Godzilla (Live action) – O despertar dos monstros
Godzilla; ou Gojira, como se fala no Japão; é um clássico personagem da cultura japonesa, o monstro gigante – um kaijuu –, participa de filmes faz décadas e seu sucesso e impacto cultural não passariam despercebidos aos americanos, né? Caso você não conheça o clássico filme Ocidental de 98 saiba que não estou aqui para comentá-lo, mas sim um dos mais recentes, o de 2014.
Eventualmente comento esse mais antigo que escancarou as portas do mundo a um personagem tão icônico, mas por ora eu me atentarei a tentativa recente de criar um universo de monstros que parece estar dando certo não só devido a existência desse longa, mas devido as continuações. Uma desse ano, a outra programada para 2020 – e contando com outro kaijuu icônico, o King Kong. Sem mais delongas, GAWOWOWO!!!!
Não acho que preciso dar uma sinopse aqui, né? Imagino que você saiba que Godzilla é uma criatura pré-histórica que se alimenta de radiação e por vezes faz papel de vilão, por vezes faz papel de herói, depende dele estar sozinho ou não causando destruição. Nesse filme isso não poderia ser diferente e os “vilões” da vez são dois monstros, um macho e uma fêmea, que são encontrados por escavadores, se separam e então se reúnem de novo para tentar a procriação.
A justificativa para tudo isso ocorrer nos Estados Unidos é até boa e posso afirmar praticamente o mesmo dos personagens cujo drama se liga ao histórico de destruição provocado por essas criaturas. Não é nada tão bem trabalhado quanto poderia ser, mas é o suficiente para justificar o envolvimento do garoto que virou militar e perdeu os pais nessa confusão.
Outra coisa bacana é que – apesar de não ter tido tanto tempo de tela, pois este fora dividido entre os monstros e as ações do militar e sua família -, o comitê formado para deter essa ameaça pré-histórica age de forma interessante dentro das condições e circunstâncias; não tão boas, pois há pouca informação que ajude a lidar com a situação e os estragos são inevitáveis.
Isso se deve ao pesquisador japonês e a mulher que trabalha com ele, ambos reprisam os papeis na sequência de 2019, mas, principalmente, ao militar no comando da operação que não atua de maneira prepotente ao escutar o lado dos militares e o lado dos especialistas, tentando sempre a ação que, na medida do possível, atenda a ambos.
Um personagem assim é mais realista que aquele que sempre tenta forçar suas convicções sobre as dos outros e acaba gerando mais problemas no processo. Até nesse sentido o filme é bem dinâmico, há várias cenas de destruição; gente correndo, gritando e morrendo; mas se eu não for um sádico sem saber, os problemas retratados nele ainda são de uma menor escala. Tudo parece apenas uma amostra, ao menos se comparado a continuação que assisti e é uma hecatombe!
Mas isso não significa que não existem boas cenas de ação e outras bem tensas, como a do garotinho que quase cai do trem ou do ataque sorrateiro feito na linha férrea. Nisso o filme cumpriu bem o que o público poderia esperar dele, apesar de haver muitas cenas de surpresa e de introdução mesmo – algo compreensível por ser reboot de uma franquia esquecida.
Esse filme cria a base para que a sua sequência seja mais grandiosa, mais variada e, por consequência, interessante. Acho melhor também quanto ao trabalho de personagem feito com os humanos, e até dos humanos com as criaturas. Mas, esta é a resenha do longa de 2014. A do filme de 2019 deve ser publicada no blog só na semana após essa sair.
Enfim, esse não é o tipo de filme com uma baita história sobre a qual refletir. Posso até não estar sendo tão justo, mas esse é o tipo de narrativa que funciona por causa das situações de vida ou morte nela apresentadas. É devido a elas que as pessoas se viram como podem e acabam mostrando outras facetas com as quais jamais se deparariam se não fossem pressionadas para tanto.
Contudo, é ridículo operar grandes efeitos só porque se está contra a parede – pelo menos se não é da alçada do personagem. Felizmente isso não ocorre no filme. Dá para entender o problema ter sido resolvido ao passo que os militares interviram, mas, sem roubar os holofotes do amável Godzilla, afinal, ele que é o dono da festa!
E ele brilhou! Não tanto quanto eu gostaria, mas também não foi tão exigido. Fiquei até com a impressão de que o orçamento não foi tão alto, um elenco não tão badalado e as cenas de ação terem se intensificado apenas no clímax são fatos que praticamente confirmam isso. Mas nem é como se isso fosse um problema, pois os efeitos especiais são de qualidade, e as cenas de destruição também, é só que poderia ter sido melhor.
No final das contas é um filme de médio para bom que se tivesse mais recursos, e o interesse da própria produção, poderia ser melhor, mas como é, não é ruim, já que entrega tudo o que é o básico desse tipo de filme: monstros gigantes se batendo, destruição e dramas de personagens que se ligam intimamente a confusão ocasionada pelos kaijuus, mas que não seria de outra forma visto que momentos assim atingem qualquer pessoa.
O que ocorre é que alguns dos que estão no “olho do furacão” têm um envolvimento pessoal profundo, então dá para entender que o filme retrate isso. Por fim, assista o Godzilla de 2014, nem que seja apenas como aquecimento para a sua bela continuação.
Vi poucos filmes do Godzilla até agora para poder escrever isso, mas eu tenho a forte impressão de que esse não é o pior, mas também não é o melhor, de toda a franquia e, claro, chego a essa opinião contando com a vasta produção japonesa sobre um de seus personagens mais icônicos. Eu já vi um ou outro filme japonês do Gojira, mas isso é papo para outro dia.
Até mais!