Abayama, o Itto-Ryu mais antigo, talvez até mesmo um dos membros fundadores da filosofia do bando. Nesse antepenúltimo episódio de nossa longa jornada, somos apresentados para um erro brutal no anime. Aconteceu uma distorção na decisão desse grande personagem, distorção e realocação de situações que literalmente esvaziaram o destino e propósito de todos os novos membros do bando.

Sendo direto, e falando do mangá, pois no anime isso inexiste. Abayama tenta proteger a vida de seus novos companheiros, ele se dispõe a enfrentar sozinho todos os Rokki-Dan que os emboscam. A situação e de um impasse terrível. Em um dado momento, seguido do profundo respeito, reverência e reconhecimento que os novos membros têm por seu mestre, guia e mentor, a única solução é literalmente traí-lo. Eles o imobilizam e o afastam do combate, se sacrificam, sacrificam o futuro do bando e abandonam o mesmo para proteger o velho das correntes. É uma decisão tocante.

O anime pecou e muito em não a apresentar corretamente, e mesmo que entenda o motivo e o andar da carruagem, foi muito doloroso ver esse importante momento da história ser jogado fora.

 

 

Todas as cenas seguintes me conduziram a um gosto amargo, e esse episódio me deixou realmente triste pela adaptação.

Temos uma luta sem sal entre Gyiti e Abayama que não transmite nem 1 décimo da luta interpelada nas páginas do mangá. É decepcionante.

Normalmente tento analisar apenas o anime em si e per si, mas dessa vez não consigo, não posso.

Segue-se uma resolução brutal do destino de cada um dos membros do bando da Itto-Ryu, que não dão nem pro cheiro quando confrontam os Rokki-Dan, e mesmo que um dos Rokki-Dan acabe por perder, é uma cena desprovida de peso, embora tenha impacto visual.

 

 

Temos a Hyakurin e o Mitake, o samurai do bumerangue, braço direto e fiel escudeiro de Habaki, sendo mal utilizados em combates que no mangá são incríveis. Tanto é que no anime eles nem sequer mostram o Mitake usando a sua arma de marca registrada.

Mesmo as ações de Habaki, ao coordenar a aniquilação de todos os trabalhadores do porto, ou a luta da Makie, acabam por sofrer de uma anemia de emoção. Acho que não tenho real estrutura para comentar adequadamente esse episódio.

Ofereço o destaque para a trilha sonora, a sonoplastia e para a Makie, pois são os elementos que consigo trazer a mente como responsáveis pela densidade mínima que o episódio transmite. Makie é meu lugar de esperança em um mar de tristezas. Embora Habaki tenha também demonstrado uma presença intensa nesse episódio, reconhecendo as suas decisões e as consequências das mesmas, abraçando até mesmo a morte quando em face da mais temível e habilidosa espadachim do Itto-Ryu.

Manji, que aparece de supetão, fecha o círculo que irá oferecer o desfecho final da história, ele oferece uma sobrevida para Makie e um distração para que Anotsu se apresente ao combate no próximo episódio.

 

 

Por fim, peço desculpas a todos que estão lendo, pois sei que é um texto que pouco consegue transmitir os diversos eventos que aconteceram no episódio. Estou escrevendo sem qualquer real vontade de escrever. Mas não posso deixar de fazer esse artigo, seja por compromisso, seja por respeito ao anime, mesmo que não me sinta bem ao ter que falar sobre ele nesse momento.

Grato a todos que o leram! Nos encontramos no próximo artigo, e espero que a animação consiga transmitir os belos combates que se seguem aos que aqui se desdobraram.

  1. O episódio só valeu mesmo pela Makie, que personagem incrível (sou meio suspeito para falar, desde sempre que ela é a personagem que mais gosto da obra).

    Antes de elogiar ainda mais a grandiosa Makie, que foi aquele gigante de armadura holandês? E o outro holandês com a lança exótica? O holandês gigante é pura apelação, sem exagero a armadura dele deve ter no mínimo 6 milímetros de espessura no torso e uns 4 milímetros no restante corpo. Não bastando isso ele brande duas espadas exóticas (com clara inspiração chinesa) como se fosse nada. Fazendo umas contas básicas, só a armadura de torso (que deve ser uma armadura de placas) pesa uns 30 quilos, junte-se a isso a cota de malha e armadura acolchoada por baixo que devem pesar uns 40 quilos, como o velho se mexe e tem um pouco de agilidade? O velho holandês é um super homem só pode. O outro holandês da lança exótica, ele parece um acrobata.

    Passando ao “duelo” entre o Habayama e o Gichi, que desilusão dos infernos, se era para ser assim, mas valia ter sido uma luta frame a frame estáticos. Sou fã de ambas as personagens, o Gichi só por ter ajudado a Hyakurin já o tinha em consideração. Já o Habayama, de todo o Itto Ryuu ele é um dos poucos que presta e ele treinou bons discípulos (em especial aquele coitado que foi derretido por ácido).

    Agora um momento de raiva, porquê a Hyakurin é um íman de violadores na obra? Aquele cocó que a tentou violar a Hyakurin era um psicopata com um caso extremo de Síndrome de Édipo grave (aquela conversa do doente, que ele tentou pegar a madrasta e foi expulso, a forma como ele disse isso, parecia que não era ele que estava errado e sim os outros).

    Passando de vez para a Makie, desculpe corrigi-lo, mas a Maki não é uma espadachim e sim uma lanceira, aquela arma dela tem o alcance de uma lança média. A parte do barco foi muito boa, a Maki decapitou dois homens como se fosse nada, com a leveza de uma pena. Só queria que ela tivesse matado os dois que iam afundar o barco, nenhum lacaio do Habaki merece viver.

    Achei bem interessante a parte em que a guarda do porto chama a atenção do Habaki, geralmente embates entre os oficiais do Xogunato não acabavam bem para um dos lados (por causa daquela questão das castas). Ver a Makie a matar geral como se fosse nada foi um espectáculo, como uma flor efémera consegue tal façanha. Quando a Makie vai enfrentar o holandês gigante, ela devia ter mirado no pescoço, a única parte desprotegida dele. Queria ter visto a Makie a cortar pelo menos uma mão do Habaki, mas a tuberculose dela não deixou. Foi óptimo ver a cara de medo do Habaki, desde de sempre que ele se acha a última bolacha do pacote.
    Quanto ao Manji, ele aparece na hora H, mas como sempre vira saco de pancada. Achei bem interessante aquele remédio feito com o fígado do espadachim que cortava o Manji. Esse remédio claramente tem raízes na medicina chinesa primitiva, se não me falha a memória, quando alguém estava doente ou ferido era comum médicos chineses recomendarem que o doente tomasse sangue de cavalo e em casos mais extremos sangue de pessoas (tal coisa vem da ideia, se alguém consumir alguma parte de outro ser, vai obter a vitalidade do mesmo).

    Como sempre, mais um excelente artigo e vídeo Youkai Makai.

    • Boa tarde Kondou-san!!!
      Não posso deixar de concordar com tudo o que disse. A Makie é o meu personagem preferido de Blade, embora a obra tenha muitos personagens interessantes, ela com certeza é a que mais se destaca.
      Esse Holandês fora da realidade é um personagens irreal, mas a luta contra ele é absurda e necessária, ela consolida um momento extremamente importante na história, mas não vou dar spoilers!
      O duelo entre o Abayama e o Gyiti no mangá é fenomenal… tá que daqui pra frente só existem duelos fora de série, mas deu uma dor no coração enorme ver o que fizeram com essa parte da adaptação no anime, ainda mais pela consideração que tenho pelo personagem, que de fato, como bem pontuou, é o Itto-Ryu mais digno de todos.
      Essa parte da Hyakurin foi desnecessária, e o autor pega ela pra cristo mesmo, o que é uma pena. Mas por outro lado é importante devido a ele representar a decadência e distorção que circunda o bando, para assim consolidar e justificar o que a Rin está fazendo, a caçada e o embate. Nesse momento só existem oponentes, nenhum herói, só interesses e acerto de contas, mas reforçar o motivo de tudo isso ter começado foi importante.
      De fato, a Makie é fora da curva para ser definida, usei espadachim para generalizar a oposição entre Habaki e Anotsu, mas mesmo Anotsu, quando usa o machado, não se enquadra no termo, ou o médico do bando. O mais adequado é chama-la de lanceira, mesmo que deva existir um termo melhor para caracterizar aquela arma que ela utiliza.
      As lutas da Makie são absolutamente lindas, em todos os sentidos, recomendo que leia o mangá, é de tirar o folego, o anime não consegue chegar nem aos pés nessa parte.
      Habaki é um mostro, mas sabe bem os seus limites, é até engraçado essa parte.
      Manji é o personagem mais estático e menos desenvolvido da obra, e acaba protagonizando momentos bem estranhos no fim das contas, como essa onde ajuda a Makie.
      Isso que falou sobre a medicina chinesa, é por ai mesmo, o Asaemon, o executor da saga da prisão, é de uma família de remédios tradicionais. No anime ficou tudo jogado, nem dá pra entender essa cena, só entendi ela pq li o mangá, mas é importante isso na saga da prisão, que acabou não adaptando essa parte da utilização dos fígados dos condenados para que o Asaemon lucrasse encima.
      E muito obrigado mesmo Kondou-san! Esse artigo eu nem estava com vontade de escrever, foi complicado…

  2. A Makie de tão hábil que é passaria bem perto de ser uma reencarnação de uma onna bugeisha. Na era em que o anime se passa era comum haver mulheres que recebiam treinamento em artes marciais e uso de naginata, espada e punhal, tudo isso para um papel de defesa e não de ataque (ao contrário das onna bugeiha de eras anteriores que tiveram papeis mais ofensivos no campo de batalha). Por outro lado, os samurai homens dessa época, desde de crianças tinham que treinar artes marciais, aprender a manusear a espada, arco, punhal, lança e o arcabuz (cada samurai deveria ser uma arma ambulante, híbrido no manuseamento de todo o tipo de arma).

    Esqueci de mencionar no comentário em cima, a Rin ficará com sequelas? Pelo pouco que sei de medicina, uma vez que determina parte do corpo, após ficar muito tempo no frio, dificultando a circulação do sangue, tal parte do corpo morre e entra em necrose.

    • Não sei qual o critério de habilidade ou de feitos para que se torne uma Onna Bugeisha, mas caso seja pela casta social, e não pelo nível de proficiência, a Maki não poderia ser considerada como uma. Entretanto, sem dúvidas, ela é incrivelmente habilidosa, em uma verossimilhança comparativa dentro do universo de animes que tendem a um maior realismo, ela estaria em um patamar muito respeitável.
      Acho que varia de período a período, mas com certeza muitas eximas guerreiras popularam a história do japão, mesmo que submissas a uma estrutura social que as colocava em uma posição de oclusão, ainda assim imagino que muitas das grandes famílias guerreiras dispunham de hábeis herdeiras. Mas não dá pra negar que o protagonismo sempre foi masculino, sejam nas guerras, seja no patriarcado histórico politico que marcou a história dessa época.
      Uma sociedade voltada para o combate, pro bem ou pro mal, gera inúmeros guerreiros primorosos. No caso dos japoneses, uma casta especifica criada exatamente para isso. O que agora é uma profissão, ser militar, antes era a determinação de uma vida.
      A Rin não fica com sequelas não, embora poderia mesmo ter ficado. O autor escolheu poupar ela de perder os dedos ou algo mais ^^

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