Você já ouviu falar da Cygames? Provavelmente sim. A desenvolvedora de jogos japonesa vem crescendo no ramo desde 2011 e grande parte de seus títulos já viraram animes. Rage of Bahamut, The Idolmaster Cinderella Girls, Granblue Fantasy e Uma Musume Pretty Derby são apenas alguns dos exemplos. Porém, como forma de investir ainda mais nesse negócio, em 2016 a empresa lançou o estúdio CygamesPictures, que começou com uma animação de Blade Runner e agora está com sua primeira série para TV: Manaria Friends. O spin-off de Rage of Bahamut foi uma tentativa de atrair um novo público para a popular franquia, mas será que deu certo?

Quando escolhi Manaria Friends para cobrir semanalmente na coluna A Semana é Curta, não tinha assistido a nenhum episódio da série principal. Tudo bem que até hoje ainda não fiz isso, mas este não é o ponto. Apresentar uma animação curta focada na amizade entre duas princesas colegiais é uma proposta muito convidativa para este universo. Apesar de talvez não ser exatamente o que os fãs de Rage of Bahamut esperavam, é apelativo o suficiente para que boa parte dos otakus de plantão se interessassem.

Um dos pontos positivos para isso é a transparência em explicar sobre o que seria esta animação. Desde o princípio sabia que não precisava assistir à serie principal para entender esta, assim como encontrei o que esperava neste anime: uma história despretensiosa sobre uma amizade com uma pitada de fan-service e, talvez, algumas magias. Para minha surpresa, acompanhá-lo foi ainda mais divertido do que imaginei, graças ao carisma das personagens e o belíssimo visual.

A trama é bem simples. Durante os 10 episódios de 15 minutos acompanhamos a relação entre as princesas Anne e Grea na escola de magia Mysteria Academy. Enquanto uma é estudante de excelência e admirada por todas, a outra é uma tímida híbrida entre humano e dragão. Essa amizade pode parecer improvável à primeira vista, mas a dinâmica entre as duas personagens funciona muito bem e é o foco de todos os episódios. Entre as coadjuvantes, se destacam Lou, uma estudante fofa e atrapalhada; e Hanna, a tradicional presidente do conselho estudantil. Infelizmente, elas não ganham tanto espaço quanto as protagonistas, o que acaba sendo um desperdício em explorar outras personagens.

Mesmo com metade do tempo da duração tradicional, os episódios tendem a ser lentos, com um caráter mais contemplativo. O lado bom é que o estúdio CygamesPictures fez um excelente trabalho em criar atmosfera e um belíssimo visual, não só das personagens como do ambiente. Por isso, há muito para se admirar aqui. Porém, o que peca é uma falta de desenvolvimento na trama, que acaba sendo resumida aos momentos que as protagonistas passam juntas, com uma crise ou outra na relação.

Provavelmente você deve estar se perguntando: afinal de contas, é um anime yuri ou não? Mesmo que esse tipo de narrativa acabe caindo nesse clichê, não há nada explícito aqui. No fim das contas, apenas acompanhamos uma amizade entre duas pessoas muito próximas. Algo além disso pode até ser sugerido, mas por enquanto não foi confirmado e está apenas na cabeça dos fãs. Vale lembrar que o fan-service é algo recorrente aqui, principalmente relacionado à personagem Grea, como pode ser visto logo no segundo episódio, A Agonia de Grea.

Sei que esse não era o foco, mas senti falta de sequências de ação em Manaria Friends. Não é possível que toda a história se passe em uma escola de magia, mas esse elemento fique em segundo plano. Não é à toa que o melhor episódio é o quinto, A Queda da Academia. Definitivamente gostaria de ver mais coisas como essa. Quem sabe em uma segunda temporada?

Se você é fã de Rage of Bahamut, talvez Manaria Friends não seja exatamente o anime que você esteja esperando. Acredito que essa foi uma investida para conquistar um novo público, explorar novos gêneros dentro da franquia e apresentar a qualidade visual do estúdio da Cygames. Acredito que seja uma ótima desculpa para revisitar este rico universo e conhecer uma bonita relação entre personagens com muito carisma.