Harukana essa semana voltou ao normal ao entregar um belo episódio do qual talvez não haja muito a se comentar, pois o foco foi todo na partida das duplas. Mas ao retomar os ótimos paralelos entre as garotas e entregar bons momentos de um vôlei de praia emocionante o anime voltou a empolgar. Às vezes não se precisa de excelente animação para ser bom – só de um bom roteiro bem executado.

Uma partida que tinha tudo pra valer o preço do ingresso (e valeu mesmo).

O episódio começa já no clima certo, com as garotas se aquecendo para o embate e pondo os pés na areia. Se o avô da dupla Harukana é somente uma ilusão reforçada pela avó todo o incômodo que eu venho sentindo por esse detalhe bobo fica de lado devido ao agitado início do primeiro set, em que a Éclair se impôs, mostrando que experiência faz sim uma grande diferença; e que treino é treino, jogo é jogo, afinal, a forma como a atleta encara um treino e uma atividade fim faz diferença no resultado.

O quanto um idoso aparecer pode atrapalhar o clima de yuri bait do anime?

A partida avança com uma ótima vantagem inicial para as veteranas, mas aí a dupla “novata” quebra a sequência e passa a igualar o jogo; senão em pontuação, ao menos em ritmo; pois não permite um grande aumento na diferença de pontos. Flashes com a estratégia que as protagonistas traçaram vão sendo espalhadas ao longo da partida para facilitar o entendimento do público do que elas fazem nas quatro linhas, e se nem tudo surte efeito, ao menos elas conseguem diminuir a diferença ao arrancar seus pontos. Esportes de sets são um jogo de paciência e de saber aproveitar as boas oportunidades.

Mantendo um bom clima amistoso, mas sem esquecer da competitividade, a partida avança e a Akari consegue torcer por ambas as duplas sem que isso pareça tão “estranho” – tirando a performance da garota –, e é com o passar do tempo que os paralelos entre as personagens voltam a enriquecer uma disputa que já estava boa quando era “apenas” quatro pessoas movimentando uma bola. Para isso ir até o passado foi uma boa escolha, pois era preciso que o público visse bem como as personagens se influenciaram ao longo do caminho delas no vôlei de praia – ao menos das que jogam desde crianças.

No passado a Emily passou por algo parecido, mas diferente, com o que aconteceu com a Kanata, sua irmã era uma ace, enquanto a garota apenas provia suporte na dupla. Quando elas foram derrotadas pela dupla da Narumi e da Kanata foi que a Emily passou a ver que ela também devia se esforçar para se igualar a irmã, para não depender somente dela em uma partida. A derrota influenciou as garotas da Éclair e as fez se tornarem mais fortes, o que é um paralelo “engraçado” já que foi justamente isso que fez a Kanata abandonar o vôlei por um tempo, mostrando a diferença na forma que elas – Emily e Kanata – encararam essa situação de ser um suporte para a dupla. É claro que a forma de lidar com isso depende muito do momento da dupla e da pessoa, mas foi ótimo ver que a Emily e a Kanata são parecidas, mas também diferentes, que não são só “suporte” e têm seus próprios caminhos no vôlei.

Tanto é que ao longo da partida fiquei com a impressão de que a Emily ficava muito presa a levantar e receber, que faltava aquele momento em que os papeis na dupla se invertiam – isso normalmente acontece mesmo –, o que ocorreu justo nos dois pontos finais e mostrou que a garota não depende de qualquer ace. Primeiro, ela acertou uma ótima bola de segunda, e em seguida mandou um saque com personalidade, assim fechando o primeiro set. É claro que em uma partida equilibrada, como foi nessa primeira parte, a necessidade de surpreender as adversárias mudando o padrão de jogo se faz presente com mais frequência, mas como o intuito era mais ilustrar o equilíbrio da dupla, da maneira que fizeram foi satisfatório. Emily aprendeu bem com a derrota na infância e mostrou isso nas areias.

Um ponto incrível pra uma atleta que vai bem além das aparências.

Quanto a Claire, ela também tinha um objetivo ao enfrentar a Kanata de novo, afinal, ela foi uma das garotas que a derrotou para valer pela primeira vez e, com toda certeza, a ensinou muito sobre como encarar o vôlei, além de ter sido uma adversária que “valia a pena ser vencida”. Pode até ser besteira pensar dessa forma em um mundo competitivo que constantemente exige a vitória de um esportista, mas se existe uma coisa que um atleta costuma valorizar – ao menos aqueles que não buscam só um resultado positivo – é a maneira como a vitória ocorre, se é devido ao mérito próprio ou ao demérito do adversário. Na verdade, isso costuma ser importante em vários aspectos da vida; nos estudos, no trabalho, nos relacionamentos afetivos, etc; ainda mais para uma filha de atleta que pratica o mesmo esporte que a mãe e a tem como referência de sucesso e esforço em algo que ela faz com excelência.

Essas duas valquírias do vôlei têm um nome a honrar, não é mesmo?!

Para uma garota como a Claire, enfrentar uma Kanata fragilizada apenas para se vangloriar da vitória em condições desequilibradas seria como ferir o seu orgulho de atleta, de mulher e de amiga – já que a Kanata não é apenas uma rival, mas alguém com quem ela se desenvolveu junto no vôlei de praia –, então nada mais natural que ela “pegar fogo” ao enfrentar a adversária à altura pela qual ela estava esperando. Isso é necessário para que elas joguem e vençam ou percam sem arrependimentos, e não só isso, mas também deixa clara a influência que a Kanata teve nas irmãs. Isso fortalece a relação que elas têm, mas não deixa a Haruka de lado – pelo menos não se ela também conseguir sair da partida como uma atleta melhor, como alguém capaz de influenciar positivamente suas adversárias. O anime está ótimo, só é uma pena sobrarem apenas dois episódios, mas torço para que dê tempo da Kanata e da Narumi se acertarem – independentemente de quem ganhar esse embate entre primas e irmãs.

Harukanaservice

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