Bom dia!

Nessa semana no melhor anime da temporada finalmente chegaram à Antártica. Bom, provavelmente ainda estão longe da Estação Shouwa, mas as garotas podem dizer que puseram seus pés em solo antártico. Ou no gelo antártico, o que por lá no mais das vezes é a mesma coisa.

Essa chegada é só o ponto de partida para uma garota e uma mulher cujas vidas se cruzaram e estão intimamente relacionadas ao Continente Gelado.

Desde o primeiro flashback do anime mostrando a Gin e a Takako (a mãe da Shirase), que não só eu fiquei com a impressão que a mãe da Shirase é muito mais parecida com a Mari do que com a própria filha, e a Shirase, por sua vez, tem lá suas semelhanças com a Gin. Mais flashbacks nesse episódio e agora fica mais ou menos claro porquê: a Takako parecia ter o costume de largar a filha e a amiga sozinhas. Era de propósito mesmo, pois segundo ela, a Shirase precisava da Gin. Ela era mãe, devia saber o que estava falando, hehe. De fato, não há como ter certeza porque não sabe-se o suficiente sobre a Takako para afirmar qualquer coisa, mas não acho que estou muito longe da verdade quando digo que a Gin parece muito mais responsável, determinada, e talvez até mais forte. Qualidades que a Shirase também exibe. Takako estaria orgulhosa.

A “conhecida da mãe” sem dúvida teve bastante influência na criação dessa menina

Nem no passado nem no presente o pai da Shirase aparece. Ela tem que ter um pai, não é? Talvez ele tenha fugido. Talvez ele tenha morrido. Talvez seja muito mais complicado do que isso. De todo modo, o importante é que a Shirase tinha apenas a sua mãe. Provavelmente foi por isso que a Takako quis que a filha passasse tanto tempo e aprendesse tanto com a sua melhor amiga. Não, a Gin com certeza é uma mulher que parece mulher, se comporta como mulher e se faz ver como mulher, não pense nenhuma besteira, Takako não estava em busca de uma figura “paterna” para a filha. Mas certamente reconhecia que, sozinha, não seria capaz de ensinar tudo o que a Shirase precisava aprender. E não conhecia ninguém melhor do que a sua melhor amiga para ajudá-la nessa tarefa.

Nesse dia, Shirase não perdeu apenas a sua mãe

A Shirase diz que a Gin é “só uma mulher que era conhecida da sua mãe”, mas se aqueles flashbacks são algo para se levar em conta, a Gin esteve quase tão presente na vida da Shirase quanto sua própria mãe. A Shirase efetivamente aprendeu coisas com ela, tanto práticas, como pular corda, quanto valores, como a já mencionada determinação. E mesmo assim, se lhe perguntam, a Gin é “só uma conhecida da sua mãe”. Quando Takako morreu, Shirase não perdeu apenas a mãe. É quase certo que a Gin deixou de frequentar a casa da Shirase também. Shirase perdeu a mãe e a “mulher que era conhecida dela” de uma só vez. Ficou completamente sozinha, encontrando abrigo apenas em sua obstinação pela Antártica.

Mas como será o lado da Gin? Já é o segundo episódio que ela é vista andando com aquela cúpula com um arranjo de flores dentro (certamente uma oferenda à memória da Takako) pelo navio. Em dado momento, já próximo de chegar à Antártica, ela ficou sozinha no convés, olhando para longe. E naquele momento, a determinada, a capitã da expedição, a mulher forte que todos seguem e admiram, não pôde evitar chorar copiosamente. Talvez ela própria, como a Shirase, ainda não tenha superado a morte da Takako.

Não pergunte para a Shirase o que nem você está pronta para responder, Gin

Se ela não superou, ela com certeza ainda deve se culpar. E se ela se culpa, quão difícil deve ser para ela encarar a Shirase? A filha da mulher que ela se sente responsável pela morte, a filha de sua própria melhor amiga, de quem ela escutou as últimas palavras, de quem ela teve que cancelar as buscas. Ela se culpa, e morre de medo que Shirase a culpe também. Não, Shirase não a culpa. Ela também não a odeia. Mas é complicado, não é, Shirase? A garota sabe que é complicado, por isso ela vive fugindo desse assunto. Qual das duas fugiu primeiro? Não importa tanto. Gin e Shirase estão fugindo. Estão fugindo da dor, estão fugindo da realidade, estão fugindo uma da outra. Estão dispostas a ir até a Antártica nessa fuga trágica. Agora elas chegaram e não deve demorar para que descubram o óbvio: elas não conseguiram fugir de nada. A hora está chegando para as duas lidarem com isso de uma vez por todas. A Gin, como uma adulta. A Shirase, como testamento de seu primeiro passo rumo à maturidade.

Na Antártica! Chupem, todos os que duvidaram e torceram contra 😛

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Eu também estou gostando muito, acho-o sinceramente o melhor da temporada. E estou assistindo 30 animes dessa temporada, devo ter alguma noção do que estou falando =D

      Obrigado pela visita e pelo comentário, volte sempre!!

  1. Esse anime não decepciona a cada semana! Mesmo que não tenha bronca pela porta hahaha
    Eu tava na espera do texto sobre esse episódio bonito demais da conta!
    O episódio teve a maior carga emocional até aqui, mas sem deixar de ser divertido (eu rolei de rir naquele começo lol).
    Interessante tocar na questão da figura paterna, porque dá pra notar que ela é inexistente em todas as meninas. Mesmo que isso seja bem comum em animes, pode ser que tenha um peso a mais na história que eu não enxergo no momento. E no caso específico da Shirase, eu também acho que a insistência da Takako em deixar as duas sozinhas está diretamente ligada a essa ausência. Como se ela soubesse que a postura da Gin fosse essencial para a Shirase crescer, algo que ela não conseguiria passar sozinha. Tanto que a parte determinada da Shirase tem um toque de Gin. Aliás, um dos pontos chaves do episódio foi justamente a determinação daquelas pessoas sendo representada pelo movimento do navio quebrando o gelo, simplesmente lindo!
    E uma das cosias que mais fisgou minha atenção foi a parte “alguém como uma nuvem”; alguém que não se pode agarrar, mas que está sempre ali. Simples, mas teve um peso extra dentro deste episódio.
    E eu também compartilho o mesmo espírito da Shirase: chupa todo mundo que duvidou!!! hahaha
    Parabéns pelo texto!

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Sem dúvida um dos episódios com maior carga emocional, mas ainda acho que o episódio da despedida da Megu foi mais forte nisso. Mas claro, esse daqui disse respeito à Shirase e ao mote central do anime, então tem isso a seu favor.

      (a gente sempre pode acreditar em nossos corações que elas tomaram uma bronca lá no episódio da porta, tenhamos fé!)

      A questão familiar é complicada para quase todas as garotas. A Mari tem uma família completa e funcional. Mãe, pai e irmã, e todo mundo ali é importante para ela. Até teve uma festa de despedida antes da viagem! O anime fez questão de deixar claro, porém, quem é que manda na casa naquele episódio em que a mãe da Mari descobriu sobre a viagem e quando o pai chegou e a filha pediu ajuda desesperada ele só fechou a porta e ficou do lado de fora esperando, hehe. Ainda assim, ela tem pai presente.

      A Yuzuki tem a vida controlada pela mãe desde cedo, e parece que não tem pai também. Talvez inclusive tenha sido a ausência de um pai que fez sua mãe colocá-la no showbiz para ajudar no sustento da casa. Não sabemos muito, porém. Sobre a Hinata não sabemos nada. A família inteira dela simplesmente nunca apareceu. E aí dá pra pensar em várias hipóteses. Talvez ela seja daquelas que vieram de famílias do interior para Tóquio (agora não me lembro bem, mas elas são de Tóquio? tenho impressão que não…) para estudar. Está sozinha mesmo, portanto. Talvez tenha brigado com a família quando decidiu abandonar a escola e tenha fugido ou sido expulsa de casa. Eu realmente gostaria de aprender um pouco mais sobre a Hinata, mas não sei se o anime vai contar.

      E, claro, tem a Shirase. Até onde se sabe nunca teve pai e perdeu a mãe ainda criança. Ela cresceu criada pela mãe, mas não sozinha: de algum jeito ou de outro a Takako garantiu que a Gin também fizesse parte da vida da Shirase. Ela teve, assim, praticamente “duas mães”: sua mãe de verdade e “a amiga da mãe”. Há algo de profundamente triste nessa forma como ela se refere a Gin, não acha? A Shirase provavelmente se sente triste por isso também. Nada deve ter sido pior para ela do que perder a mãe, mas é por isso mesmo que ela tinha mais razão ainda para querer alguém ao seu lado – a Gin. Mas a Gin foi embora. Imagine a cabeça da criança. Será que a Gin nunca se importou com ela de verdade? Nunca gostou dela? Por que a Gin está indo embora? Ela só se importava com a mãe dela…?

      Uma semana é tempo demais! Cadê o próximo episódio???

      Muito obrigado pela visita e pelo comentário! Volte sempre =)

      • Eu acredito na bronca!
        Verdade, quela cena do pai da Mari foi muito boa, eu mal lembrava dele mesmo haha.
        Talvez eu não fui claro anteriormente, não era bem não terem um pai que me chamou a atenção, mas a ausência dessa figura para a trama. Visto que não se pode afirmar nada da Hinata e da Yuzuki. Isso tudo me passou a ideia de que o foco do anime são as mulheres da trama, acho que é isso que ele quer ressaltar e o que me chamou atenção.
        E sobre a Shirase, eu concordo demais que o jeito que ela se refere a Gin demonstra tristeza. Acredito que aquele diálogo que elas tiveram sobre o navio mostra um pouco disso. Ela não culpa a Gin pela morte da mãe, mas ela não deixa de estar triste com a Gin, ela nem entende direito a razão.
        É por isso que eu gosto muito de produções originais, você não sabe o que virá e sobra só esperar por uma looooonga semana até o próximo episódio. hahaha

      • Fábio "Mexicano" Godoy

        Ah sim, não existe um só personagem masculino relevante, seja da família de alguém ou não. Acredito que seja escolha criativa da diretora. Não tenho do que reclamar, está funcionando muito bem.

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