Já conhece Black Clover? Se não conhece, caro(a) leitor(a), que tal fazer isso agora? Sou o Kakeru17 e vou começar apresentando a sinopse da obra:

Asta e Yuno foram abandonados juntos na mesma igreja e têm sido inseparáveis desde então. Quando crianças, eles prometeram um ao outro que competiriam entre si para ver quem se tornaria o próximo Rei Mago. Contudo, enquanto cresciam, algumas diferenças entre eles se tornaram claras. Yuno era um gênio com magia, mostrando grande poder e controle, enquanto Asta não conseguia usá-la e tentava compensar isso com treinamento físico. Quando receberam seus Grimórios aos 15 anos, Yuno recebeu um livro espetacular com um trevo de quatro folhas nele (a maioria das pessoas ganha um com apenas três), enquanto Asta não recebeu nada. No entanto, quando Yuno corria perigo, a verdade sobre o poder de Asta é revelada, ele recebe um Grimório com o trevo de cinco folhas, um “Black Clover”! Agora os dois amigos saem pelo mundo, ambos perseguindo o mesmo objetivo!

Sim, eu sei, essa sinopse é longa demais e parece já estar dando spoilers da história – e até que está mesmo! -, entretanto, mantive ela assim (a traduzi e adaptei do Myanimelist) e não a simplifiquei porque ela expressa bem a essência desse mangá, que se trata de uma obra de ação e aventura que trabalha temas como: superação, amizade, honra e a constante luta do bem contra o mal.

Agora dá para entender por que nas discussões internet a fora a palavra “clichê” é sempre usada para se tecer comentários sobre a obra, né? Sim, se trata de um battle shounen aos moldes clássicos como acusa o título do artigo, uma obra que usa fórmulas recorrentes de obras anteriores do mesmo segmento. As quais, acredito eu, costumam conseguir prender a atenção do leitor justamente por apresentarem esses clichês temperados com muitas cenas de ação e personagens carismáticos e/ou enredos envolventes – ainda que não tão bons.

Esse mangá é um belo exemplo de obra que, apesar de ter diversos clichês que leitores mais assíduos já conhecem e para os quais muitas vezes torcem o nariz, conseguiu dar certo e formar uma base de fãs sólida o suficiente – o mangá vende bem para os padrões da Jump – para motivar a produção de um anime e alavancar a expansão do seu potencial comercial.

Black Clover é serializado nas páginas da Weekly Shounen Jump desde 2015 e possui mais de 15 volumes lançados até o momento, uma light novel e uma adaptação em anime iniciada em outubro de 2017 com transmissão oficial no Brasil da Crunchyroll, a qual também está dublando o anime. Seria esse um inegável sinal de sucesso da série?

Sobre a história em si, ela se resume ao protagonista Asta entrando em uma das unidades do exército enquanto o seu amigo Yuno entra em outra, e partir daí eles começam a evoluir enquanto cumprem missões e enfrentam diversos tipos de inimigos.

Asta é aquele que tem mais foco e cujo desenvolvimento físico e mental é o mais explorado, já que a princípio ele não possui afinidade alguma para magia e supera isso com sua habilidade de batalha e o poder de antimagia que despertou ao receber o seu Grimório – ele consegue repelir e anular magia usando uma espada e o “poder negro” vindo do livro.

Ele tem uma personalidade simples, decidida e amigável que se assemelha a de muitos protagonistas de outros mangás shounen, mas nem por isso não tem seu brilho próprio e é nas lutas que ele costuma se destacar mais, seja com ele lutando sozinho contra os inimigos ou apresentando um bom trabalho de equipe com o pessoal da sua unidade ou de outras divisões do exército.

Aliás, os laços que ele forma com seus companheiros da Kuro no Bougyuu (Touros Negros) é uma das coisas mais legais do mangá, já que gradativamente percebemos que ele vai ganhando a confiança e o carinho deles enquanto eles mesmos muitas vezes são explorados pelo roteiro que mostra seus desafios e objetivos e dá profundidade a esses personagens secundários que devem ser recorrentes por toda a obra.

Enquanto isso, Yuno – melhor amigo e maior rival de Asta –, aparece bem pouco no mangá em comparação ao protagonista, mas quando dá as caras ele também mostra traços de crescimento tanto em sua magia, quanto em sua personalidade. Ele tem um objetivo claro e simples, se tornar o Rei Mago, e deseja fazer isso competindo de forma limpa e justa com seu irmão de criação e melhor amigo. Confesso que gosto do fato dos dois serem amigos, pois relações tempestuosas entre rivais em shounens é algo bem frequente e geralmente são unilaterais – um odeia o outro e o outro até gosta do rival que tem – e irritantes.

Ademais, posso dizer que o mangá apresenta constantes e empolgantes cenas de ação, um enredo que consegue conciliar minimamente bem os objetivos pessoais dos personagens e toda uma trama maior envolvendo o reino de Clover e sua relação com seus “algozes”, além de apresentar um razoável e pontual desenvolvimento de personagens secundários e clichês e mais clichês!

Falando sério, a obra tem diversos clichês fáceis de serem percebidos em uma leitura inicial – não citarei todos os quais lembro aqui porque assim esse artigo ficaria gigante –, o que ao meu ver a colocaria a perder se ela não conseguisse ser divertida e mais ou menos coerente. Acho que o mangá consegue se sair bem nesses quesitos. É verdade que a comicidade gerada pelas piadas bobas e recorrentes são questionáveis, mas não vejo grandes furos de roteiro que prejudiquem a leitura, e o mais importante, a ação entregue consegue prender a atenção e até empolgar – objetivo de todo mangá do tipo.

Para muitos a presença de tantos clichês pode ser um incômodo, mas acredito que a partir do momento em que você como leitor(a) tem a noção de que a obra é e sempre será assim, mas, ainda assim, consegue ser divertida – caso divirta a você, é claro –, fica mais fácil aproveitá-la sem se incomodar tanto. Black Clover não é um mangá que desconstruirá os battle shounens, longe disso, mas dentro da sua proposta apresenta uma diversão satisfatória e que indico para quem curte obras do tipo, mas indico passar longe para quem detesta clichês.

Essa foi apenas uma indicação bem sucinta do mangá – ele inclusive está sendo lançado no Brasil pela editora Panini desde Julho de 2018 – que espero que tenha sido do agrado de vocês!

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