Koi wa Ameagari no You ni – ep 11 – Você vai voar ou só olhará para o céu, Tachibana?
Diferente do que eu esperava, esse episódio não foi exatamente um pré-clímax, contudo, trabalhou muito bem o que era necessário para alinhar ainda mais tanto a resolução da situação da amizade da Tachibana com a Haruka, quanto as reflexões do Gerente sobre sua vida com algo importantíssimo para a protagonista no momento: a sua decisão de se manter perseguindo sua paixão ou retomar sua vida antiga no clube de corrida. Será que ela chegará à conclusão de que um não necessariamente exclui o outro, de que talvez dê para conciliar os dois? Enfim, vamos ver o que o anime nos entregou!
Eu pensava que o ponto alto desse episódio seria a reconciliação da Tachibana com sua amiga, mas não focar exatamente nisso e sim em algo que está atrelado a isso e é ainda mais importante para ela, dada a situação em que se encontra, foi uma escolha inteligente, pois, no fim das contas, mesmo o que não tem relação direta com ela – o plot envolvendo o Kondou e o seu sonho –, se faz importante no que se trata da resolução dos problemas da garota. Como já apontado anteriormente, ela agora está curada da sua lesão e pode fazer fisioterapia para voltar a correr como antigamente, porém, o que ela faz é justamente o contrário. Ela deseja passar ainda mais tempo trabalhando com o Gerente e pegar mais turnos é uma comprovação clara disso, de como ela parece querer fugir daquilo que ela gostava – correr no clube de corrida –, mas a faz sentir aversão por poder atrapalhar seu novo sonho.
Já ficou claro que a Tachibana ainda adorar correr, então o ato em si não é problema e sim no que a volta à prática desse ato pode implicar para ela, que seria menos tempo para tentar conquistar o coração do homem de meia-idade pelo qual ela está apaixonada. A Haruka notou esse sentimento, contudo, suas ações não parecem exatamente reprobatórias, mas sim motivadas pela vontade que ela tem de se manter próxima a amiga, de compartilhar novamente com ela sua paixão em comum.
Como bem dito pelo Kondou no penúltimo episódio, elas se afastarem não quer dizer que deixarão de ser amigas, mas isso não é tão fácil de entender para um jovem – falo aqui da Haruka – que se sente angustiada por achar que perderá uma amiga tão próxima pela qual nutre uma forte amizade quando a verdade é que as pessoas mudam e a sua amiga mudou e, independentemente de que caminho a história irá seguir, não voltará a ser exatamente a mesma Tachibana de tempos atrás.
Talvez ela até entenda isso e deseje que a Tachibana volte a correr por saber que ela ainda ama fazer isso e que é possível sim que se construa algo de novo e bom no ambiente do clube de corrida delas, sem esquecer das alegrias do passado e dos possíveis infortúnios que podem retornar no futuro, mas para que isso ocorra de fato – para que ela “recupere” sua amizade e reacenda essa “chama” nela –, colocar a Tachibana contra a parede não é exatamente a forma mais eficaz de fazer isso, e é aí que entra a importância do Kondou ter sido aprofundado e de a história de vida dele, assim como seus atos no presente, se conectar em pontos sensíveis ao momento pelo qual a Tachibana está passando.
Antes de falar mais dos últimos momentos desse episódio – os quais englobam bem o drama atual da Tachibana, que é o que deve ser resolvido como clímax do anime –, é de suma importância comentar a conversa do Kondou com seu amigo Chihiro e para isso tentarei lançar mão de uma experiência pessoal que creio se assemelhar muito ao que ele sente e pelo que está passando agora, que não tem mais muitas esperanças de realizar seu sonho. Ainda sou relativamente jovem em comparação ao Kondou e não creio que já cheguei ao “fim da linha”, mas me identifico com o que ele sente ante a seu eu universitário, um sentimento de que escrever para ele agora não é o mesmo que escrever era em sua juventude, que com isso só desapontaria seu eu de outrora. No meu caso, há cerca de dez anos me apaixonei pela literatura e passei uns bons anos lendo avidamente e, a partir daí, comecei a escrever poemas, mas hoje em dia me sinto praticamente incapaz de escrever, como se por temer decepcionar meu eu garoto aspirante a poeta, um amante das letras.
Em comparação a situação do Kondou o meu caso pode ser considerado apenas um universo reduzido, mas, apesar disso, meu sentimento não é muito diferente do dele, só que o que eu ainda tenho, e ele não, é juventude e mais chances para realizar meus sonhos – sim, assim como ele, sonho em me tornar escritor, em me casar com as letras –, enquanto para ele “voar” é algo que beira o inalcançável. É a partir daí que o Gerente vê o que a Tachibana está fazendo e se dá conta de que há algo de muito errado ali – de que a analogia da andorinha também pode ser usada para com ela.
Nesse caso, a Tachibana desistiu de correr no clube, apenas torcendo de longe enquanto se distancia mais e mais da corrida e das pessoas desse mundo até um ponto em que ficará completamente para trás e encontrará a felicidade por onde ficou. É uma analogia a andorinha, que encaixa perfeitamente por ela estar tentando fazer exatamente isso, a felicidade que ela diz ser possível de se encontrar ao se ficar para trás para ela é o mesmo que desistir de correr e se dedicar a realização desse amor, um amor tido como impossível e que pode muito machucá-la se ela o continuar tratando com obsessão.
Mesmo que ainda não posto em palavras, fica claro que o Kondou está percebendo isso, que a devoção que ela tem a esse sentimento pode ser prejudicial, que ela também tem que viver além disso e fazer outras coisas que não só se agarrar a um amor incerto que pode não dar frutos. A cena em que ele espia a breve conversa entre a Tachibana e a Haruka é uma forma de ligar isso, dois polos da história que convergem, ambos preocupados com a Tachibana, ambos querendo ajudá-la a talvez perceber que é sim possível conciliar as duas coisas ou que se isso não for o que impede a Tachibana de voltar a correr, fazê-la perceber que renunciar, de certa forma, a sua juventude por um amor que provavelmente não será possível não é a melhor forma de se viver a vida, que isso só deve machucá-la, como muito machucou o Kondou em sua obsessão de uma vida dedicada a palavras que não envenenaram ninguém – veneno que hoje em dia o corrói e o embriaga em lamentações e nostalgia.
Aliás, literatura não ser a ajuda e sim o veneno foi uma bela sacada, uma forma bastante peculiar de enxergá-la e que demonstra bem a autenticidade da autora em escrever sua história de forma simples, gradativa, organizada e coerente; com um roteiro muito bom que apoiado por uma excelente produção é capaz de extrair o melhor de uma obra que tinha um grande potencial e nada decepcionou em sua adaptação. Outro ponto digno de elogio é a forma como a trama foi trabalhada, em um primeiro momento focando principalmente na Tachibana para que o público pudesse se afeiçoar à personagem, para depois ir trabalhando a Haruka e o Kondou a fim de que se tornassem interessantes como personagens – muito mais o Kondou nesse sentido – sem esquecer de fazer com que suas histórias, reflexões e atitudes fossem úteis e/ou necessárias para a história da protagonista.
O que esperar do derradeiro episódio do anime? Que Kondou e Haruka ajudem a Tachibana a ver a situação de forma diferente para ela não se jogar de cabeça em um precipício sem fim aparente. Em um anime de romance, no final o romance em si, o excesso em sua busca, é o grande problema, o grande “vilão”, já que em Koi wa Ameagari no You ni o mais importante não é, ao menos não ainda, fazer possível um amor considerado impossível, mas sim nos mostrar o quão gratificante e positiva pode ser a troca de experiências entre esses personagens e como isso não pode e nem deve ser “maculado” por uma paixão adolescente que mesmo contida e aparentemente saudável só está esperando para sair dos eixos e afetar negativamente a vida da pessoa com esse sentimento. Creio que não chegará a tanto e uma boa resolução para o problema que se apresentou nessa reta final será obtida nesse último episódio, contudo, a história não deve acabar aí, mas se o resto do mangá será adaptado ou não, só o tempo dirá. Me despeço já com saudades do anime. Até mais!
James Mays
Bem Ollááá Peoples!!!
O que falar deste ep.!!! Foi denso o Kakeru17 já matou tudo cobriu todos os flancos não tem mais o que falar…
Mas um cara que temos aplaudir…É o Chihiro…Nos dialogos com o Kondousan ele quis dizer “olha essa vida é efêmera numa hora vc acerta o publico noutra vc vira o excremento da mosca em cima do excremento do cavalo do bandido…Literatura não é para divertir é para envenenar!!!” é que ele ainda é um romântico ele ainda tem aquela verve da juventude de universitário, ele sabe que o mundo apronta essas armadilhas fáceis da fama literária…Mas no dia seguinte vem a ressaca…E temos o paralelo inteligentissimo com a Akira e a Haruka (fia o capitão do time de futebol tem um crush por vc e ainda não percebeu…), fantastico!
Peoples! Este É o melhor anime da temporada!!!
E fica um abraço pro Kakeru17 pelo excelente (top fucking galaxies!!) por abraçar esse anime que muita gente não dava um ai…VIVA!!!!
Kakeru17
O anime está excelente mesmo e o Chihiro foi uma ótima adição ao elenco. Só não falei mais dos excelentes diálogos dos dois porque quis dar mais foco a situação da Tachibana no artigo, mas comparar a literatura a um veneno foi genial, além dele comentar como a acomodação que a literatura proporciona sobre a máscara do entretenimento ser perigosa para o escritor foi muito boa para mostrar um ponto de vista pertinente em uma história com personagens tão ligados a literatura.
Koi wa Ameagari no You ni é um trabalho de arte genuíno e marcante, só nos resta agora esperar ansiosos pelo último episódio e correr para o mangá depois disso!
issei gentil
Torço muito pela concretização do romance entre masami e tachibana-chan, que eles façam sexo e se casem.