O plano de Reinhard de atacar individualmente cada uma das três frotas da Aliança foi um sucesso resplendoroso, ainda mais levando em conta que o inimigo tinha um força númerica bastante superior. Porém, uma transmissão capturada pelas forças imperiais mostrou um jovem comandante prometendo que tiraria seus companheiros daquela situação que parecia irreversível. A calma e a confiança de suas palavras intrigaram o almirante Lohengramm. Quem seria aquele oficial capaz de garantir com tanta certeza que seu exército conseguiria escapar ileso do inimigo? Haveria mesmo alguém capaz de enxergar uma falha no seu plano que, até então, parecia perfeito?

Se o primeiro episódio de Die Neue These foi escrito quase todo sob o ponto de vista do Império Galáctico, mais especificamente do Almirante Reinhard Von Lohengramm e do seu subordinado e amigo Siegfried Kircheis, o segundo episódio mostrou os mesmos eventos, mas agora sob o ponto de vista da Aliança dos Planetas Livres através dos olhos do comodoro Yang Wenli, além de apresentar a conclusão da Batalha de Astarte. É um episódio sensivelmente superior à estreia da série muito por causa de Yang, um personagem que, nesta versão de 2018, parece não ter perdido nem sequer um por cento do carisma de sua versão do OVA dos anos 80 e 90.

Yang é um personagem deveras interessante por diversos motivos, sendo talvez o principal deles o fato de, mesmo dotado de uma brilhante mente estrategista, ser alguém que gostaria de estar em qualquer lugar do universo menos nas frentes de guerra. E isso não deve a uma aparente covardia, mas sim a sua quase indisfarçável preguiça, mas principalmente pelo seu profundo desprezo pela guerra e, principalmente, por aqueles que a usam para fins políticos e econômicos, pessoas que louvam o heroico sacrifício de milhões de vidas enquanto elas mesmo permanecem o mais longe possível dos campos de batalha.

Logo no começo do episódio vemos Yang oferecer como solução para o confronto uma retirada estratégica das forças aliadas pois ele já havia previsto a armadilha montada pelo comandante imperial. Seu superior, o Vice-almirante Paetta, porém, considera o plano proposto pelo seu subordinado como um simples ato de covardia e ordena que as naves da sua frota continuem avançando. Após ser atingido por destroços causados por um ataque inimigo e já sabendo o destino trágico das outras frotas, Paetta passa o comando da operação para Yang visto que os oficiais de patentes maiores foram todos mortos. Mesmo com o Império tendo sabotado as comunicações das forças da Aliança, o jovem comodoro, já tendo previsto a situação, consegue enviar seu plano de combate para os cruzadores remanescentes através de um canal de mensagens por código que, ainda passível de interceptação pelo inimigo, seria a maneira mais rápida e conveniente para organizar o que restou das forças aliadas.

Enquanto isso, as forças imperiais consideram apenas uma questão de tempo a total aniquilação das forças da Aliança quando a mensagem de Yang Wenli para as naves sobreviventes é interceptada. Reinhard se pergunta se a certeza na voz do jovem comodoro ao prometer que os sobreviventes conseguiriam escapar era apenas um blefe ou se ele realmente acreditava ser capaz de fugir dos cruzadores do Império. Foi apenas quando manteve a ordem de que suas frotas deveriam seguir atacando o inimigo pelo centro que percebeu o plano do jovem oficial inimigo, mas já era tarde demais para retroceder. Permitindo que o inimigo avançasse pela faixa central da zona estelar de Astarte, as forças aliadas remanescentes se organizaram pelos flancos e começaram a revidar o ataque inimigo. As forças militares das duas nações se movimentavam como se fossem duas serpentes tentando se engolir, para o desprezo do prodigioso almirante imperial que reclamava da feira daquela formação.

Questionado por Kircheis se as naves do império não deveriam mudar seu curso e continuar perseguindo a frota aliada, Reinhard argumentou que, mesmo com sua superioridade, prolongar o combate só serviria para aumentar ainda mais o número de mortes no campo de batalha. Ao final da luta, ele enviou uma mensagem parabenizando Yang por sua bravura e inteligência, esperando que um dia os dois pudessem se encontrar novamente. Diante da retumbante derrota das forças da Aliança dos Planetas Livres, o comodoro Wenli considerou aquelas palavras quase como um deboche. Ainda que não tenha conseguido exterminar por completo o inimigo, Reinhard infligiu uma acachapante derrota à Aliança e, por seus esforços durante a batalha, foi nomeado Almirante da Frota Imperial pelo Kaiser Friedric IV.

A introdução de Yang Wenli fez com que este segundo episódio parecesse muito mais leve e gostoso de assistir que sua estreia. A parte visual permaneceu a mesma, com as cenas de batalha fazendo bom uso do CGI, embora não tenham sido o foco desta parte. A apresentação dos personagens, ainda que não tenha sido excepcional, continuo boa, com bastante expressividade de ambas as partes, embora os oficiais da Aliança tenham tido muito mais destaque. No geral, foi um episódio muito bom. Ainda é cedo para fazer comentários mais profundos e detalhados sobre esta adaptação, mas a equipe da Production IG responsável por esta adaptação parece estar no caminho certo. Aguardemos os próximos capítulos da disputa entre Reinhard e Wenli.

  1. Este segundo episódio do remake de Logh, foi muito melhor que o episódio de estreia. Mesmo o desgin para mim continue muito inferior à versão antiga, não posso deixar de elogiar que o estúdio e os designer conseguiram fazer um bom trabalho na captação do espírito do Yang Wen-li (quem viu os OVAS, sabe como o Yang era diferente dos demais),
    A parte da batalha esteve boa, os chefes do lado da Aliança continuaram burros como as portas (esta parte foi tal e qual, como na versão dos ova, apenas com uma animação melhor).
    Como bem referiste CrossSylvia, este episódio de introdução do Yang, pareceu bem mais leve e agradável se comparado ao primeiro episódio que foi dedicado ao Reinhard e ao seu amigo (irmão) Kircheis.
    A última parte do episódio, onde se mostra o esplendor da arquitectura do Império Galáctico e os uniformes de gala dos militares foi muito boa. A única coisa que não gostei dessa parte linda, foi o facto de terem transformado o Kaiser Friedric IV num velho bishounen (quem viu os ova, sabe como era realmente esse Kaiser).
    Obrigado por este artigo excelente, do remake de Logh CrossSylvia.

  2. Tenho poucas lembranças de LoGH da primeira temporada (assisti uns eps. no Betamax com legendas em inglês)…Bem como era uma serie bem longa não dava para esperar que ela viesse completa por aqui. E era final dos anos 80 e os canais de TV aberta tinham suas Xuxas e Angelicas que passavam o desenho que era mais barato e não davam atenção nenhuma a continuidade. E de batalhas estelares gostava mais de Yamato (Star Blazers) que a finada Manchete transmitiu por completo entre 1983 e 1984. Até hoje entesourado nas lembranças de adolescência.
    Bem, mas voltando a LoGH o atual, pelas lembranças priscas do de antanho, não achei tão diferente…Está certo o visual até que é legal, os dialogos são bem colocados, muita estratégia (se bem que nesse nem tem o porque que a guerra começou), mas fica a impressão que vai ser um eterno duelo do aristocrata com o plebeu…

    • James imagine o melhor space opera de sempre, esse é os 110 episódios dos ova de 1988 até 1998 de LOGH.
      Uchuu Senkan Yamato é muito bom, faz anos que eu vi a versão original de Uchuu Senkan Yamato (já não me lembro quase nada dele, só que eu via-o através de um canal pirata). Também vi o remake de Yamato feito pelo estúdio Zecxs e é muito bom também.
      Sem exagero algum James, LOGH é o anime com as melhores diálogos de sempre, ao longo da jornada épica de Reinhard e de Yang Wenli, nunca nada é certo, muitos episódios são uma referência futurista de muitos massacres que o ser humano já fez ao longo da sua existência.
      Pode pensar ao longo deste remake, que o Reinhard é apenas um nobre convencido, mas ele tem muitos motivos para ser como é. O Yang Wen-li é a personificação de o ser humano que eu queria ser, quando fosse mais velho, calmo, inteligente e gosta de um pouco de brandi no café.

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