[sc:review nota=4]

Pelo menos os Tecidos Reunidos são apenas isso. Tá bom, são mais que isso: são ladrões de calcinhas, sutiãs e cuecas. Não vejo como isso melhore a situação deles (pelo menos não são machistas…?), mas vá lá. Vincularam sua imagem à SOX para ganhar popularidade e parecerem um pouco melhores (a SOX defende um ideal, afinal de contas), e desde o começo a Kajou percebeu que era uma furada ser associada a eles justamente por causa disso. Que pena que só a Kajou pense. O Tanukichi faz tudo o que ela manda e até reconhece de vez em quando que o que fazem tem mérito, mas nunca pensa por conta própria, a Kosuri só quer ver o mundo pegar fogo e a Saotome, justiça lhe seja feita, em alguns momentos até raciocina, mas na maior parte do tempo está ocupada preocupada apenas em desenhar pornografia com a boca. Essa falta de reflexão faz com que a parte mais consistente e saborosa do roteiro se perca no meio de uma gororoba de gosto e consistência indefinida formada por piadas e ataques sexuais.

Acho que nada nesse anime está onde está por acaso, e por isso mesmo que no final da temporada eu queria estar assistindo um desfecho (ainda que provavelmente aberto) para a questão da censura e repressão sexual, e não uma disputa entre grupos terroristas por diferenças de ideal. Claro, esse disputa também carrega significado e eu já o discuti mais de uma vez em artigos anteriores, mas acho que já deu o que tinha que dar. Esse episódio foi claramente um caso de polícia, não de liberdade de expressão ou liberdade sexual. E tirando o Goriki de roupas íntimas femininas (essa piada sozinha mereceu uma estrela pro episódio, foi boa assim), pouco do humor foi aproveitável. Sobre o tema central de Shimoneta, o que a traição da Kosuri acrescenta?

O que aconteceu com o conflito com a Anna? Ela virou apenas uma maníaca pervertida mesmo, e vai continuar assim? O Tanukichi não faz nada, ninguém faz nada, ela continua desse jeito, e boa? E qual a próxima grande ação da SOX? Eu entendo a importância de se descolarem dos Tecidos Reunidos, mas não vejo porque precisem ir tão longe para isso e porque não possam continuar seus assuntos de sempre ao mesmo tempo. Quanto menos a SOX for ativa, mais espaço estarão dando para os Tecidos Reunidos, que já têm a vantagem de ser um grupo bem maior e, aparentemente, de ação descentralizada. A Kajou anda apagada. E o subenredo romântico? Ora, não é só coisa da minha cabeça, já foi dito com todas as palavras dentro do próprio anime que o Tanukichi está afim da Kajou. Se a Kajou me permite a expressão, eles vão ficar nessa de não fode nem sai de cima?

Todo o desenvolvimento dos personagens parou depois que a Anna se tornou yanderê. Não estou dizendo que todo anime precise de enredo elaborado e personagens profundos, mas todo anime precisa de alguma coisa. O que Shimoneta tem a oferecer hoje? Mais piadas da Anna? Mais palavrões e expressões de duplo sentido censuradas da Kajou? Mais piadas do Goriko “apaixonado” pelo Tanukichi? Ok, dessas eu não cansei ainda, pode continuar, hahaha. Mas entendeu o que eu quis dizer, não entendeu? Esse arco dos Tecidos Reunidos veio logo depois de um bom arco e mudou completamente a orientação do anime. Ele pretensamente serviu para fazer o contraponto à SOX, mostrar que liberdade sexual também pode ser ruim quando fora de controle… mas e daí? Abacate vai te fazer mal se você comer demais, e nem por isso faz sentido em uma campanha pró-abacate dizer “mas olha, não coma dez abacates de uma vez só, não coma o caroço nem arremesse-o na cabeça do amiguinho, tá?”. O que quero dizer é: não é realmente necessário dizer que a liberdade sexual só é boa desde que não se roube calcinhas.

Estou sinceramente decepcionado com o rumo de Shimoneta e não acredito que o anime vá melhorar muito daqui para o fim. Teve bons momentos, boas piadas, e uma boa mensagem, isso é inegável e ninguém vai tirar isso de Shimoneta, mas está sofrendo com um desenvolvimento melancólico. É como se os Tecidos Reunidos tivessem roubado a calcinha metafórica da criatividade da equipe do anime e eles agora estão constrangidos murmurando de forma inaudível para olharmos para o outro lado enquanto tentam se cobrir com as mãos.

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