Chegamos ao episódio final de Blade, o clímax final e o desfecho de todos os eventos. Assim como já se vislumbrou no episódio anterior, se revela que o mandante e responsável pelos mosqueteiros, é ninguém menos que um condenado ao seppuku, Hanabusa. Um homem desesperado que não se sabe ao certo o por que ainda está vivo. E nem eu sei.

 

 

Ele não tinha o mesmo artifício político empregado por Habaki. Mas convenhamos, entre um genocida que quase assassinou uma cidade inteira em prol de sua alucinada ambição, e um fracassado, o qual carrega o fardo da humilhação que sujou de sangue, literalmente, a honra e a dignidade do sistema xogunal, fica difícil escolher se algum deles merece uma colher de chá. Entretanto, ambos a receberam, por mais irreal que seja o fato de terem recebido.

A chuva de balas mata o último fio de humanidade, no sentido de sentimentos, que ambos os antagonistas centrais da obra possuíam. Anotsu e Habaki perdem as pessoas amadas. Habaki sem qualquer chance de se despedir, já Anotsu, mesmo que por um breve momento, pode trocar as palavras finais com Maki, para que esta, em seguida, brilhe exuberante e apague pela eternidade sua dúbia e melancólica luz.

Hanabusa foi encurralado, e segundo a escolha, controversa, mas interessante do diretor do anime, presenciamos o silêncio de seu desfecho.

 

 

Segue-se o desfecho da luta de Anotsu e Habaki, com a interferência de Manji, que salva a vida de Anotsu, que provavelmente pereceria frente a escuridão de Habaki. É claro que como todo bom espadachim, Manji deseja enfrentar oponentes fortes. O desafio é aceito por um Anotsu exausto e próximo ao seu limite.

Manji vence uma batalha que não deveria vencer.

Rin, combalida pela falta de sangue, acompanha a decadência final de seu melhor inimigo. Anotsu, por sua vez, cela seu próprio destino ao se apegar ao caminho da revanche. No momento em que conclama ao futuro um pacto de sangue, Rin, sem alternativa, se arremessa em concretizar a sua vingança. Ela não pode permitir que essa corrente de calamidade se repita no futuro. Anotsu morre por estar preso ao passado, por cometer o mesmo erro que o seu avô um dia havia cometido.

 

 

Todo o progresso do episódio, até esse ponto, se apresenta como bem satisfatório, o clima é bem desenvolvido, a direção é bem aplicada e a trilha sonora embala perfeitamente todos os momentos centrais do episódio.

Na segunda metade temos a despedida. Cada personagem segue seu caminho. Os sobreviventes. Destaco apenas o destino de Abayama, que embora tenha sobrevivido, quando Gyiti o encontra, acompanhado de sua neta, o que presenciamos a completa morte em vida do pobre ancião.

Manji escolhe seguir sozinho, cortando todos os laços com Rin. Já a nossa protagonista, amadurecida por um percurso amaldiçoado e degradante de assassinatos e rancor, se abriga na honra e no caráter imponente construídos pela tragédia. Segue uma nova jornada para se desculpar com os familiares daqueles cujos quais encomendou a morte.

 

 

No futuro, quando apenas Manji permanece em pé perante a passagem do tempo, todas as lágrimas e sentimentos de Rin, ou mesmo de seus antigos oponentes da Itto-Ryu, já se tornaram opacos em sua memória, ao ponto de quase desaparecem. O que permanece é o amor da vida, representado pela jovem herdeira da adaga simbólica que Rin ganhou de Doua, passada de geração em geração para encontrar o matador de cem. Manji, uma pessoa vazia e sem qualquer propósito na existência, aceita defender a herdeira de Rin, enterrando o passado e seguindo pelo insondável futuro.

É um desfecho agridoce, amargo, azedo, salgado, que não tem gosto nenhum. Assim como no mangá, seguimos em frente, seguimos em tristeza por não existir sonho que se realize ou felicidade que se estabeleça frente a tolice humana. Assim como um dedo mindinho amputado e esquecido na podridão de um passado sem sentido algum.

 

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