Persona 3 – Minha simplória crítica à Razão
Por que eu gostei desse animê? Sempre acho complicado responder essa pergunta com precisão.
Obviamente que podemos correr para os braços da objetividade, os critérios técnicos (direção, animação, OST), o que facilita bastante o trabalho, já que podemos apelar aos gloriosos teóricos que nos suportam e proporcionam algo em que se balizar.
Mas isso é arte, pô! Tudo bem, é arte comercial, mas ainda é arte. Em que o principal é o quanto aquela obra dialogou com você, o quanto ela te tocou, te divertiu, te emocionou, te fez pensar. Isso envolve sentimento.
Esse artigo se refere a toda a série de filmes Persona 3.
Nossa sociedade optou por seguir o caminho da técnica. Mas técnica não tem vida. É fria. A razão ajuda, mas é a emoção que move. É a sensação que arde e faz valer a pena.
E, quando entramos no campo do sentimento, da experiência, fica impossível quantificar e colocar em caixas, porque é muito subjetivo, muito variável de pessoa para pessoa.
Acho que a tara ocidental por classificação vem do medo da infinitude que a liberdade proporciona. É muito mais controlável jogar tudo em categorias e ir empilhando do que adentrar o abismo das sensações.
Persona 3 (todo esse artigo se refere aos 4 movies, usei apenas “Persona 3” para facilitar) é um animê que não tem nada de especial. Ele é um clichê bem executado seguindo todas as regras do manual, incluindo o “insira algum diferencial, mesmo que mínimo”.
O balanço entre ação e slice of life é muito bem feito. Ele consegue despertar empatia através das relações entre os personagens. E é interessante notar como um trabalho bem pavimentado acaba tornando aceitável certas situações que são forçadas e tendem à breguice.
Refletir sobre o que me fez gostar tanto de Persona 3 foi o que me levou a escrever esse artigo. Minha identificação com o Makoto é algo completamente subjetivo e foi o que desencadeou isso. E, a partir de um envolvimento que o animê me proporcionou, fiquei extremamente receptivo para todo ele.
Persona 3 explora razoavelmente bem os personagens, conseguindo fugir da unidimensionalidade, mas ele não faz isso no nível de um Evangelion. Algumas soluções são um tanto quanto fáceis, mas, mesmo assim, a sensação que ele me proporcionou acaba suplantando esse tipo de coisa.
Como dito, arte é envolvimento. A melhor forma de qualificar uma obra é mensurando o quanto ela te envolveu. Por isso que é tão difícil julgar, já que cada um vai se relacionar de uma forma. E essa relação ainda pode variar de acordo com o momento da vida que a pessoa teve contato, o que resulta em disparidades no julgamento da mesma pessoa.
Por isso que sempre valorizo mais a sensação que a obra me proporcionou do que a qualidade dela. De que adianta um espetáculo da técnica, como Tenshi no Tamago, se ele não conversa com você, se ele não te envolve? Mais vale um Charlotte da vida que, por mais que seja uma merda, chegou no momento certo que você estava precisando. Talvez, se você assistisse ele um ano depois, com outras coisas acontecendo na vida, ele não representaria nada. E, aí sim, os problemas dele iriam incomodar muito.
Esse texto deveria ser uma resenha sobre Persona 3, mas acabou sendo uma confusa crítica à razão.
Eu não tenho a menor pretensão de chegar a uma resposta definitiva. E nem quero isso. Só acho válido ressaltar a importância de algo que quase sempre fica de lado ou, no mínimo, é colocado em categoria muito inferior. Acho que deveríamos dar mais valor ao envolvimento emocional que a obra proporciona do que a racionalidade dela.
Sayonara. Bye, bye o/
(〜 ̄▽ ̄)〜 Acredite no coração das cartas.