É bizarro como esse anime melhora da água para o vinho quando o episódio tem um tema, trabalha ele de forma equilibrada entre ambos os núcleos e conta com poucas cenas de ação. A animação do :re é a pior da franquia, mas ela sai boa se é pouco exigida – só assim para a demanda condizer com o investimento. Não sei de você, leitor(a), mas Tokyo Ghoul:re está deixando sua marca no Anime21!

A primeira cena do episódio já introduz o tema a trabalhado nele de maneira bem interessante, pois o que restou para ambos, Akira e Amon, senão os laços que eles têm com as pessoas, senão os laços que eles têm um com o outro?

Agora eles são exilados da sociedade, não tem para onde voltar, mas ao mesmo tempo podem ir a qualquer lugar levando o que possuem de mais importante: seus laços.

Seriam eles a Bela e a Fera do século XXI? Não, mas a Investigadora e o Ghoul – meio, ok – sim!

Os dois ainda devem aparecer no anime, mas é certo que o casal se formou e que eles vão enfrentar as dificuldades de uma relação inter-racial juntos.

Por outro lado, o Rei Kaneki mantém a vontade de proteger todo mundo, o problema é que ele já “falhou” antes. Será que ao colocar responsabilidades demais sobre os próprios ombros ele falhará outra vez?

Só tenho a certeza de que alguém estará lá para apoiá-lo quer ele fracasse ou não, e esse alguém é a “sutil” tsundere, Touka Kirishima.

Essas cenas sempre ficam mais engraçadas em animes e mangás mesmo, não tem jeito.

Dada sua personalidade, a forma de abordar o assunto meio sem jeito fez muito sentido, assim como a resposta do Kaneki, que nunca foi tão direto com seus sentimentos. A conversa evolui bem, não há necessidade de “confissão” para algo que dois adultos não precisam dizer – eles sabem, eles sentem.

Uma interrupção não era bem-vinda, mas, infelizmente, ela veio, e pelas mãos de quem? Da Mutsuki, a personagem que seria boa se houvesse um contexto “adequado” para fazer o que está fazendo.

No mangá há ainda a situação dela ameaçar a Touka com uma mão que supostamente seria da Yoriko – a padeira que casou com o Takeomi –, mas depois foi revelado que ela não foi atacada, – como no anime – a prenderam por uma acusação sem prova alguma. Furuta é arbitrário como a justiça por aí.

“Não virei sociopata por querer, e nem uma personagem ruim também.”

Enfim, a Mutsuki ataca com os ridículos Oggai de bicicletinhas voadoras, se dá mal e essa situação de risco de vida tem apenas uma utilidade: dar ao Kaneki e a Touka uma “sensação de urgência”, de que devem concretizar o amor que sentem – solidificar o laço que os une – ainda enquanto podem.

E é aí que um dos capítulos mais emblemáticos do mangá, o 125, é razoavelmente bem adaptado e, se não entrega a mesma sutileza e intimidade que consegue transmitir nas páginas, compensa com música e um flashback que adornam bem o caminho dos dois até ali.

Esse tipo de cena brega nunca deixa de ter seu charme, né!

A relação que os dois construíram e fez o carinho entre eles existir, e desse carinho fez brotar amor. A erotização desnecessária ficou de fora, o que imperou foi um cuidado com os contrastes desse tipo de interação.

A sutileza do toque – da pele com a pele – e a rudez dos movimentos – do choque entre o desejo de um e do outro. O detalhe que mantiveram e me fez achar todo esse trecho realmente ótimo foi o choro deles, pois, se lembrarmos de tudo pelo que eles passaram para chegar até ali, chorar de felicidade faz todo sentido.

Ambos não tiveram uma vida fácil e foram privados de diversas coisas por estarem mais preocupados em manter suas cabeças acima do pescoço, assim como garantir o mesmo para os seus entes queridos.

Quem não choraria tendo a chace de fazer amor com a pessoa que ama?

Entendo a falta de tato do Kaneki em lidar com uma mulher, assim como a falta de tato da Touka. Entendo os dois serem virgens, não foi um ode a pureza o que o autor quis fazer quanto a isso, foi só que não era incoerente esses personagens não terem essa experiência e é coerente que passem a ter agora que a aproximação deles é o esperado, afinal, eles se amam tanto e estão lutando por um mesmo objetivo.

Duas pessoas só se tornam uma quando se aceitam e se gostam pelo que são, quando se desnudam.

O casamento do Takeomi aconteceu meio que do nada, mas a verdade é que a cena dele na padaria com a Saiko e o Shirazu – #saudadesShiragin – foi o foreshadowing para isso. Por uma coincidência – nem parece que Tokyo é uma cidade gigante, né – do destino há essa ligação dela com a Touka que a levou a ser presa injustamente e colocou o Takeomi em xeque.

Repare que é justo o Takeomi, rival do Urie e pelo qual sentia asco, mas com o qual agora se preocupa e se culpa por não poder ajudar…

O casamento que eu não sabia que precisava, mas acabei adorando mesmo assim.

Isso até leva a ótima cena em que a Saiko age novamente como a pessoa mais sã entre os Quinx, não compactuando com a loucura que virou esse anime.

O Urie retribui seus sentimentos honestamente ao dizer que viraria uma terrorista com ela caso fosse preciso. Com o caso de seu rival isso me parece estar mais perto que nunca, afinal, quem ousar contrariar ou atrapalhar o Furuta deve ser eliminado!

Saiko: “Uri, eu te amo”. Urie: “Vamos virar terroristas”. Saiko:

Nada pode atrapalhar seus planos de criar um boss final super apelão e ser aquele que irá derrotá-lo, uma ação que condiz muito com a história de vida e a personalidade cínica e dissimulada dele.

Furuta é pior que um ator; tendo que fingir, mentir, enganar a tudo e a todos para obter o que deseja, então não é estranho que seu grande plano seja a personificação disso, um retrato fiel da pessoa que ele é.

Lembra do comecinho desse cour do anime? A resposta para seu sucesso já está clara. Contudo, isso será o suficiente para criar Super Peace? Pode ser eficiente, mas duvido que o Kaneki deixe ser eficaz.

Até o Furuta tem a Rize – a matéria-prima dos Oggai – e você aí sozinho… e eu também!

Os dois últimos momentos dignos de nota são a gravidez e o casamento. Fica a dica de que caso você não queira ter filho deve usar camisinha, mas como não é o caso dos nossos heróis, então tudo bem!

O Nishiki – com aquela sensibilidade toda que só ele tem – deu o spoiler mais importante da vida do Kaneki e o Rei foi atrás de sua Rainha para saber de seu príncipe – ou será princesa? – no que seria o conto de fadas mais legal do mundo se não fosse uma trama de “pós-tragédia” urbana.

A gravidez é, sem dúvidas, importante, mas por ora eles têm que se preocupar em sobreviver e mudar o mundo, mas repare como essa foi a consolidação – mais uma – do laço que os une?

Somado a isso tem esse casamento ghoul que não se prende a alianças, documentos ou bens de posse; mas a algo bem mais simples e até adequado para dar ideia de união: uma marca imutável em um corpo que se regenera.

O Kaneki aceitou sua escolha e deixou sua cicatriz na Touka, assim como ela fez com ele.

O que é uma relação sólida senão isso? Uma marca que você deixa em alguém, marca que resiste ao passar do tempo e a tantas outras adversidades que aparecem pela vida.

Não poderia haver maneira melhor de externar um laço construído entre ghouls, nem de levantar o ânimo e a moral na Goat.

Se os humanos não são tão diferentes dos ghouls – como sabemos que não são –, celebrar os motivará a proteger suas vidas e a dos companheiros para que possam sentir essa mesma felicidade no futuro.

Como acho essas vestes mais bonitas no mangá vai aqui uma cena dele colorido.

Kaneki será papai e agora é um homem casado. Sim, a trama progrediu bem rápido, mas isso não foi ruim como poderia ter sido, porque a equipe de produção conseguiu encontrar o equilíbrio entre os momentos.

Enxugou quando podia e foi com mais calma quando era necessário. Ao meu ver o ideal seria uma adaptação mais lenta, mas não vou pedir demais, já fico contente por esse ótimo episódio.

Apesar dos problemas, o anime tem se sobressaído quando foca na história, pois a história é mesmo muito boa. Tem suas falhas, mas consegue entregar uma narrativa que faça sentido e possui carisma.

O que esperar do homem de família que o Kaneki se tornou agora? Que ele lute no próximo episódio.

Também quero ver a explicação para o Ayato estar no subterrâneo do subterrâneo – não que eu não saiba, mas não lembro se isso foi citado no anime – e como vão adaptar esse arco final – pelo qual eu nutro uma relação de amor e ódio.

O futuro do anime é promissor? Não sei. Só sei que meu laço com essa obra é muito forte; como os laços que foram trabalhados na hora certa, antes do derradeiro fim.

Apoiar um ao outro, andar pelo mesmo caminho, dividir uma mesma vida: um laço inquebrável.

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