Esse episódio me agradou bastante porque conseguiu falar sério enquanto fazia piada com praticamente tudo e não precisou apelar para o drama para passar uma mensagem bacana, além de ter tido um desfecho satisfatório e coerente. Vamos a “Ler esse artigo é tudo o que você precisa”!

“Esse é o meu jeito editor de ser.” Lispector, Kenjirou-san.

A primeira coisa que pensei sobre a primeira parte desse episódio foi em como o mercado editorial de light novels parece diferente do mercado de mangás e do que deve ser o mercado de livros comuns, já que normalmente não há lançamento semanal ou mensal de capítulos da obra, ao mesmo tempo em que uma série tem vários livros a ser publicados e é costume sair 2 ou mais por ano. Sendo assim, prazos rígidos tem que ser respeitados para não atrapalhar toda uma cadeia de procedimentos que se fazem necessários para publicar uma novel e ver que há autores que procrastinam e atrasam os prazos enquanto outros são pontuais, faz sentido dentro do que se espera da natureza humana – uns sempre deixam para a última hora, outros são pontuais até demais.

E o que isso implica nesse anime? Que o autor excêntrico louco por imoutos e que costuma ser bem emotivo – e às vezes nada objetivo – se atrasou completamente com o prazo final, o que rendeu a comédia do editor stalker que não se importaria em cometer um crime contanto que seu autor fizesse o serviço. Usar aquela trilha sonora – que podia ser séria se não fosse cômica – nesses momentos ajudou a tornar tudo mais divertido e acredito que tenha funcionado bem, acabando com o Itsuki sendo trancafiado. Acredito que ele ter problemas com prazos faz sentido de acordo com a sua personalidade e acho que o trabalho do anime em mostrar isso está sendo muito bem feito.

Shingeki no Obaa-chan! Quando velhas gigantes encurralaram a humanidade!

Em contraposição, temos o Haruto que respeita os prazos – se duvidar entrega até mais cedo – e não parece dar trabalho para a editora, o que com certeza o ajuda a ter uma boa recepção interna; e talvez signifique que a sua história careça de originalidade e profundidade em comparação a do Itsuki, e ele compensa isso com profissionalismo? Não sei, mas o fato é que isso deve ter contribuído para o seu sucesso, já que agora após o décimo terceiro volume sua obra vai ganhar anime. Só que sabemos que ele também é bem excêntrico que nem o Itsuki, a diferença é que ele é todo certinho quando o assunto é trabalho em comparação ao seu amigo e rival – o que também foi bem mostrado até aqui.

É legal ver como esses dois personagens são como a água e o vinho e, ainda assim, se consideram rivais, não necessariamente se preocupando em ganhar em vendas, mas talvez no impacto que causam em seus fãs – os chocolates do episódio passado exemplificam bem isso – e no que eles trazem de interessante para a indústria – não duvido o anime da obra do Haruto ter só uns 12 episódios e servir apenas como propaganda para a light novel, o que no final não deixaria uma grande marca da sua obra para com o grande público. Isso é até algo que o Haruto questiona no segundo episódio, pois vemos que as pessoas criticam a sua história e a chamam de genérica enquanto a do Itsuki pode não ser um grande sucesso e nem inovadora, mas não é o tipo de coisa mais comum que tem por aí também – apesar do sucesso das novels de imouto nos últimos anos.

Quem são Naruto e Sasuke perto desses mitos, hein?!

O que quero dizer com tudo isso é que apenas em cinco episódios esse anime cheio de piadas e personagens excêntricos conseguiu demonstrar profundidade e verossimilhança com o que se espera do mercado de light novels e da vida de um escritor delas sem necessariamente apelar para artifícios dramáticos pungentes. O grande mérito aqui é entender a forma e abraçá-la, sem, contudo, esquecer que tem que haver conteúdo, mas sabendo dosa-lo para que se integre bem ao que se quer mostrar na tela. Quando você vê coisas que geralmente não agregam nada em um anime – como piadas bobas e fanservice – serem necessárias para contar a história é porque deve haver algo de bom ali!

Voltando aos personagens e seus dramas, a sacada de usar as experiências divertidas do Itsuki com seus amigos e as suas dificuldades como escritor para escrever um clímax para o volume foi excelente, tanto por ele ter posto a sua experiência de vida diretamente no seu trabalho, quanto por ter mostrado que muitas vezes a melhor inspiração para um autor já está nele e ele só precisa se dar conta disso. Mostrar processos criativos e até gambiarras – se pôr meio que no lugar do seu protagonista naquela hora foi um pouco disso – de um autor faz parte do tema do anime e conciliar isso com a situação de extremo estresse do fim do prazo e com a rivalidade saudável entre autores faz certo sentido e dá um bom tempero a história – atuando até como um mini clímax.

Outra coisa que adorei foi terem deixado a abertura para depois de resolver a situação, pois passou uma ideia de que com o novo volume o episódio estava começando agora e o que tinha passado antes foram os “bastidores” da sua produção. O leitor pega apenas o produto final em mãos e não faz ideia do que aconteceu para aquele livro chegar até ele. Traduzir essa sensação em uma forma que se equilibrou satisfatoriamente com o conteúdo foi uma bola dentro da produção do anime.

Não sei se vocês perceberam, mas quando o Itsuki falava do que queria fazer após terminar de escrever – o que serviu de inspiração para sua própria escrita e rendeu um ótimo momento – tem uma hora em que ele fala que queria ver a Kanikou – a Nayuta – de novo e depois o protagonista da história dele fala que quer ver a irmã. Até onde lembro na história o Sieg gostada da Hilde, então se juntarmos dois mais dois…. Resumindo, ele gosta da Nayuta sim, só não aceita o seu amor porque não acha que está à altura dela. É no que eu acredito e espero que até o fim do anime isso seja novamente abordado e se duvidar ele pare de ver problema onde não tem e aceite o amor da garota.

Por fim, há a ligação do editor e a notícia de que vão fazer um mangá de Mahogaku, o que pela minha experiência de acompanhar animes e mangás é uma ótima notícia e pode significar que um anime está próximo. Quem sabe o anime não acaba com a light novel do Itsuki ganhando um anime? Ah, essa metalinguagem que eu adoro kkk…. Digo isso porque é comum light novels que ganharam anime terem tido mangás lançados um pouco antes dele, o que acredito que se deve à tentativa de ganhar um pouco mais dinheiro com a obra, expandir o seu número de fãs e sondar o público para ver se a recepção a uma adaptação em anime seria boa. Vendo que a obra do Itsuki só tem cinco volumes até agora faz ainda mais sentido pensar assim já que é mais ou menos a partir desse número que adaptações começam a serem feitas. Agora para nós que vemos o anime só nos resta torcer para que isso ocorra e esperar que o próximo episódio, que deve tratar das diferenças de trabalho em uma obra de acordo com a sua mídia, consiga manter a qualidade apresentada até aqui.

Por hoje é só! Espero que também tenham gostado do episódio, que comentem caso queiram falar alguma coisa sobre ele e que estejam se divertindo com essa ótima adaptação de light novel para anime.

Até o próximo episódio de “Um anime divertido e sério desses é tudo o que você precisa”!

“Decidiram te dar uma imouto de verdade.” Essa é a legenda que a TV não mostra!

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