Ballroom e Youkoso – ep 16 – Quatro Pernas e Problemas

Se eu dissesse que adaptaram praticamente cinco capítulos do mangá de Ballroom nesse episódio vocês acreditariam? Sim, foi isso o que aconteceu e, ao meu ver, prejudicou um pouco o anime, apesar de eu ter gostado do episódio, e falarei agora ao ritmo dançante da crítica porque achei isso!
- Quando a galera vai pro mesmo rolê…
- …mas ninguém avisa nada…
- …e todo mundo se encontra kkk…
Essa primeira parte do episódio serviu não só para estabelecer de vez a dinâmica de rivais do arco – afinal, já é a segunda vez que os três pares se cruzam no mesmo torneio, e vocês duvidam que tenha uma terceira? rs – como também para explorar um dos momentos mais marcantes na minha leitura do mangá: as quatro pernas, um momento com um simbolismo visual peculiar e impactante.
Aliás, um dos pontos fortes do mangá, que está sendo bem aproveitado pelo anime, são esses simbolismos visuais que intencionam provocar uma imersão do público naquilo que quer ser expressado. O desse episódio foi bem-sucedido não só pelo apelo visual, mas também pelos questionamentos do protagonista sobre o que de estranho aconteceu com ele e a sua parceira.
A Chi-chan ter brigado com o Tatara por ter sido “dominada” por ele naquele momento condiz com sua personalidade e, de certa forma, infere que aquilo foi algo incomum e não deve acontecer de novo – ao menos não de maneira premeditada. Seguinte a isso há o pedido de desculpas a Marisa-sensei e a viagem, o que é legal como “mudança de ares” – o anime era quase o tempo todo só estúdio e competição – e cai no bom e velho clichê de animes de esporte: o arco de treinamento.
Nada contra isso, muito pelo contrário, pois esse momento de treinamento é vital para o novo objetivo definido para a dupla: vencer o Torneio Metropolitano de Dança Padrão de Tokyo. O problema é que tudo aconteceu de forma muito rápida. Dois episódios atrás eles dançavam competitivamente pela primeira vez e agora já estão querendo ser campeões? Como disse no início, foram 5 capítulos em um episódio, o que ficaria melhor em dois até pelo que vou comentar a seguir.
Primeiro, sei que é errado julgar o anime com o “mangá debaixo do braço”, mas posso dizer que mesmo se não tivesse lido acharia esse episódio rushado, pois muita coisa aconteceu nele, coisa importante inclusive, mas tudo pareceu um pouco superficial demais, um pouco rápido demais.
Pelo que lembro do mangá, daria para fazer dois episódios com esse mesmo material e assim explorar mais a relação conturbada do Tatara e da Chi-chan tanto durante o Grand Prix quando durante o acampamento em si. Me desconectando do mangá e pensando só no anime, senti falta disso, senti falta de momentos que reforçassem o fato de eles não se darem bem. “Não digam, mostrem”, e acho que não mostraram o suficiente. Ainda assim dá para “comprar a ideia”, é verdade, mas eu me convenceria mais de que eles não se entendem se isso tivesse sido mostrado por mais tempo na tela.
Além disso, e sendo agora um purista do mangá mesmo, houve um momento em particular que tinha um significado especial no mangá e que nesse episódio passou batido. Entendo que é uma adaptação e coisas podem ser cortadas e devem ser. Mas se forem coisas que demonstram a profundidade das relações entre os personagens, será que não valia a pena ter mantido? Pode ser besteira, eu sei, mas achei mancada da produção. Acho que acertaram em cheio no momento das quatro pernas e erraram nesse outro. Uma pena, mas não descontarei pontos do episódio por isso.
Se quiserem saber de qual momento estou falando vou falar qual é bem aqui:
Pelo menos essa segunda parte do episódio foi mais interessante que a primeira, por ter trazido de volta os personagens clássicos – Shizuku, Mako, Kiyoharu e Gajou – incluído os novos – Marisa, Idogawa e Kugimiya –, mostrado que o que o Tatara sentiu com as quatro pernas era algo comum aos dançarinos – e que ele só não sabia disso por falta de experiência – e definido um objetivo difícil para a dupla principal e ainda assim mais palpável que enfrentar duplas como Kiyoharu-Shizuku. É praticamente certo que o anime acabará nesse torneio, então chegar a 2/3 dele com o cenário, os adversários e o objetivo a ser alcançado definidos me parece uma boa.
Só fico curioso para ver se, daqui em diante, vão dançar um passo rápido ou um foxtrot lento com essa adaptação…
Por fim, tenho que falar que achei bom a animação ter dado uma melhorada, serviu até para compensar um pouco o tanto de coisa que aconteceu durante o episódio e não foi tão bem esmiuçada. A título de curiosidade, o que o Kugimiya vê ao dançar – aqueles vultos escuros – são pelos pubianos. É sério! Ao meu ver, isso mostra que ele tem uma personalidade arisca e egocêntrica, mas que ainda precisa ser melhor desenvolvida para se comentar mais a respeito.
Só queria comentar mais uma vez como gostei do momento das quatro pernas, é sério! Foi interessante ver a perplexidade do Tatara em meio a essa nova sensação. Uma sensação invisível – tal qual a do título da abertura, essa que acho que se refere a química entre ele e a Chinatsu – que, contudo, ele sentiu vividamente; de corpo, alma e coração.
Acho lindo como a dança é uma prática tanto esportiva quanto artística e creio ser esse um dos motivos que me fizeram gostar tanto dessa história. É fantástico deixar seu corpo se expressar por você e atingir uma conexão profunda e especial com o outro sem precisar trocar uma palavra sequer.
Fico por aqui e espero que estejam animados para o terceiro e último ato do anime. Eu estou, e, se vocês também estiverem, peguem na minha mão e se deixem levar ao som da genuína dança de salão.