Bom, ainda não sei até onde essa comédia pode nos levar, mas já adianto que a estreia pagou a minha viagem. Misturando um pouquinho da proposta de Beastars, com uma boa dose de Kemono Friends, Africa no Salaryman e a não animal Aho Girl, Murenase! Seton Gakuen vem com uma identidade própria e que vai abusar muito dos clichês escolares, das formas mais absurdas possíveis. Se vale a pena? Me acompanhem para saber!

A Academia Seton é uma escola exclusiva para animais, numa sociedade em que certamente humanos e bichos vivem juntos – isso não foi explicado, mas acho que é meio óbvio que seja essa a realidade aqui. Jin e Hino são os dois únicos “homo sapiens” inseridos nessa escola e a razão ninguém sabe, apenas sabemos que eles ficam deslocados e que o rapaz odeia animais.

Me chamou atenção a escolha do autor na representação dos sexos, já que os machos de cada espécie são animais de fato, enquanto as fêmeas ficam como meio a meio. Acredito que para fins de agradar a turma dos doujins, isso tenha ficado desse modo, e apesar de achar bizarro não me incomodou. Acho que além das peculiaridades de cada animal, essa mudança cria um dinâmica interessante nas interações entre os grupos.

As protagonistas iniciais me conquistaram logo de cara com todo seu carisma, já o Jin eu tive um pouco de dificuldade para aceitar. Além de chato, penso que apesar de ele ter um motivo coerente para odiar os animais, me irrita a forma extremista como ele aplica sua raiva até porque nenhum excesso é saudável, se assemelhando ao Akkun da outra obra que citei lá em cima.

Hino é uma versão 2.0 da Onodera de Nisekoi, indo do visual, até as características padrão da mocinha perfeita. Valendo lembrar que assim como a mesma, a menina é igualmente simpática e fofa. Ela é o contraponto do rapaz, pois mesmo não se sentindo à vontade naquele meio, se esforça e se mantém aberta tentando um diálogo com as outras espécies.

Diferente dos dois, Ranka é uma loba extremamente energética e adorável, porém solitária. A classifico também como alguém bem instintiva. O ataque ao diretor e sua reação às ações do Jin, bem reforçam isso. As cenas em que ela “surta” por alguma coisa que ela toma para si, são bem divertidas e exploram bem essas características que citei nela – e a dubladora dela ainda é a única Hina Kino, mais conhecida como a Hanako (Asobi Asobase).

Falando nisso, achei bem interessante o desejo sincero dela de criar uma matilha onde animais de espécies diferentes podem se relacionar sem medo ou restrições, onde ninguém se sinta sozinho como ela. Acredito que é bacana criar um propósito maior para a personagem, e que de fato é algo que traz uma mensagem importante, mesmo dentro da proposta simples apresentada.

Nessa hora saquei que mesmo dentro da comédia o anime parece propor que essas relações que vão se desenvolver têm lá o seu papel social, mesmo que mínimo ou quase imperceptível.

Outra prova disso está em uma das situações apresentadas nessa introdução. A loba além de solitária também é vítima de bullying, acredito que justamente pelos atributos que citei, a tornando vulnerável à colega mandona. Enquanto os outros animais parecem ter aderido mais ao comportamento humano, ela permanece bem primitiva e isso a coloca em condição de isolamento.

Ri alto quando o Jin colocou a zebra vilãzinha em seu devido lugar, a comparando aos asnos – que por sinal foram outro acerto. Achei a dupla de “meganes” demais, principalmente pela caracterização, já que agora os burros são os nerds, olha só a ironia da vida.

Em compensação às partes legais, o único ponto que considerei fraco aqui seria exatamente o ataque dos ursos, que acabaram se valendo de uma rápida tentativa de assédio para apresentar o problema do dia. Felizmente, a coisa não foi grave e nem comprometeu meu divertimento, mas como sugestão, acredito que outras situações poderiam destacar os preconceitos e as dificuldades que o trio enfrentaria naquele primeiro instante.

Talvez algo usando uma outra situação com o bullying da Ranka, ou mesmo com o fato da Hitomi ser humana e eles terem preconceito contra ela acho que isso já bastaria, mas optaram por essa ocorrência – ainda assim reforço que a cena não chega a ser aflitiva, sinceramente. No final todo mundo teve sua parcela de heroísmo na resolução da coisa principalmente o professor Rex maravilhoso e com isso o Jin se junta à lobinha.

A amizade entre os três me parece que vai ser algo bem interessante, porque ao passo que o Jin tem seus rompantes de fúria, ele tem sua dignidade e valoriza o respeito ao próximo embora também seja adepto da agressão tsundere. A Hino é um doce e a Ranka gosta dos dois, tanto que ambos ganharam suas lambidas – bem verdade que ele ainda saiu com uma beijo na boca, mas a bichinha não fez exceção.

A comédia é algo que, como sempre se diz, é questão de gosto mesmo e cada um sabe o seu, mas acho que aqui acertaram na dose de loucura só não garanto que gostem do excesso de baba da protagonista. Outra observação importantíssima, além do fofo encerramento eu adorei a abertura, bem colorida, movimentada, com muita confusão e diversidade animal em toda parte – inclusive me parece que vai ter uma personagem sem sexo definido. Que bicho será?

Enfim, saí muito satisfeito com essa estreia que parecia não ter muito a oferecer, e agora confio que ela pode ser sim uma das gemas perdidas de janeiro. Eu já faço parte da matilha da Ranka, quem mais vem?

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