Bom dia!

Depois do emotivo e melodramático episódio da Lily manter o mesmo tom seria difícil. Com a Saki, impossível mesmo. Ela simplesmente não é assim.

Saki não é uma pessoa de preocupações muito grandes, não é de planejar nem de pensar demais em nada.

Narrativamente, se Zombieland Saga for ter um final emotivo, e eu acho que vai ter, manter esse tom desde os episódios anteriores e até o final seria difícil. Um episódio mais leve é necessário, e a Saki é perfeita para isso.

Como eu suspeitava, Saki morreu em um acidente de moto. Quero dizer, não foi exatamente um acidente, mas de que outra forma poderia ser descrito?

Sua gangue de motoqueiras foi desafiada para um jogo potencialmente fatal, e ela morreu. Dá para dizer que é acidente quando alguém se arrisca propositalmente? Mais ainda: não duvido que ela tenha caído com moto e tudo por vontade própria, como fez de novo agora no presente.

 

 

Só que agora ela é uma zumbi e não morreu. No passado ela era consideravelmente mais sujeita à morte, por assim dizer.

Noutro episódio já havíamos visto que a gangue da Saki tinha várias membras, mas nesse apareceu só a Reiko, que parecia ser a sua amiga mais próxima.

Um tema comum, tanto na ficção quanto na vida real, é garotas dessas gangues de motoqueiras japonesas quererem “se aposentar” e passar a levar uma vida tranquila e normal. Ter uma família, cuidar dela e viver no sossego. Esse era o caso da Reiko.

 

 

E ela realizou seu sonho, embora algumas coisas não tenham se dado como ela gostaria. A primeira foi a morte da Saki, já mencionada, e que ela testemunhou. A segunda foi que Maria, sua filha, ao se tornar adolescente, decidiu se tornar uma motoqueira rebelde como um dia a mãe foi. E por alguma razão, Maria achava que sua mãe era uma covarde.

Não faço ideia do que se passa na cabeça da Maria. Não vou tentar encontrar nenhuma motivação para ela, porque adolescentes não precisam de grandes motivações. Ou precisam?

Você ainda é um adolescente ou já foi um. Foi preciso muito para que você se tornasse o que você decidiu se tornar? Na maioria das vezes um punhado de opções aparece e o jovem escolhe aquela que se lhe parece mais legal, mais interessante. Às vezes por pressão do grupo, e às vezes ele é quem pressiona o grupo. Mas em alguns casos, sozinho também.

Da mesma forma, adolescentes não precisam de motivação para se tornarem rebeldes ou se afastarem dos pais. Reiko acredita que ela teve um motivo para isso em sua adolescência, por causa de seus pais, mas será que teve mesmo? Se pudesse, ela preferiria não ter sido uma motoqueira? Ignorando a morte da Saki, é claro, eu duvido.

Isso tudo faz parte da formação de identidade de um adolescente. Maria se tornou uma motoqueira como um dia sua mãe foi. Não dá para dizer que não está nos genes.

Como os tempos são outros, porém, e ela é muito menos experiente, não chega nem aos pés do que Reiko e Saki foram em seu auge. Maria e sua gangue de motoqueiras posers é bastante patética, na verdade.

 

 

Mas bem, essa foi a vida normal que Reiko desejou.

Mas o que é normal? Normal é o normal, não é? E o que é normal, afinal de contas? Saki não entendeu isso quando Reiko disse e continua não entendendo até hoje.

Se ela não tivesse morrido isso talvez tivesse se tornado um problema para ela em algum momento, mas aposto que ela teria dado um jeito. Como as coisas se deram, ela nem com isso precisa se preocupar. Ela dava tudo de si para ser uma motoqueira com suas companheiras e agora dá tudo de si para ser uma idol com suas companheiras.

Nada mudou. Esse é o “normal” para Saki.

 

 

Em contraste com Ai e Lily, que carregavam arrependimentos de quando estavam vivas, Saki não se arrepende de nada. Ela não hesitou nem por um instante em se arremessar penhasco abaixo com uma moto mais uma vez, exatamente no mesmo lugar onde morreu fazendo isso antes.

E em contraste com Junko, que teve dificuldade para se adaptar como uma idol nos dias de hoje, acostumada que estava em ser uma idol nos anos 1970 e 1980, Saki, que era uma motoqueira, não teve dificuldade nenhuma em se adaptar a sua nova vida de idol.

Sua maior característica é viver (e morrer) pelo presente. É por isso, no final das contas, que ela nunca entendeu o que Reiko queria dizer com “normal”, porque sua amiga estava fazendo planos para o futuro, coisa que não entra na cabeça da Saki.

Sua segunda maior característica é que a única coisa que ela precisa é de um grupo ao qual pertencer – e ela vai fazer de tudo pelas pessoas desse grupo.

Antes foi sua gangue de motoqueiras, agora são suas amigas do Franchouchou.

 

 

Mas não é como se ela tivesse uma noção complexa de “antes” e “depois”. É assim porque é assim, e pronto. É “normal”. Ela nunca deixou sua gangue para trás, e por isso protegeu a filha de sua amiga e a escolha que Reiko fez para sua vida ao mesmo tempo em que não abandonou suas novas amigas do Franchouchou para fazer isso.

No final das contas, o episódio teve muitas oportunidades de aprofundar diversos de seus temas, relações, personagens, e acho que eu até teria preferido isso.

Só que o episódio foi da Saki. Foi um episódio simples, de uma garota simples. Pode não ter sido tematicamente carregado nem emocionalmente pungente como alguns dos anteriores, mas foi um bom episódio, que fez o que tinha que fazer.

Semana que vem será a Yuugiri? Até lá!