Bom dia!

Com o fim do Mars Brightest encerrou o primeiro cour do anime. Muita coisa começa a mudar rápido, novos personagens aparecem em quase todos os episódios a partir daqui, e Carole & Tuesday tem novas animações de abertura e encerramento.

Da de encerramento, com a Angela, eu gostei. A nova abertura ainda não me convenceu, e já estamos no episódio 17.

 

 

Angela venceu o Mars Brightest, mas Carole e Tuesday terão a oportunidade de assinar um contrato também. Com a Brightest Records, da Catherine.

As três estão em seus respetivos auges de suas carreiras até agora, tanto a experiente modelo e atriz mirim tornada em cantora Angela quanto as até então anônimas Carole e Tuesday.

Em termos relativos, essa constatação faz parecer que esse resultado foi muito mais vantajoso para as protagonistas do que para Angela. Mas não é bem assim.

O contrato oferecido por Catherine para Carole e Tuesday talvez garantisse razoável liberdade criativa e provavelmente seria muito lucrativo. Além de ser o caminho mais fácil. Quero dizer, nunca vamos saber porque o contrato sequer foi assinado e não tivemos acesso ao seu conteúdo completo.

Por outro lado, ele essencialmente tornava a Brightest Records dona de Carole & Tuesday. Os termos de rescisão são duros, e elas sequer poderiam manter o próprio nome artístico caso rompessem com a gravadora.

 

 

Gus recusou.

Angela, por outro lado, assinou. Como ela já é uma artista estabelecida duvido que seu contrato seja tão duro – e em todo caso já havia muita grana por trás dela mesmo antes de vencer o Mars Brightest.

Mas mesmo que o contrato fosse igualmente draconiano é provável que Angela o assinasse mesmo assim. Ela está determinada a se tornar uma superstar a qualquer custo, afinal.

Tudo isso só para agradar Dahlia? Ela havia dito para Tao, antes da final do Mars Brightest, que tudo o que fazia era pensando em outra pessoa. Ela queria ser reconhecida por sua Mama. Mas na mesma ocasião ela também disse que não iria cantar mais por isso, pelo menos a canção da final.

Ela encontrou um novo objetivo na vida? Ou apenas quer ser reconhecida por outra pessoa agora? Bom, os sinais já vinham desde antes desses episódios, mas nos mais recentes acredito que esteja claro que a Angela quer a atenção do Tao. Paixão? No episódio 14, por exemplo, ela se incomoda com a projeção holográfica que Tao criou dela para simular novas canções.

“Quando estiver pronto não vai precisar mais de mim?”, pergunta Angela, entre angustiada e enfurecida. Tao não perde a compostura. Ele nunca perde.

 

 

Mas há um outro desenvolvimento da personagem, digno de nota por não ser uma relação de dependência, de busca de atenção: parece que ela reconheceu em Carole e Tuesday adversárias dignas. Ela quer ter essa concorrência.

Carole e Tuesday, por sua vez, sem um contrato, vão precisar se esforçar muito para conseguir concorrer com Angela. E é assim que, graças a um novo grande plano de Gus, elas encontram um produtor musical: Tobe.

O que dizer? Ele é um personagem insuportável. Para mim, como espectador, eu digo. Mas parece ser insuportável para as pessoas ao seu redor também.

Dou um desconto. O mundo artístico é cheio de esquisitões, não é? Esse é só o “jeitinho” dele.

Em qualquer caso, não cobrou nada antecipado, fez bem o seu trabalho e tem conexões, além de guardar os arcanos de quando a música não era dominada pela inteligência artificial. Tudo o que Carole e Tuesday precisavam.

 

 

A fortuna ainda está distante, mas a fama já está causando problemas para Carole e Tuesday. E com a fortuna que ela já possuía mais o novo investimento da Brightest Records, os males da fama atingem também Angela.

A vencedora do Mars Brightest ganhou um stalker para chamar de seu. O sujeito oculto é dedicado, e parece particularmente bem informado – até mesmo sobre coisas que ainda nem foram reveladas em público.

Em retrospecto, tendo assistido os episódios mais recentes, parece óbvio, mas os sinais disso também já estavam presentes desde esse par de episódios: parece que quem quer que seja seu stalker, ele tem acesso à intimidade de Angela através de todo o aparato tecnológico onipresente nesse mundo.

Um super hacker em um mundo no qual a inteligência artificial se tornou mundana é especialmente perigoso.

E Tuesday achando que tinha sofrido com Cybelle…

As protagonistas, por enquanto, estão sofrendo apenas o assédio de novos fãs. Angela conta com várias pessoas quase sempre ao seu redor e um aparato de segurança sofisticado, mas Carole e Tuesday ainda dividem um apartamento barato e continuam com sua rotina de bicos.

Carole tem ainda um tipo todo especial de stalker: casais aleatórios começaram a brotar do inferno dizendo ser seus pais.

 

 

Ainda bem que um certo condenado terrestre em liberdade provisória estava de passeio por Marte nesses dias…

Que forma de reencontrar a família.

Dann foi preso quando Carole era ainda muito nova. Ele alegou legítima defesa mas não adiantou. Não sabemos o que realmente aconteceu então não estamos em posição de julgar.

E esse é todo o ponto, não é? Não importa o que aconteceu, não importa se Dann é inocente ou culpado, o fato é que a Carole com certeza é inocente.

Seu pai tem plena consciência disso. Ele não veio para ter um reencontro emocional com ela, muito menos para pedir seu perdão. Não há do quê pedir perdão, e ao mesmo tempo é absolutamente imperdoável.

Tudo o que Dann queria era olhar para sua filha. Talvez ele nem planejasse se aproximar tanto dela, tendo feito isso apenas porque Carole falou com ele primeiro, e depois porque precisou agir quando as duas estavam sendo vítimas de assediadores.

 

 

É interessante como ele notou que a filha estava pronta para reagir. Ele próprio foi preso, alegadamente, reagindo a uma agressão. Visto dessa forma, ele protegeu Carole em mais de uma forma.

Dann vai embora sem pedir perdão, mas depois de contar tudo para Carole – exceto que ela era a filha que ele procurava, mas àquela altura isso não era necessário.

A reação da garota indica que ela entendeu, mas não consegue acreditar ainda. O aceno de despedida foi uma forma de tentar fazê-lo mostrar a marca de nascença no pulso. Dann não mostrou nada.

O que quer que o futuro lhes reserve, por debaixo de todas as camadas de incerteza da Carole, além das dúvidas, parece que seu coração já o perdoou.

A situação familiar de sua parceira, Tuesday, por enquanto permanece estável, mas com certeza não continuará assim até o fim do anime.

Valerie é uma populista, e sob aconselhamento de Jerry, um marqueteiro político, está caminhando para o extremo que bem conhecemos de nosso próprio mundo, e que, no auge de sua popularidade, chegou a ser incensado como a “democracia iliberal”.

 

 

A farsa pode já ter acabado mas os governos ditos “iliberais” continuam tornando o mundo um lugar pior, menos livre, menos democrático, e mais autoritário. Prometem (e cumprem!) os mesmos absurdos que Valerie está prometendo: políticas comerciais agressivas e controle draconiano de fronteiras, convencendo suas nações de que os estrangeiros são uma “ameaça”.

Sendo a própria Carole uma imigrante terrestre, a chance é grande de que a política que a mãe de Tuesday defende prejudique sua amiga e parceira.

Como Kyle, o jornalista que está acompanhando Valerie de perto, diz para Tuesday, cedo ou tarde ela precisará enfrentar a mãe.

E não sou de especular muito sobre Carole & Tuesday, seus personagens são tão fantásticos que eu tenho mais do que o suficiente para dizer mesmo que escreva apenas a minha interpretação do que estou vendo nesses episódios, mas esse ponto em particular me atiça.

Estou inclinado a apostar em um final com uma moral meio hippie, de paz e amor através da arte, em que Carole & Tuesday irão acalmar as multidões inflamadas pelo discurso xenofóbico de Valerie apenas com sua música. É a isso que os tais 7 minutos miraculosos da abertura dos episódios estariam se referindo.

Quer apostar?