A temporada de verão trouxe o horror dramático Happy Sugar Life, no qual Satou, uma adolescente yandere, apaixona-se por Shio, uma criança entre 6 e 9 anos. Mal o espanto deixado pela série se findou, eis que estreia Uchi no Maid ga Uzasugiru!, em que uma ex-oficial das Forças de Autodefesa do Japão emprega-se como governanta para ficar próxima da menina Misha, por quem nutre uma estranha paixão. O diferencial é que o anime dirigido por Masahiko Oota (Gabriel DropOut [2017] e Love Lab [2013]) e roteirizado por Takashi Aoshima (Yuru Yuri [2011]) é uma comédia. Uma série de humor protagonizado por uma lolicon. E o primeiro episódio é engraçado e ao mesmo tempo incomodante. Mas tem alguns temas sérios tratados com leveza. O slice of life traz as táticas de Tsubame Kamoi para se aproximar e ganhar o coração da garotinha de descendência russa. A criança é irascível e malcriada, mas tem suas razões para isso, já que lida com a dor da perda da mãe.

A primeiro sargento Kamoi está desempregada. Na agência de emprego, quando questionada sobre que trabalho procura, ela responde que quer um serviço no qual possa ter uma jovem e pequena menina branca. Claro que a afirmação assusta o funcionário. Kamoi é uma lolicon e do tipo sem noção. Logo descobrimos que a especificação da pele a qual ela se refere tem relação com Misha, uma criança loira cujos pais são de nacionalidades diferentes. O pai, Yasuhiro Takanashi, é japonês, e a mãe é russa. Um dia, a ex-oficial passa em frente à casa dos Takanashi e vê a criança brincando com a mãe. Kamoi é imediatamente envolvida pela inocência da menina. Um caso de paixão à primeira vista.

Como Mischa era antes da morte da mãe: a fofura em pessoa.

E isso é algo a se superar no anime e refletir que espécie de riso se busca em uma obra humorística. Esse tipo de composição de personagem é comum no Japão, e Uchi no Maid ga Uzasugiru! (de autoria de Kanko Nakamura, que tem muitas obras com lolis, incluindo hentais) é um mangá que está em seu terceiro volume e tem um relativo sucesso no país do Sol Nascente.

A respeito das personagens, elas têm os seus encantos, e a apresentação já entrega que Misha lutará para não criar afinidades com Kamoi, para preservar a memória da mãe. Então, os momentos cômicos com uma lolicon perseguindo seu objeto de desejo infantil, tem como pano de fundo a superação de uma tragédia, de uma menina que muito cedo precisa lidar com o sofrimento. A agressividade e voluntariosidade são formas de não reconhecer a dor e abrir espaço para conviver com ela ou superá-la. Evidentemente, a empregada em algum momento enxergará Misha como uma criança que precisa de acolhimento, atenção e cuidado. A questão é o quanto uma comédia com uma mulher perseguindo uma garotinha pode desenvolver assuntos dolorosos sem ser contaminado pelo que há de pérfido no desejo de Kamoi.

Kamoi, a perseguidora implacável: a primeira impropriedade cometida pela ex-oficial

A criança tem espantado todas as governantas, e é óbvio que Kamoi resiste, e se torna um desafio para Misha. Com o conflito exposto, e a percepção nítida de que a ex-oficial é uma lolicon – a menina a chama de pervertida e stalker algumas vezes e sempre a olha com certa repulsa –, temos cenas que são sintomáticas a respeito de quem são as personagens. Kamoi usa uma tática que provavelmente tem relação com a sua formação nas Forças Armadas, quando faz com que o cheiro agradável do curry tome o quarto de Misha. Já a menina sempre repele a empregada a simples menção de algo que a faz recordar da mãe. A memória afetiva de comer juntas ou de ter os cabelos escovados.

Misha espionando às ações de Kamoi: resistência às investidas da lolicon.

Quanto ao pai, ele trabalha constantemente e não consegue se comunicar com a filha. E a criança o chama pelo primeiro nome, o que revela que há uma distância entre eles. Yasuhiro não aparece em momento de sofrimento, recordando a esposa falecida. Mas fica feliz com qualquer atenção que recebe da filha. Só que ele, um pai ausente por causa do labor, não se incomoda com o assédio promovido por Kamoi a sua filha. Aparentemente, ter alguém perto de Misha e responsável pela organização da casa assume a prioridade em relação à proteção de sua filha de uma pervertida.

Curry para seduzir garotinhas: mais uma vez, Misha em sua cruzada solitária contra uma hentai.

Entre os acertos de Uchi no Maid ga Uzasugiru! estão o design de personagens, com Kamoi, seu tapa-olho e seu corpo musculoso, e Misha, com sua fofura endiabrada (ela tem um furão como amigo-animal). A animação é fluída, com movimentos de câmera e enquadramentos bastante surpreendentes. Além disso, a trilha sonora se encaixa perfeitamente às cenas, variando entre algo mais animado, de suspense e com elementos de música étnica.

Algo desconfortável é quando Kamoi diz a Misha apreciar meninas não púberes, isto é, não caracterizadas pelo aparecimento de caracteres sexuais secundários. No entanto, isso é a descrição do lolicon típico. O que assusta e mais uma vez deixa Misha repugnada.

A loli e a maid: se Kamoi perceber que Misha está sofrendo e se dispor a escutá-la, já é um ganho para a série.

O primeiro episódio diverte, e Uchi no Maid ga Uzasugiru! tem personagem carismáticos. O lado lolicon pode desanimar e indignar, com justeza, ainda que seja uma obra japonesa, outra cultura com suas próprias idiossincrasias no que tange à permissividade ou rigor com o que produzem. Porém, há certa ingenuidade no entusiasmo de Kamoi, que a torna simpática e ridícula ao mesmo tempo. Resta aguardar para ver o rumo que o lolicon yuri da temporada irá tomar. Desta vez, pelo menos não causa pesadelos (apesar que o desconforto não está descartado, já que está bem próximo do abuso).

  1. É a comedinha é levinha tirando os sentimentos exagerados da Kamoi pela Misha….Sim senti o mesmo desconforto, ainda bem que o alivio comico mascara bem isso….E a certeza de que a Kamoi tem uns “issues” meio dificeis de engolir…
    Bem parece que ela teve baixa da JDAF com a patente de sargento devido a perda de visão de um olho. De qualquer forma ela deveria ser pensionista pelo ocorrido….Mas uma coisa está me encucando….Sargentos de Forças Aereas não pilotam Mitsubishis F-2B (variante do Lockheed F16)…O que indica que algo traumatico ocorreu com a Kamoi e talvez ela tenha ficado meio traumatizada, sei lá, mas que acho que isso providenciará alguns momentos dramáticos a obra vai…
    Não é assim uma obra prima, mas deixa se assistir levemente….

  2. Este primeiro episódio de Uchi Maid foi ok e me convenceu a ver mais uns episódios.
    Eu não sou grande fã de caças, mas a cena inicial me chamou a atenção, esteve vem feita até.
    A parte da comédia, tirando alguns excessos da Kamoi é bem leve e entretém, eu fiquei impressionado com a cena da Misha a descer das escadas a fugir da Kamoi (que pareceu uma dança russa bem maluca), ao som de Kalinka, tal cena mais russa que isso impossível .
    No começo achei a Kmaoi meio chata e intrometida, mas tive que dar o braço a torcer, mesmo ela sendo uma lolicon ela se preocupa com a Misha. Eu ri bastante da parte em que a Kamoi se relembra dos seus tempos de escola e uma das suas kouhai lhe pede em namoro e a Kamoi rejeita com uma frase marcante “eu não namoro com meninas que já têm a menstruação”, a Kamoi é uma lolicon hardore (Super Lolicon Master Race).
    Agora a Misha, ela é a típica garota rebelde que não se recuperou ainda da morte da mãe e o pai não sabe lidar com ela, mas por sorte a Misha é bastante simpática e dá aso a cenas hilariantes quando foge da Kamoi.
    O pai da Misha, ele parece um pai desnaturado, mas ele se preocupa de verdade com a filha, quero ver se ele vai aparecer mais ou se ficará só no cenário.
    Espero que a história se torne mais divertida e que a animação não decaia muito.
    Excelente artigo de primeiras impressões de Uchi Maid WZ Souza.

  3. Bem lembrado K-San aquela cena da escada foi muiiiito engraçada ao som de Kalinka foi muito boa bastante comedico parecia eque estava vendo um sketch do Circo de Moscou KKKKKKKKKKK. Essa menina é abilolada de tudo jesus!!!

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