Bom dia!

Acho que esse é o primeiro episódio que foca na Tilarna e em seu desenvolvimento como personagem completamente independente do Kei.

Faz muito sentido que tenha vindo logo depois do episódio em que o Kei finalmente a reconhece, explicitamente e sem rodeios, como uma parceira em posição de igualdade. Independente de seus sentimentos confusos por ele, era isso o que ela mais queria para conseguir se sentir em paz.

Mas foi justamente nesse ponto em que ela descobriu que um policial nunca vai viver em paz.

 

Zoey morre aos pés de Tilarna

 

Cop Craft dá um arco de personagem para a Tilarna sem desviar dos tropos do gênero policial. Muito pelo contrário, é através deles que a Tilarna é conduzida nesse episódio.

Ela não ficou feliz, e esse era o ponto.

A Tilarna mal aprendeu o que é sexo e já teve que trabalhar como agente infiltrada em um bordel. Quase acaba indo para a cama com um dos clientes.

No mundo de Cop Craft parece que a prostituição é proibida.

 

Curiosidade: isso não é padrão no mundo. No Brasil, prostituição não é crime. Desde 2002, inclusive, passou a fazer parte da Classificação Brasileira de Ocupações do então Ministério do Trabalho (hoje, Secretaria do Trabalho do Ministério da Economia). O que é crime, isso sim, é a cafetinagem (proxenetismo ou rufianismo), que é vender o serviço sexual de terceiros.

 

É claro que isso coloca as prostitutas, que são mulheres que já estão em condição desfavorável, sob pressões ainda maiores. Tanto pior quando isso envolve gente graúda, como sói acontecer com lastimável frequência na ficção como na realidade.

Não só um político grande, importante, candidato a prefeito, frequentava o referido bordel, como foi justamente ele quem contratou os serviços da Tilarna disfarçada de menina rica que fugiu de casa (o que não é totalmente errado).

A garota certamente ficaria perturbada com quem quer que ousasse se aproximar dela com aquelas intenções, mas o fato do tal candidato Mozeleemay ter poder para confrontar a administração da justiça a deixa duplamente perturbada.

Montar um caso contra ele estava se provando difícil, pois que ele possuía meios para se defender, legais e ilegais, e não abriria mão de nenhum.

Até o final do episódio, Tilarna ficaria triplamente perturbada.

 

Um encontro em uma viela escura entre Zoey e Mozeleemay

 

Zoey era uma das prostitutas que trabalhavam naquele bordel, e, como todas as demais, também foi fichada pela polícia e seria processada. Qual será a pena para prostituição em San Teresa? Dinheiro nenhuma delas têm, e cadeia soa ainda pior. Como dito acima, criminalizar a prostituição prejudica ainda mais mulheres que já estão em situação de extrema vulnerabilidade.

Não ficou claro se ela tinha uma função um pouco acima das demais, algo como a “prostituta-chefe”, mas para a Tilarna ela exerceu esse papel. Estava acompanhando ela e explicando as coisas. Mesmo depois do estouro do prostíbulo, ela ainda não sabia que a garota era policial.

E foi assim que, por acaso, Zoey e Tilarna se tornaram amigas. Amigas improváveis, e em qualquer outra circunstância amigas impossíveis. Kei diz a Tilarna que ela e Zoey vivem em mundos diferentes porque uma é policial e a outra é ré, mas essa é só uma das barreiras intransponíveis entre as duas.

 

Tilarna e Zoey aproveitam sua efêmera amizade

 

Tilarna vem de uma família de posses, esse tanto a Zoey sabe, mas acredita que ela está fugida. Isso não é verdade. Em seu mundo original, dividido por um sistema de castas que ainda reconhece poderes e direitos especiais para a nobreza, elas estariam ainda mais distantes.

Se Zoey veio para esse mundo, ainda que para comer o pão que o diabo amassou, é porque bem já não estava lá no outro. Que justiça é essa, Tilarna?

Em San Teresa, na Terra, ela talvez continue sendo obscena de tão pobre, mas ela pelo menos consegue sonhar. É como o vilão insano do primeiro arco: aqui, basta dinheiro. Qualquer um pode ter! Ou assim insinua o canto da sereia.

 

Zoey sonha em ser fotógrafa

 

A amizade improvável entre duas pessoas tão diferentes teve um fim trágico.

O sonho de Zoey era ser fotógrafa. Não trabalhar como fotógrafa, mas apenas levar seu hobby um pouco além, com uma modesta exposição de seu trabalho.

As circunstâncias de Zoey não melhoraram desde que deixou de ser uma prostituta. Agora, ela vivia como informante do mesmo Mozeleemay que estava dando trabalho para a polícia e a promotoria.

O que mais ela tem para vender, afinal, que alguém queira comprar?

Ela precisa de dinheiro. Ela foi despejada assim que seu senhorio descobriu que ela era uma prostituta. Se é difícil até mesmo para uma nobre, como Tilarna, alugar um lugar para morar, como vimos o Kei tentar em vão, imagine como é para a Zoey.

Provavelmente quem pagava por aquela linda casa com vista para o mar não era ela, mas o Mozeleemay (ou sua esposa).

Tilarna, a policial, descobriu que Zoey era a informante do Mozeleemay.

 

Tilarna confronta Zoey, que não se arrepende de nada

 

Tilarna, a amiga, ainda tentou conversar com Zoey. Mas quando essa descobriu quem a outra realmente era, enfureceu-se – e com justiça!

Para o desespero de Tilarna, as duas nem tiveram tempo de brigar: um tiro no peito. Mais uma imigrante pobre, forçada a fugir de seu mundo, abusada nesse outro, foi descartada por interesses que habitam círculos superiores ao dela.

Como se nem tivesse dado por conta a bala no peito que a fazia jorrar sangue, Zoey continuava a se defender de Tilarna: ela não estava arrependida. Ela não fez nada de errado.

Além da dor, Zoey deixa para Tilarna o retrato da amiga e sua câmera fotográfica.

 

Retrato de Tilarna, o canto do cisne de Zoey

 

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