tem um problema bem notório em sua narrativa, o pacing. Com o arco da menina cientista e toda a questão do Sakuma para ser resolvida, a luta teve seu tempo reduzido e foi interrompida algumas vezes, o que acabou por atrapalhar o fluxo do evento principal do anime.

 

 

Em artigos anteriores, eu citei a entrevista que os escritores e o diretor de Megalo Boz 2 deram ao site Anime News Network, e como entre tudo o que foi dito, o que mais se destacou foi a declaração de Kensaku Kojima sobre como os valores de Ashita no Joe podem ser difíceis de engolir para o público atual.

A razão disso, como apontado pelos entrevistados, é a glorificação que o mangá, e por consequência o anime, faz da dor e do sacrifício em prol do esporte, ao ponto da página final onde Joe Yabuki aparece morto ser até hoje um dos momentos mais impactantes e lembrados de toda a indústria.

A razão pela qual eu volto a mencionar esse fato é devido ao final dessa temporada ser o mais oposto possível ao final de Ashita no Joe. Com Sachio decidindo jogar a toalha, Joe não só sobrevive, como não demonstra qualquer remorso do garoto, provando mais uma vez o quanto ele valoriza a opinião e a vida com sua família mais do que seu desejo de lutar.

 

 

Com Mac a caminho da aposentadoria, sem nenhum arrependimento, e com a tecnologia da Rosco sendo proibida para usos não-medicinais, e os demais personagens continuando suas vidas, esse é sem dúvida o final mais feliz possível.

Mais do que a primeira temporada, esse fim é marcado pela incerteza do futuro e como os personagens agora podem viver separadamente e ainda manterem os laços que cultivaram.

E mais do que isso, demonstra que mesmo o pior dos legados pode ser transformado em algo positivo, não só em larga escala, mas em uma questão pessoal, o que foi representado perfeitamente pela cena do Nanbu na garupa de Joe.

 

Na imagem acima vemos Tetsuya Chiba, o desenhista de Ashita no Joe.

 

E com uma grande luta contra o legado, dentre e fora do anime, Megalo Box 2: Nomad chega a seu fim. Foi uma temporada que despertou muita incerteza no começo, mas digo sem nenhuma dúvida que pelo trabalho de personagens, principalmente em Joe e Sachio, a melhor integração dos temas político-sociais no enredo e a introdução de grandes personagens como Chief e Mac, essa foi uma sólida temporada, que por muito excedeu a primeira e atualizou o legado de Ashita no Joe.

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