Já repararam que a cada ano que passa adaptações de games ficam cada vez mais populares? Pois é, o retorno e a popularidade deles tem aumentado tanto que os animes baseados neles não param de chegar. Grimms Notes é mais um deles e nos apresenta uma aventura onde os protagonistas possuem poderes de se transformar em personagens de livros pra deter uma força maligna que pretende mudar o destino do mundo das histórias a qualquer custo.

Minha apresentação da sinopse foi bem clichê, mas resumidamente o enredo é esse, lembrando bastante um mix entre Smile Precure e Marchen Madchen na concepção, dois animes de garotas mágicas pautados nessa coisa dos contos de fadas, mas com diferentes estilos na execução – se tivessem um “filho” seria Grimms Notes, com o adicional da ambientação mais séria e os dois rapazes no meio.

O mundo das histórias é regido por uma “lei” onde todos recebem um livro do destino ao nascer e esse livro conta toda sua vida, do nascimento a morte – imagina que coisa maravilhosa ter spoilers da sua vida com uma antecedência bem grande, deve ser o máximo. Mas assim como toda história de fantasia as pessoas não tem direito de viver em paz e seguir o seu roteiro, já que alguém tem que fazer uma oposição.

Os Chaos Tellers são indivíduos ainda não apresentados por completo cujo objetivo é reescrever as histórias de todas as pessoas, e pra isso eles possuem quem for necessário e destroem tudo o que se puser no caminho. Não ficou bem claro qual o intuito por trás do desejo de mudança deles, mas creio que julgando pela regra que envolve o livro do destino, por trás disso tudo deve ter algum vilão de uma das histórias – quem tiver jogado o game eu aceito spoilers *-*.

Os Story Tellers em contrapartida, tem a missão de proteger a modificação dos destinos programados e é aqui que começa a aventura de verdade. Infelizmente não tivemos uma introdução apropriada ao grupo e segundo alguns burburinhos que ouvi, comeram aqui a primeira parte da história que seria a introdução da Cinderella, pulando logo pra história seguinte.

A abertura nos dá uma dica bem rápida num frame de uns poucos segundos do que poderia ser o começo de tudo – não tenho 100% de certeza, mas foi o que me pareceu. Reina é uma princesa e pelo que aparenta na cena, sua vida e família foram destruídas pelos Chaos Tellers, e ela na posição de testemunha e sendo a única sobrevivente de todo esse trauma decidiu limar o mundo desse mal indesejável.

Só eu que achei ela parecida com a Chaika vermelha?

Assumindo então o poder de Cinderella, ela se uniu a outros guerreiros (talvez afetados por esse mal também) que assim como ela podem usar outras identidades e começou a cruzada contra os caóticos – eu espero que nos expliquem mais detalhadamente como funciona o sistema dos poderes e se eles podem assumir mais de um avatar, já que existem vários personagens principais por aí.

Além de Reina os outros quatro são Tao, Shane e Ex que é um novato no grupo, mas já assumiu uma posição de bastante responsabilidade. Assim como nos jogos de RPG comuns cada um tem uma função específica no grupo, embora na hora do pau todos lutem com tudo e assumindo varias posições. Reina/Cinderella é a healer/mage, Tao/Goliath é o tanker, Shane/Robin Hood a sniper e Ex/Alice é o espadachim.

Algo bastante curioso que fizeram aqui está exatamente na inversão de papeis que Shane e Ex fazem. Em sua transformação eles assumem papéis reversos, onde ele se transforma na mulher e ela no homem, o que particularmente achei bem interessante e em termos de dinâmica funcionou legal – na minha época mais ativa como jogador eu jogava horrores com personagens femininas, então me senti representado de alguma forma.

Enfim, voltando pra o foco principal, a estreia nos introduz a rota da Chapeuzinho Vermelho que por alguma razão parecia inalterada, mas o erro estava meticulosamente escondido a ponto de não perceberem logo de cara que ele estava ali. Chapeuzinho é salva por Ex num primeiro momento e desaparece, com isso eles começam a destrinchar o mistério que está por trás das mudanças na rota dela.

Uma coisa que me chamou a atenção foi a importância real que as pessoas davam ao livro, inclusive com uma senhora relatando que aquilo era um ciclo constante pra os personagens principais, sempre renascendo e vivendo segundo o livro do destino, confiando no que aconteceria ali sem pensar nos danos paralelos que aquilo pode causar numa segunda instância – principalmente considerando como fica a mente de quem participa ativamente disso.

Esses livros…

Chapeuzinho estava fadada a ser enviada até sua avó, ser mastigada quase morrendo, e por fim salva pelo caçador. Diferente das outras Chapéus que vieram, aquele destino a incomodava muito já que ela não entendia o porque de precisar passar por aquela experiência, e as pessoas ao seu redor apenas a pressionavam, nunca se pondo no lugar da menina pra pensar o quão desagradável deve ser isso tudo.

O caçador por sua vez amava a mãe dela e estava pra assumir um papel de pai na vida dela, imagine então o quão difícil é pra uma menina na casa dos 10 anos processar toda essa mudança? Ser pressionada pra passar pela quase morte, ganhar um padrasto que não desejava e que ainda era o escolhido para a missão de salvá-la. Parece bem tenso, mas ninguém tinha entendido as aflições e dúvidas dela pra assim a apoiar como protagonista disso tudo.

Aproveitando o desespero dela os Chaos Tellers tomaram o corpo da Chapeuzinho e começaram a causar pequenos estragos rumo a alteração completa de sua história. No entanto, como ninguém contava com a astúcia do Chapolin dela, Shane saca as pequenas alterações de personalidade e comportamento da garota, pegando no ar todo seu esquema – o que também foi algo inusitado dado o relaxamento de todos e o jeito bobão e fanático por armas da Robin Hood.

Eu não esperava grandes explorações nesses panos de fundo mas fui surpreendido, a Chapeuzinho em seu momento berserk, arrota todas as verdades presas dentro dela pra os heróis que rapidamente entendam o real sentido do desespero e da sensação de solidão – e aqui a direção conseguiu passar a tensão certa nos sentimentos dela, o ar meio yandere dela é algo a se temer.

Passando então a entender o sentimento que estava escondido no seu íntimo e desejando salvar sua alma, eles partem pra porradaria com ela rumo a purificação – achei eles 4 um time bem sólido e organizado, tomara que explorem varias habilidades diferentes porque o pouco que vi me empolgou bastante.

Outro ponto bem bacana do episódio é que mesmo se tratando de destinos e histórias predefinidas, o roteiro não força uma mudança brusca na personalidade dos protagonistas. A Chapeuzinho ainda tem seus desconfortos e incertezas, mas o seu drama interior teve um encaminhamento satisfatório, ela agora é madura o suficiente pra dialogar com o seu futuro pai, aceitar e conduzir aos poucos o seu novo e o velho destino.

A Chapeuzinho e o lobo eram só uma ponta do iceberg, o mundo das histórias está em perigo constante, e os inimigos estão literalmente na espreita só aguardando a próxima brecha. São eles apenas vilões que conseguiram poder e desejam sair de seu ciclo de sofrimento como no filme do Shrek? Ou inimigos exteriores com motivações maiores ainda?

Não sabemos ainda, mas seja lá quem forem tenho certeza que os Story Tellers estão claramente prontos pra agir.

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