O sabor amargo da derrota que faz as vitórias serem mais saborosas. É hora de Major 2nd 2 no Anime21!

Esse fim foi cruel com a Sakura depois das vezes em que ela salvou o time, ao mesmo tempo em que foi o vigor dela que havia levado a Fuurin até ali, não havia como exigir mais nada. Sabendo disso, não há como o telespectador sair inconformado ou insatisfeito, ao menos não tanto, até porque eles foram além do que se esperava, o que serve de ânimo, mas também não deixa um gostinho amargo de que mais um pouco de alguma coisa teria resolvido? É em um misto desses sentimentos que nossos heróis se encontram depois de uma derrota bem sofrida, mas também edificante.

Saindo um pouquinho do palco da derrota, coisa que a própria história optou por fazer, o que vimos foi um pai atencioso com o filho, ele pegou um avião apenas para ver o jovem em um torneio do distrito e não veio com discurso motivacional engrandecedor da derrota ou atenuante desta, mas uma mensagem simples e a sua velha mania de aparecer pouco, mas dizer muito. Goro, e isso é apenas uma impressão de quem ainda nem assistiu ou leu Major, é um personagem que tem uma certa mistica, uma certa aura, em torno de si e é por isso que não consigo não adorar suas aparições pontuais, porque elas agregam a trama de Major 2nd.

Isso faz todo sentido, porque, lembremos da primeira temporada, quem vivia a sombra do pai? Daigo, e não porque o pai dele o tornava alguém complexado, mas porque o garoto puxava o peso para si, se diminuindo e subestimando. Ter esse pai fantástico vendo o seu esforço sem afagar a cabeça e nem criticá-lo torna a experiência dele com o basebol toda bem mais legal, bem mais saudável. Goro reconhece os esforços e a paixão do filho, tanto que se motivou com isso, mas, como todo pai estrela devia fazer, sai de cena; talvez um pouco demais, é verdade; para que o filho tenha a sua própria história, remoa as próprias derrotas, mas também aprecie as próprias vitórias. Genes não tem toda essa relevância na jornada do Daigo no basebol.

E mesmo com esse pai sensível, do seu próprio jeito, era normal que o garoto acusasse o golpe. Quem não descontaria a frustração por uma derrota em alguém ou algo em algum nível? Menos mal que foi em algo, na carga de treinamentos do time, e que objetivava a melhora deste. Porém, havia o alguém a ser afetado pelo excesso, pela falta de equilíbrio, e esse alguém eram os jogadores, inclusive ele, como bem vimos. O desejo de fazer dar certo, de se capacitar, era grande e perdeu de vista outras coisas importantes além do treinamento. Faltou maturidade ao capitão? Faltou, e como não faltaria? Não foi por mal, mas mesmo ele é imperfeito e precisamos ver isso, ele precisa errar…

Não sempre (é claro, né), mas de vez em quando sim, ainda mais após uma experiência em que faz sentido sentir o baque. É essa humanidade dada a um garoto no ginásio (ele tem treze anos, né?) que faz o público curtir acompanhar a história dele. Não existe nada de especial no Daigo que você não possa encontrar nas pessoas (não todas, mas muitas delas) que seguem pelo mesmo caminho que o dele, o do esporte. É um caminho tortuoso, mas por que não recompensante? Que recompensa trabalho duro, mesmo que não seja sempre e nem só isso, através de oportunidade. Eles (o time da Fuurin), terão outra, será que aproveitarão?

Enfim, as cenas mais descontraídas e o dia a dia dos garotos e das garotas no colégio trouxeram “leveza” ao episódio, mas não muito, não quando a discussão do excesso de treinamento logo veio à tona e trouxe ruídos e temores a luz, principalmente da Tao, mas a Mutsuko também sentiu que a vaca estava indo para o brejo. Aliás, tem personagem melhor que ela nesse anime? E não só isso, conversar com o capitão e até alertá-lo sobre seus erros é dever de uma vice-capitã, né, então parece que ela “absorveu” melhor a derrota, tanto que colocou a preocupação com o time acima da frustração que deve ter sentido após o lance final.

Quanto a Yayoi e a Tao, o interessante do caso delas é que a Yayoi meio que deu o braço a torcer e passou a comprar o entusiasmo do Daigo, talvez até pondo a “culpa” nisso para não admitir que é ela quem deseja arremessar e se dedicar mais ao basebol. Do lado da Tao, o que a apavora é a saúde da amiga e também a ideia de perder a juventude se esforçando para nada. A ideia parte do pensamento de que garotas não vão conseguir competir em condição de igualdade, ainda que se esforcem, e ela pensar assim é compreensível para quem atua em um time lotado de garotas, ainda mais após uma derrota. Só que aí ela só está vendo o copo meio vazio, afinal, a Fuurin poderia ter vencido…

O problema é convencer a Tao disso, isso é algo que só deve ser feito no campo, com treinamentos mais equilibrados, mais opções (a nova jogadora vem para isso) para o time e perspectiva de competitividade. O jogo com a Oobi foi isso, mas para ela ter certeza de que seu esforço não vai ser em vão é preciso mais, a Tao precisa acreditar na recompensa do esforço, seu prazer em jogar basebol deve ir além do respeito pelo esforço que seu capitão tem para com o time. Ainda é mais isso, a figura do Daigo ainda canaliza muito a dedicação de todos, mas creio que com a “expansão” da trama essas personagens descobrirão os próprios lugares no basebol, o que os motiva a se entregarem.

A discussão do casalzinho (que um dia vai ser casal sim, tenhamos fé!) foi rápida e elogiei a proatividade da Mutsuko por isso ter demonstrado algo de bacana sobre a personagem; é um sinal de amadurecimento, talvez; mas outra coisa que me chamou a atenção na situação foi a intransigência do Daigo, para mim ela é diretamente proporcional a frustração com a derrota, o que não só mostra o quão inflamado é seu espírito competitivo, como também o quanto ele ainda não é maduro o suficiente para administrar o que sente e o que é melhor para o time. O Daigo até agora mostrou mais virtudes que defeitos, mas ainda tem no que se aperfeiçoar e é devido que seja após “experiências”…

Por isso que perder é bom, porque é quando acuadas que as pessoas demonstram (pelo menos algumas e em alguns casos) suas fragilidades, onde precisam melhorar. O Daigo estava errado em sua cegueira e a ideia de fazê-lo sofrer com o próprio erro foi a forma mais prática e eficaz de fazê-lo mudar de ideia, o que poupou o tempo de todos e acabou é o reconectando ao time, afinal, por mais que ele seja uma liderança e aja como técnico também, ainda assim, ele não está acima de seus companheiros. Todos são jogadores e constroem uma relação bem bacana, sem jogar fora os esforços uns dos outros; em que se reconhecem e dividem um objetivo igual, na mesma equipe e época.

Uma liderança conquistada por imposição hostil não é o mesmo que uma liderança conquistada por meio do respeito, tanto que pode ter sido ouvido por temor em um primeiro momento, mas o Daigo só foi ouvido de verdade pela falta que fez ao time após adoecer e a cena final veio para revelar isso de uma bela forma após admitir que errou. Para mim foi suficiente para esperar mudanças positivas no time e na relação de todos (o atrito entre as garotas no vestiário foi ponto de preocupação, mas só se empurrarem algo com a barriga), aliás, não tem como ser diferente por causa da entrada da irmã da Chisato, que dará mais opções ao time e eu acho que pode ajudar em outras coisas.

Não devem arranjar uma segundanista (é mais velha que a Chisato, né?) de óculos que parece CDF se não for para ela também pôr alguém na linha ou apontar falha no time. Digo, ela deve ajudar mais que apenas como tapa buraco para o Tanba, é a expectativa que tenho, e não é só porque ela vai entrar que tudo ficará as mil maravilhas, mas acho que já é um começo e o melhor possível. Os treinos não devem seguir o ritmo frenético de princípio e as garotas devem se apoiar e incentivar, ainda que fiquem rusgas. Sendo assim, se a Fuurin vai vencer torneios ou não só saberemos no decorrer do anime, e talvez de outra temporada, mas uma coisa garanto, eles estão no caminho certo para fazer jogos que possam ser mais que apenas “bons”.

Até a próxima!

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