Bom dia!

Esse é o outro anime de aviões da temporada. Qual a probabilidade disso acontecer? Devem ter combinado, não é possível.

Mas ao invés de aviões neon que combatem alienígenas, Kotobuki oferece modelos aéreos da primeira metade do século 20 com altíssimo nível de detalhes, até painéis e instrumentação foram modelados e animados. É um deleite para quem gosta de aviões.

O que me fez decidir embarcar nesse anime porém está em terra firme: o diretor Tsutomu Mizushima, que tem uma carreira extensa incluindo outros animes originais como Girls und Panzer e Shirobako. E a roteirista Michiko Yokote, que também possui uma carreira extensa, tendo trabalhado com Mizushima em diversos projetos, incluindo Shirobako.

Por que insisto tanto em Shirobako? Bom, no segundo cour da série, que retrata o dia a dia de um estúdio de animes, seus personagens produziram justamente um anime sobre garotas que são pilotas de aviões de guerra.

Só coincidência? Até que alguém diga o contrário, sim. Mas não importa, de todo modo. Estou bastante ansioso.

A primeira coisa que chama a atenção é o estilo de animação: até onde meus olhos amadores podem ver, uma mistura de animação tradicional e animação computadorizada. Normalmente animes que fazem isso animam cenas com veículos ou com robôs em computador, mas Kotobuki animou todas as suas protagonistas dessa forma. Outros personagens parecem ser apenas ocasionalmente animados usando modelos computadorizados (quando dividem cena com as garotas) ou sempre animados de forma tradicional.

 

 

Será que irá se manter assim até o final? Eu não achei ruim, mas entendo quem estranhe. A movimentação e a aparência são diferentes da animação tradicional, afinal. Nem pior nem melhor com os avanços na tecnologia e a aquisição de know-how pelos animadores, mas diferentes.

A minha suposição é que como precisavam fazer modelos das pilotas para as cenas nos aviões, que têm cockpits abertos, além de animação por dentro também, decidiram por animá-las inteiramente via computador.

Se em termos de animação os personagens ficaram apenas aceitáveis, os aviões por sua vez ficaram espetaculares.

 

Essa enormidade de detalhes no avião seria virtualmente impossível com animação tradicional

 

As cenas de batalha e perseguição aérea foram os destaques do episódio. Quando a câmera ficava dentro do cockpit me passava a sensação de estar dentro daquele avião, voando.

Eu acho que deveria ter mais cenas com a câmera dentro do cockpit. As câmeras aéreas, os planos gerais e os close-ups nas pilotas foram legais também, e não daria pra contar a história da batalha sem elas, mas a câmera de dentro do cockpit foi de longe a melhor.

A sonoplastia da batalha foi um destaque à parte. Os tiros na fuselagem, o barulho dos motores, e como as garotas chegando todas juntas em seus Hayabusas soavam como um enxame de mosquitos foi sensacional.

Mas vamos falar do grande problema desse primeiro episódio de Kotobuki. Introduzo ele com uma pergunta: qual a história do anime?

 

O capitão está confuso, e eu também

 

Se está difícil, tente responder essa outra: qual a história desse primeiro episódio?

Se visualmente o anime deu um show, principalmente nos dogfights, narrativamente Kotobuki ficou devendo e muito. Tecnicamente, as cenas finais das garotas na cidade revelou mais sobre elas do que todo o resto do anime até então.

Eu descobri que a ruiva com rabo de cavalo, que parece ser a líder, tem um monte de irmãos. A de cabelo comprido que se veste de amarelo não deve ter família ou amigos próximos, dado que a primeira coisa que foi fazer foi ir comer e beber na rua sozinha. A de cabelo branco e esquisito tem uma mãe (acho) presa a uma cadeira de rodas. A loira parece viver sozinha em um casarão caindo aos pedaços. Os nomes delas (tive que caçar no episódio) são, respectivamente: Reona, Zara, Kate, e Emma.

 

 

E Kirie, a protagonista otimista e que adora panquecas, perdeu alguém querido. Ela é a única que recebe tratamento especial, porém, tendo tanto a sua personalidade mais destacada e nuançada ao longo do episódio quanto uma cena no final do dogfight que deu a entender que ela tem uma obsessão.

Dado sua visita ao túmulo, é fácil somar 1 com 1 e concluir que ela provavelmente esteja tentando se vingar de quem quer que seja, pessoa ou organização, responsável pela morte de seu ente querido.

É só uma semente minúscula de roteiro, mas sendo apenas o primeiro episódio estou disposto a fazer vista grossa para Kouya no Kotobuki Hikoutai dessa vez.

 

Kirie reza perante um túmulo no alto de uma colina

 

  1. Sendo sincero Kouya no Kotobuki Hikoutai me surpreendeu bastante.
    Ainda antes da estreia dele, já estava de pé atrás por causa do estúdio GEMBA (o responsável por matar duas versões animadas de Berserk), mas na cena dos caças fiquei convencido que vou gostar do anime.
    Não sei em o quê a história se vai desenvolver e nem percebi as motivações das personagens (já dá para ter uma ideia delas com a parte da cidade, ainda assim), mas espero que tenhamos mais confrontos entre caças e que as mesma mostrem o que acontece dentro dos caças (para mim dos melhores momentos.
    Quanto à parte técnica não reclamo, mesmo sendo CG mesclado com animação tradicional, foi competente em especial no design dos caças (até colocaram os mostradores e indicadores do caça, a staff está de parabéns).
    A única coisa que reclamo foi na parte da mecânica quando esta estava a ligar o motor do caça da Kirie, nesse momento ela foi muito lenta (pode ter sido por causa da animação), para ligar o motor de um caça era necessário movimentos rápidos, bastava ser um pouco mais lento e afogava o motor do caça, deixando o mesmo inutilizável (basta ver alguns vídeos da segunda guerra mundial, tem muitos onde se vê os mecânicos a ligarem os motores dos caças em porta-aviões japoneses).
    A parte do som, essa sim o destaque, durante as dogfights o som das metralhadoras dos Nakajima Ki-43 Hayabusa foram sublimes, o som das balas a cravejarem a fuselagem foram épicos e o som dos motores, estes nem tenho palavras para os descrever.
    Os caças Nakajima Ki-43 e outras variantes são quase tão lendários como o famoso Mitsubishi A6M Zero, ambos partilhavam uma desvantagem que se provou fatal na parte final da Segunda Guerra Mundial, a falta de blindagem e falta de isoladores nos tanques de combustível (o Nakajima sofria de outro problema, ele não podia ser equipado com canhões, ao contrário do Mitsubishi A6M Zero).
    Agora é esperar pelo segundo episódio, para ver se o anime mostra para que veio.
    Antes de terminar, o título do artigo é nota 10.
    Excelente artigo de primeiras impressões Fábio.

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Olá Kondou, tudo certinho?

      Depois que me informei sobre quem seria o diretor, foi só hype até a estreia do anime. E não me decepcionei! Poderia sim ter um pouco mais de história desde o começo, mas acho que para um primeiro episódio Kotobuki compensou com atmosfera.

      E com uma animação excelente, é claro, sem a qual teria sido impossível construir essa atmosfera em primeiro lugar. E, claro, é um deleite para quem gosta de qualquer coisa militar ou de aviação.

      Aguardemos ansiosos o próximo episódio 😃

      Obrigado pela visita e pelo comentário!

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