Mahou Tsukai no Yome – ep 22 – Do passado pelo presente e ao futuro
Esse episódio se preocupou em mostrar um pouco melhor o passado da adorável Chise, o que não me preocupou quanto ao futuro do anime, mas acho que poderia ter sido mais bem feito e ficou um pouquinho aquém dos anteriores, contudo, ainda longe de me fazer não o achar muito bom. Do passado a Chise se reafirma no presente rumo a um futuro em que os seus problemas se resolverão?
Joseph não disse com todas as letras, mas se ele quer a maldição da Chise dando em troca a sua, porque ele deve usá-la para ceifar a sua vida amaldiçoada ao mesmo tempo em que salva a da garota e a faz cair em um desespero que já é velho conhecido seu. Ele a odeia, então aproveitar a situação para torturá-la ao arrancar o olho esquerdo dela com as próprias mãos e fazê-la entrar de cabeça nas profundezas de seu passado – ora feliz ora penoso – é a forma “carinhosa” dele de expressar isso.
A cena em que o olho da garota é arrancado e depois trocado pelo dele foi rápida e passou longe de causar o desdém que poderia, o que, sinceramente, me agradou muito, pois em que faria bem ao telespectador ver uma heroína tão amável e sofrida passar por mais esse agrave? Mais tarde nesse episódio há uma cena em que esse “impacto” é maior – mesmo que também não incomode tanto.
Após fazer mais um de seus inúmeros experimentos, Joseph confirma que seu corpo não deve rejeitar o “transplante” de braço amaldiçoado da Chise e a mergulha em um “sonho” profundo e doloroso no qual a garota relembrou alguns dos momentos que passou com a sua família, desde a época em que a criança compartilhava de um lar alegre e gentil com seus entes queridos até a hora em que seu pai sumiu com seu irmãozinho, deixando-a sozinha com a sua mãe e o desespero que viria a degradá-la.
Desde que foi citado na história que o pai dela tinha sumido com o irmão, e a mãe havia se suicidado após tentar matá-la, uma coisa que não saiu da minha cabeça é que tal passado trágico deveria ter relação com a magia, pois seus pais também faziam parte do mesmo mundo, que era o inferno, e se tornou a salvação para a garota. Onde será que seu pai e seu irmão se encontram agora? Será que estão vivos? Por que eles sumiram naquela noite sem deixar rastros? Essas são respostas que devem ser respondidas na obra em algum momento, mas talvez não nesse anime. O importante agora é que esse momento em que a Chise nos “convida” para conhecer um pouco melhor o seu passado e as circunstâncias que a levaram à companhia do Elias era, de certa forma, necessário e foi entregue em uma hora deverás oportuna. Afinal, agora ela pôde olhar para o passado e a partir dele moldar sua convicção no presente afim de lutar – como ela sempre faz – com todas as forças pelo seu futuro.
Esse é o episódio em que a Chise deveria ter “quebrado”, porém, a gente já está cansado de saber o quanto essa menina é incrível, e ao aceitar o seu passado trágico, com tudo o que tinha de bom antes de se tornar trágico e com tudo o que teve de ruim após isso, ela finalmente conseguiu entender que aquele era o seu lugar no mundo, entender que depois de ter vivido tantas experiências fantásticas e únicas com tantas pessoas diferentes e que se tornaram importantes para ela, a força da qual ela precisava para prosseguir já estava dentro e foi com essa mesma força que ela acordou e conseguiu confrontar o seu “carrasco”, saindo de seu papel “passivo” para mudar efetivamente essa história.
Como pontos, de certa forma, negativos desse episódio, posso pontuar a parte técnica que decaiu um pouco em comparação aos primeiros, mas ainda mantendo uma consistência que impede problemas que saltariam aos olhos – sendo mais perceptível a redução de detalhamento em algumas das cenas. Na verdade, está assim já há alguns episódios, mas, como disse, ainda está mantendo um bom nível.
Outro ponto que não me agradou tanto – mas como o anterior em nada “estragou” a experiência de ver o episódio – foi o fato de que pouca informação nova e útil foi acrescentada com esse momento – nada que desse uma boa pista sobre o desaparecimento do pai e do filho, por exemplo. No máximo que seres mágicos estavam direta ou indiretamente envolvidos nisso e na deterioração mental da mãe, mas isso é até óbvio e em nada acrescentou para tornar o momento relevante além do que diz respeito a Chise no âmbito pessoal – o que foi sim importante, mas acho que poderia ter sido mais.
A cena em que ela diz que não perdoa a mãe, mas segue em frente – até porque se não fosse assim provavelmente não conheceria o Elias e com certeza não seria a pessoa que é hoje –, é muito bonita e não apela para diálogos previsíveis ou clichês, mantendo o roteiro com personalidade – o que é uma marca do anime. A cena da tentativa de assassinato da mãe da Chise para com ela já foi mais impactante e desagradável – como deveria ser – que a do olho, mas felizmente não foi explorada em demasia e a reação da mãe em se suicidar após isso me pareceu tanto por arrependimento pelo que fez quanto por estar cansada de viver aquela vida difícil sem apoio e sem estrutura para criar uma criança sozinha, trabalhar e ainda ter que lidar com as inconveniências de estar envolvida com magia.
Não diria que isso justifica o que ela fez, ela foi fraca e desabou quando mais precisava ser forte, mas se estivesse na situação da Chise acredito que perdoaria a minha mãe e desejaria que ela não se suicidasse. Porém, a Chise entende que não adianta “chorar pelo leite derramado” e segue em frente, agora se erguendo contra seu sequestrador afim de tentar entendê-lo e acredito que também de salvá-lo enquanto se salva no processo; ou alguém ainda duvida que a Chise vai tentar fazer isso?
O último ponto que não me agradou tanto foi que alguns momentos do passado da Chise foram um tanto quanto “secos”, um tanto quanto aquém do que poderiam. Acho que o drama poderia ter sido mais explorado, o que talvez não fosse necessário já que se tratava de só um episódio e a intenção não era de levar o telespectador às lágrimas e sim de mostrar que tudo aquilo fazia parte do que a garota se tornou – sendo essencial para isso –, mas acho que ainda assim poderia ter resultado em um episódio melhor, mais pungente como foi o episódio 14, por exemplo.
Como último elogio, digo que muito me agradaram os diálogos dela com a Criatura e, como indica a prévia, no próximo episódio devemos conhecer melhor as circunstâncias do Cartaphilus e do Joseph. Então, até o próximo artigo!