Bom dia!

Consta que desde a estreia um episódio cheio de ação sanguinolenta desses era o que muitos queriam. Aparentemente, é uma das causas do anime ter sido tão criticado. “É só bonito”. Sem dúvida era bonito desde o começo – como todo anime do Kyoto Animation. “Não tem história”. Oh, mas tinha sim! A história trágica de uma criança-soldado que perdeu tudo e estava começando a, pela primeira vez na vida, escolher seu próprio caminho no mundo ao mesmo tempo em que precisava lidar com as consequências da guerra.

No fundo, o que queriam era isso: sangue, suor e tripas. Esse episódio teve isso (exceto tripas). E para quê?

Não me entenda mal em uma coisa: de forma alguma achei esse um mau episódio. Foi bom. Me diverti, me emocionei e fiquei com o coração na mão enquanto via a Violet metaforicamente viajar para o passado em busca do Gilbert. Os flashbacks foram interessantes e bem animados. Mas o fato é que pela primeira vez desde a estreia uma história em Violet Evergarden não termina no mesmo episódio em que começou. Isso não é ruim por si só, mas vamos analisar friamente.

Dietfried entrega Violet para Gilbert

Qual foi a história que esse episódio contou? Bom, houve duas histórias paralelas: a Violet no presente procurando o Gilbert e a Violet do passado encontrando e convivendo com o Gilbert. Nenhuma das duas teve um final. No presente, a Violet encontrou duas pessoas, fez a elas basicamente a mesma pergunta que havia feito ao Hodgins no final do episódio anterior, e por fim acabou guiada até o túmulo do Gilbert. No passado, ela encontrou o Gilbert, foi treinada como um soldado, lutou toda a guerra, viveu intensamente no campo de batalha e, no limite de sua inocência, fora dele também, e travou a batalha derradeira na qual o Gilbert morreria.

Violet pergunta sobre Gilbert para Dietfried

Aconteceu pouco no presente, e tudo o que aconteceu no passado o anime já havia revelado. Bom, não tudo literalmente, mas tudo o que era relevante. Já era sabido que o Dietfried dera a Violet para Gilbert, seu irmão. Já era sabido que apesar da diferença de idade, apesar da diferença de hierarquias militar e social, apesar da inacreditável falta de conhecimento da Violet sobre as coisas normais da vida, ela e o Gilbert se tornaram próximos. Foi uma relação por vezes como a de pai e filha, por vezes como um amor platônico. A história do broche já era conhecida também. Que o Gilbert morreria em ação então (e o flashback ainda não chegou a esse ponto) era mais do que sabido.

Gilbert põe o broche em Violet

Teve uma informação nova no flashback que foi útil no próprio episódio: a casa onde Gilbert viveu e sua empregada. Que me lembre ainda não havia aparecido no anime em momento algum. E foi útil exatamente para esse próprio episódio, quando, no presente, Violet vai até lá e é guiada ao túmulo do Gilbert. Mas isso é muito pouco. Para quê, narrativamente, serviram esses flashbacks todos? De novo, foi legal de assistir. Mas esse não era o tom do anime até agora, então por quê?

Violet encontra o túmulo de Gilbert

Para quem esperava exatamente por isso, provavelmente veio tarde demais. Ou já desistiu de assistir ou se ainda está assistindo não irá mudar tanto assim de opinião depois de tantos episódios e já perto do fim. Para quem gosta do anime por aquilo que ele é, como eu, ficou parecendo algo deslocado. Uma bolinha de queijo no meio de uma bandeja de brigadeiros. Ei, adoro bolinhas de queijo! Mas se eu peço brigadeiros, eu quero um doce de chocolate muito doce e com confeito, ora, não uma fritura de massa podre salgada recheada com queijo derretido! Eu certamente vou comê-la também, mas não vou conseguir me esquivar desse sentimento engraçado. É exatamente a mesma coisa com esse episódio. E isso na interpretação benigna.

Gilbert, Violet e outros ficam cercados após entrarem descuidados em uma catedral

No pior dos casos, ao destacar o passado de soldado da Violet, o anime remexe no fundo do rio e levanta uma areia que já havia assentado. Como a Violet se tornou uma criança-soldado? Quando capturada pelo Dietfried ela já era incrivelmente forte e ágil, então suas habilidades não se devem ao treinamento que receberia posteriormente. Também não parece um experimento dos exércitos inimigos, porque ela não estava uniformizada e era a única de seu tipo. Para não mencionar que ela aparentemente sequer sabia falar! Tudo isso considerado, ela parece mais um caso de criança-feral do que de criança-soldado. Mas por quê? Como?? Isso sequer parece ser realmente importante para o anime, mas depois desse episódio há de haver quem queira essas respostas. E para quê?

Cattleya está inconformada, e eu também

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