Black Clover – ep 2 – Essa é a minha magia
Confesso que não gostei tanto assim desse segundo episódio de Black Clover. Acho que estruturalmente a direção fez a pior escolha possível para esse tipo de obra, pois adaptar em dois episódios de anime um capítulo de mangá que ficaria melhor em um só deixou esse segundo episódio arrastado e fez com que o momento final tivesse menos impacto do que o necessário. O que é extremamente importante para esse tipo de anime: momentos emocionantes com ação e drama pungentes que façam o público se afeiçoar à obra mesmo com toda a sua simplicidade e falta de originalidade.
A comparação com Boku no Hero aqui é inevitável, porque enquanto Boku no Hero conseguiu entregar um final de apresentação geral com um momento impactante visualmente e narrativamente falando, Black Clover tenta fazer o mesmo, só que as custas de momentos que poderiam ter sido condensados em um único episódio e assim atrairiam o público logo de cara.
O episódio já começou mal ao passar mais de 3 minutos praticamente só repetindo a cena final do anterior, quebrando qualquer clima de urgência de outrora e depois disso colocando um flashback longo e arrastado que, por mais que fosse necessário para entendermos a ligação entre os garotos e a promessa deles, bagunçou o ritmo do anime e fez com que no final só acontecesse uma coisa relevante no episódio todo, que foi o Asta mandar o cara pelos ares. Uma “boa” cena de ação que foi tão curta e simples que não empolgou e ainda não fez o anime emplacar como um battle shounen.
Aliás, o desejo do Asta de se tornar o Rei Mago, a promessa com o Yuno e a amizade e rivalidade entre os dois é algo clichê que vocês já devem ter visto em vários outros animes. É ruim? Não necessariamente, apenas não carece de muitos comentários acerca disso. Foi um momento bonito o da promessa, gosto do fato do Yuno ter parado de chorar e ter se tornado uma pessoa mais centrada e forte a partir daquele dia, e acho que a amizade deles é boa e a rivalidade saudável. Não tenho nada a reclamar sobre a relação dos dois, apenas digo que espero que a dinâmica entre eles continue boa e até melhore, porque ao menos isso pode ser um ponto positivo da obra – que o Yuno não vire um Sasuke da vida, nada contra ele, mas isso seria um saco de ver acontecendo em Black Clover.
De resto sobre a história em si não há muito o que falar, porque, tirando os flashbacks que mostraram a infância dos dois, a história praticamente não avançou nesse episódio. Passaram-se o quê? Cinco minutos? Espero que com o tempo o anime vá explicando esse poder do Asta, o que significa ele anular magia como o cara das correntes falou que ele fazia, e que os novos personagens que estão por vir ajudem a melhorar a obra no sentido de torná-la mais divertida de se assistir.
Falando em novos personagens, a abertura na qual eles apareceram me agradou ao mesmo tempo em que me decepcionou um pouco. A música dela é ótima, mas acho que as cenas foram cômodas demais, poderiam ter preparado algo mais chamativo, o que até ajudaria a “vender melhor o produto”. O encerramento focado nos dois protagonistas – sei que o Yuno seria o antagonista aqui, mas ele não é um inimigo do Asta e nem é hostil com ele, então não tenho como considerá-lo antagonista de forma alguma – tem uma ótima música e é bonito, mas fico pensando que muitas pessoas vão ter uma ideia errada sobre isso – será que vão shippar muito os dois? –, o que pode gerar ainda mais rage idiota de gente que às vezes nem vê o anime, mas arranja motivo para falar mal só porque gosta de falar mal das coisas.
Vou aproveitar o momento para deixar meu rage pessoal para esse tipo de gente: se você não gosta e acha o anime ou o mangá algo genérico e ruim, não perca seu tempo com ele e vá ver e ler coisas que o agradam – isso é bem mais produtivo. Agora se acompanha a obra e tem críticas construtivas e coerentes para fazer – como as que estou tentando fazer aqui –, faça sem perder as estribeiras, por favor. O mundo precisa de mais amor e não de treta! Não se esqueçam que animes para começo de conversa são desenhos animados com o intuito de divertir quem os vê – sejam crianças ou adultos –, se o cara vê algo genérico e medíocre, mas que o diverte e faz seu dia mais feliz deixe ele de lado e faça o mesmo com o que você gosta. Não alimente coisas negativas, procure pôr felicidade nesse kokoro.
Por fim, só posso dizer que temo pelo sucesso desse anime – digo isso porque apesar dos problemas que a obra tem eu leio o mangá, acho ele divertido e gostaria que o anime vingasse –, pois a equipe de produção vai ter que se esforçar muito para melhorar a impressão mais ou menos que essa introdução deixou na cabeça de quem a viu. Black Clover ainda tem 11 episódios – parece que o anime só terá 13 mesmo – para mostrar o seu valor e porque merece ser renovado para uma segunda temporada como seu senpai Boku no Hero foi. Black Clover conseguirá seu lugar ao sol ou fracassará e será lembrado apenas como um “Naruto com magia”? Isso só o tempo irá dizer!
P.S.: fiquei pensando que a história do Rei Mago ter derrotado um demônio e isso ter meio que gerado a criação do Reino de Clover pode ter algo a ver com o Grimório do protagonista, esse que tem dentro de si um demônio. Será que o Asta obteve o poder de um grande mal? Será que isso o fará perigoso e o transformará em um inimigo do Reino? Esses são questionamentos válidos e que se confirmados podem ser ligados a origem misteriosa dos garotos – afinal ambos são aparentemente órfãos, ninguém sabe de onde eles vieram, e o Yuno tinha aquele pingente com ele e grande afinidade para magia enquanto o Asta não tem nenhuma – para criar um plot maior e mais complexo que envolva eles, o Reino e a magia em si – ou o que a anula. Okay, eu devo estar viajando, mas não custa nada sonhar, né! Só espero que um dia as minhas perguntas sejam respondidas e que o anime “sobreviva” até lá para respondê-las.