Aprender sobre jóias enquanto se desvenda segredos tem se tornado uma atividade bem prazerosa, então o que dizer desses dois bons episódios, que são tão distintos e ao mesmo tempo tão iguais ao carregar uma mesma mensagem e sentimento? Enfim, cabem as pedras preciosas mostrar que o amor de fato tem várias “formas e tamanhos”.

A simplicidade das duas histórias é uma característica própria do anime que tem me agradado bastante desde o começo e aqui não foi diferente. A primeira história é um pouco mais delicada e densa que a seguinte, contando com um elemento que eu não esperava ver tratado como foi.

Richard sempre se mostrou fino e de uma conduta exemplar, mas nesse primeiro momento reforçam bem essa característica, além de usar as ações dele como um meio de trabalhar a própria formação de caráter do Seigi.

Por conta da sua criação, ingenuidade e bondade excessiva, ele é como uma folha em branco, que pede para ser preenchida por alguém – encontrando no joalheiro a pessoa certa para tal.

As correções que o loiro faz ao rapaz, em relação ao item respeito, são fundamentais para qualquer ser humano e fico satisfeito de ver que ele tem essa noção e a passa adiante com a devida seriedade. Já do seu lado, o jovem se esforça para aprender o que pode sobre o ofício do seu parceiro e mostra sua dedicação.

Falando em conhecimentos, a Tanimoto entender sobre minerais também foi uma ferramenta conveniente em vários sentidos, porque dá a ela mais possibilidades além de uma tentativa de romance na história e a integra um pouco mais ao conjunto. Também achei ótimas as expressões malucas dela ao falar das pedras, porque confere a ela uma personalidade que tava faltando.

A preciosidade da vez foi um rubi e a sua dona, Mami, tinha um forte interesse em saber o processo pelo qual passou a pedra que tinha em seu broche. Pontuando aqui, acho fascinante a riqueza de detalhes que o anime nos oferece no estudo das jóias, fico impressionado com cada explicação dada sobre processos, tratamentos, e essa aqui teve um desenvolvimento bem legal.

A personagem tinha seus segredos e pesares – refletidos no seu sembante -, mas não conseguia lidar da forma certa com essa mistura de ideias e emoções. O noivo dela apesar de meio paranóico me pareceu uma pessoa boa e racional, tentando resolver da melhor forma possível o problema do casal, considerando o pouco que ele podia fazer.

O fato da Mami amar outra mulher não era um fardo até a convivência provar que nem tudo nessa vida são flores, dependendo do caminho que se escolher. Imagino que pela criação que recebeu, a moça nunca tenha de fato sentido na pele o que é o preconceito e a pressão da sociedade, mas uma vez feita a sua opção, ela própria não resistiu a tudo isso como o ser humano que é.

O modo simples e direto com que os protagonistas tratam toda a questão e a própria Mami, é bonito de se assistir. Acredito que no final ela alcançou paz interna e entrou em concórdia com sua própria escolha, ao entender que o amor guardado na jóia que lhe fora dada, merecia bem mais do que a sua resolução falha.

Nem ela própria merecia se castigar, plantando no deserto como ela mesma disse antes. Afinal se um caminho já era doloroso, não imagino como o outro seria diferente já que a oposição viria de uma outra fonte, ela mesma. Tudo era apenas uma questão de ela entender a si mesma e finalmente seguir em frente com a sua decisão – o cabelo seria uma consequência dessa mudança.

Gostei do olhar com que esse tema foi abordado pelo anime, com o devido respeito e sem exageros, acho que foi um caminho correto dentro da proposta oferecida.

Bom, diferente da Mami que tentava entender o seu amor, o cliente seguinte buscava entender o dos outros, isso através do olho de gato de crisoberilo que recebeu.

Um dos méritos do anime tem sido a variedade de pessoas e situações – algo que tenho gostado bastante até aqui. A criança que veio foi uma adição curiosa e bem vinda, um personagem interessante bem maduro para o padrão e que achei muito simpático apesar da rudez inicial – aquele jeito comum de mostrar seriedade.

Uma vez conformado com a “perda” sofrida, a sua ação é tentar buscar a proteção por si mesmo, um gesto bonito e que mostra o quanto ele se importa com seus pais e o bebê. A questão é que como toda criança inocente, ele mal interpretou o ato do pai – que de fato agiu com prudência – contra ele e seu gato. Se o gato sempre foi um amuleto da sorte, um grande companheiro e acima de tudo um membro da família, por que se livrar dele?

A questão da toxoplasmose durante a gestação, realmente é uma coisa séria e digo isso com conhecimento de causa, já que passei por um caso desse na família. Felizmente pela graça de Deus, o bebê veio saudável, mas é um risco comum cuja prevenção é necessária, mesmo sob circunstâncias como as deles.

O natural era o menino achar que podia ser somente maldade da parte dele, mas o pobrezinho é tão consciente, que lá no fundo ele sabia que o pai não tinha esse sentimento, mas apenas se mantinha omisso aos sentimentos do filho enquanto tentava proteger a própria família.

A resolução aqui mais uma vez foi linda e pai e filho encontram um caminho onde ambos podem lutar juntos, lado a lado e viver sem segredos. A memória do Richard é um elemento que me assusta, e a forma como ele associa todos os fatos relacionados aos seus negócios é de se aplaudir – conveniente até demais, mas particularmente não me incomodo com isso.

Permanecendo com o foco no joalheiro, quando falaram sobre a relação de pais, filhos, sentimentos e as jóias, o protaognista deixa no ar uma questão sobre seu relacionamento familiar. Me pergunto como ele é e que influência isso exerceu na sua personlidade, já que de algum modo ele parece distante e frio.

Uma coisa menor que me chamou atenção nesse episódio foi o evento do Mineral Show. Para além do engraçado momento de alegria do Seigi com o “encontro” – me senti represntado pelo joalheiro com a cara de paisagem -, fico instigado para ver que tipo de acontecimentos ele trará e como isso será útil ao enredo.

Obrigado a quem leu e até a próxima jóia rara!

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