Produzido pelo estúdio Signal MD (Net-juu no Susume) e dirigido por Masatsugu Arakawa (Nurse Witch Komugi-chan, Urahara). O anime nos apresenta um drama que conta a jornada de jovens que trilham o caminho para se tornarem seiyuus (dubladores de animes) e sonham em alçar o sucesso nessa trajetória, assumindo a difícil missão de explorar essa temática em 15 minutos distribuídos nos 4 episódios que exibiu nessa temporada de Outubro.

Minato é o nosso protagonista e o ponto de partida pra sua jornada é o surgimento desse sonho. Entusiasmado e encantado com um recital de dubladores, o jovem decide que aquela seria a sua vocação e ingressa na Academia de Animação Suidobashi para dar o pontapé inicial.

Apesar de parecer simples, lá ele descobre que a vida de um seiyuu exige muito mais, não se dá pra contar apenas com talento natural ou um esforço simples, emprestar a sua voz a algo requer alma, emoção, imersão, e é em torno disso que toda a trama gira.

Assim como ele, Chikako é uma jovem talentosa e que também almeja seu lugar ao sol e se dedica com tudo o que tem. Seus caminhos se cruzam quando Minato descobre em seu dormitório a mensagem da garota guardada para aqueles que desejassem se tornar um futuro seiyuu de sucesso como ela.

A mensagem do “passado” para o “futuro”

Ao longo da história alguns personagens nos são apresentados com o objetivo de melhorar a dinâmica e a exposição dos personagens – já que os protagonistas fazem parte de núcleos um pouco distintos dada a diferença de ano entre eles -, que ao mesmo somam na tradução da realidade que a obra deseja passar sobre esse universo, aqui não existem vilões, gente mal intencionada, somente pessoas que lutam arduamente por um mesmo desejo.

Por sinal, apesar de não terem tempo de tela suficiente, os personagens secundários são interessantes, com um destaque maior para os companheiros do clube: Ryouta (também dublador) e Rei, que deseja ser uma ilustradora. Eles funcionam como uma espécie de trampolim para a dupla principal, se fazendo presente em horas oportunas quando eles precisam de algo que os lance pra frente e ao mundo.

O drama trazido aqui também não é excessivo, o que é um ponto positivo. As dúvidas, incertezas, tristezas e demais sentimentos que eles carregam consigo durante sua jornada, são conduzidos de forma natural e solucionados com a mentalidade que se espera de jovens adultos na universidade, eles sabem o que precisa ser feito e seguem em frente tentando acertar.

Minato tem a habilidade e coragem necessários, mas lhe falta profundidade pra o ofício. Já Chikako tem o talento e todo o arsenal que precisa, porém a coragem que existe no colega fica em falta nela (um trauma passado em seu primeiro ano).

A ligação de apoio profissional, amizade e camaradagem que um encontra no outro é bacana, e acho que se torna mais válida ainda porque não se pauta num romance pra funcionar e cativar. Nos momentos de maior necessidade, um sempre aparece como mentor para o outro, dando pequenos toques ou empurrões, pra que assim eles se reergam, encontrem a saída para os problemas e cresçam na sua caminhada.

Gosto bastante da forma como os protagonistas são retratados porque você consegue se identificar com a natureza comum deles, e acho que a sacada maior aqui é que o autor opta por não entrar no clichê do “zero to hero” e nem no “poder do protagonismo”, eles tem habilidades e alcançam seu espaço conforme o nível em que estão, tem uma coerência que se torna ainda mais agradável pela aceitação e maturidade deles, que analisam toda situação como um degrau a ser escalado (os professores não pegam leve de jeito nenhum).

A obra apesar de não detalhar muito em função do tempo, trabalha o mínimo necessário acerca do curso de seiyuus e seu trabalho, pelo menos focando nas partes que precisa pra compreensão da história. Boa parte das cenas focam nas interpretações dos personagens e o amadurecimento de cada um durante as apresentações, em meio as advertências e conselhos que recebem.

Algumas das poucas lamentações que tenho sobre a série além dos personagens que não tem outra roupa kkkkk, concernem ao tamanho dela – penso que o resultado seria muito mais satisfatório numa série de 12 episódios ou com um pouco menos mas uma duração maior -, e a personagem que é adicionada na segunda metade do último episódio, muito provavelmente uma possível nova protagonista e que pelos poucos minutos de tela que teve, mostrou uma personalidade interessante pra ser explorada futuramente.

Bom, tecnicamente falando o anime tem uma arte bem feita e uma animação decente para os padrões do gênero, mas o maior destaque fica para a parte sonora, que leva o selo Honey Works de qualidade. Apesar de não ser nenhum primor (sendo até bem previsível), principalmente considerando a limitação numérica, Hashiri Tsuzukete executa bem sua proposta e entretém de forma satisfatória.

Deixo desde já a minha recomendação, ele vale os 60 minutos investidos sem dúvida, e se tiver uma continuação acompanharei com certeza. Até o próximo artigo!

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