Ousama Game – ep 7 – Irmã gêmea maligna
Bom dia!
Mais um episódio que é ruim, mas é bom. Ou quase isso. É tão bom quanto se pode esperar de um anime do gênero de Ousama Game, acredito. Se tivesse mais episódios assim, talvez até se tornasse memorável e a JBC estivesse já planejando relançar o mangá em formato BIG e lançar os spin-offs, mesmo que eles não sejam “do mesmo autor de Another”.
Mas faltou muita coisa. Um episódio (ou dois, afinal também gostei do episódio 5) não é suficiente para mudar o destino desse anime, principalmente depois da revelação revoltante do episódio anterior.
Eu sei que já escrevi o suficiente sobre isso no artigo anterior, mas sério, um vírus? Pior, um vírus biológico que se tornou de alguma forma um vírus de computador…? Não vou dizer que esquisitices jamais acontecem em horror, nem que elas jamais são revoltantes, mas algumas coisas ficam melhores quando não se tenta explicar. Ou pelo menos deixe a explicação para o final e evite revoltar a audiência no meio da obra. Ousama Game fez tudo errado.
Tecnicamente é muito ruim também. Os personagens não convencem, são todos rasos (e a maioria irritante), a narrativa que até agora deu mais destaque ao flashback do que à história presente faz qualquer um que por acidente se tivesse deixado engajar pela história desconectar-se dela, a animação é da mais barata possível, sequer estão aproveitando suas cenas de morte para causar aquela aversão comum em histórias de terror, e o timing das reviravoltas e revelações é muito ruim, quebrando qualquer suspense, quase sempre antes mesmo que ele comece a se formar. Por isso tudo que chamei Ousama Game de “evolução do horror”, e eu obviamente estava sendo sarcástico. Me pergunto se a equipe de produção do anime se esforçou ativamente para fazer tudo errado.
Esse episódio teve mais uma reviravolta escandalosa de ruim. É tão ruim que muitos já haviam cantado a bola antes, eu só não mencionei em artigos anteriores porque não fui eu quem percebeu primeiro e porque as personagens em questão nem estavam participando da história para que eu tivesse vontade de me dar ao trabalho de mencioná-las. Mas agora que o anime usou sua carta, tenho que comentar: Natsuko e Chiemi são irmãs então, hein? E pela idade, provavelmente são gêmeas (estão no mesmo ano escolar, afinal; digo, estariam). O “irmão gêmeo maligno” já é um tropo cansado de velho e ruim por si só, mas nas circunstâncias de Ousama Game ele consegue alcançar níveis ineditos de ruindade. Senão vejamos.
A Chiemi era a namorada do Nobuaki, ou algo muito perto disso. Ele conviveu com ela, eles eram muito próximos. Ainda que o anime as retrate com diferenças físicas, você e eu sabemos como na vida real mesmo gêmeos fraternos (não idênticos) são muito parecidos, mais parecidos, na média, do que irmãos que não são gêmeos. Ainda que elas sejam diferentes, e são (pelo menos no anime; vi comentário por aí dizendo que no mangá elas são idênticas, sim), deveriam ser parecidas o bastante para o Nobuaki ficar impressionado com a semelhança. E elas têm o mesmo sobrenome! Mesmo dando de barato que “Honda” possa ser um sobrenome comum no Japão, não esta-se falando apenas de um sobrenome, mas de uma coleção de coincidências das quais o sobrenome idêntico é apenas a cereja do bolo. E o Nobuaki nunca, jamais, em momento algum, sequer cogitou. Ou se cogitou ele não contou pra ninguém, né?
Essa revelação contudo foi apenas parte pequena, acessória, do episódio. Vai ser mais importante nos episódios que virão. A parte mais importante das revelações foi descobrir que o pai da Chiemi esteve envolvido com a primeira ocorrência do Jogo do Rei (se não me engano no primeiro mangá o Nobuaki já havia descoberto isso, mas ok). Se existe uma saída do jogo, essa é a pista mais quente até agora. Será que o pai das garotas foi o único sobrevivente há 30 anos? Suponho que ele tenha se suicidado recentemente por descobrir que suas filhas foram envolvidas no jogo também – e dado que o cadáver não era muito antigo (estava bastante decomposto, mas em um local daqueles um corpo se decompõe em questão de meras semanas), suponho que tenha sido depois de descobrir que a Chiemi morreu. O anime finalmente nos dá algo para especular, e isso é bom, mas sinceramente, a essa altura, nem tenho vontade.
Mas não foi só isso que aconteceu nesse episódio, não, nada disso. Todas as mortes até agora, toda a relação de desespero entre os personagens, as reações loucas, tanto no passado quanto no presente, haviam sido horríveis. O pináculo foi o Nobuaki forçar sua namorada a estuprar seu melhor amigo. Eu até posso entender como podemos agir de forma absurda em situações de grande estresse e tal, mas não houve construção suficiente para aquela cena e depois do ato consumado o anime ainda tenta me convencer que as vítimas ali foram Nobuaki e Chiemi. Por favor! Esse episódio teve a primeira cena de desespero típica de histórias de horror que eu realmente achei boa: o suicídio duplo (involuntário) dos amantes.
Kenta e Mizuki até agora vinham sendo apenas um estorvo, apenas carga que o Nobuaki estava carregando por aí em sua segunda visita à Vila Yonaki (eu já disse que ele já havia ido para lá, certo? Mas não duvido que o anime mude isso, vamos ver). Como o Nobuaki é insuportável, até que não era tão ruim ter bagagem extra, ainda que inútil. Nesse episódio a Mizuki finalmente precisou cumprir sua ordem: enviar a palavra “morra” para dois colegas de classe. Ela não conseguiu se convencer a matar ninguém, porém (só a Natsuko, essa daí ninguém defende mais), o que é compreensível, então decidiu mandar uma mensagem para si mesma. Bom, se ela queria se matar, não precisava disso. Se queria que a Natsuko morresse, também não precisava disso – mas ok, os vírus-reis que decidem quem vive e quem morre são meio doidões em suas interpretações, então vai que uma ordem pela metade valha por ordem nenhuma, né?
Quem sofreu (no mal sentido) vendo Mizuki e Kenta esse tempo todo bem que devia achar que eles já se considerassem praticamente um casal, mas que nada, a garota se declarou para o rapaz, e mesmo assim, e com ela dizendo que pretende morrer, ele hesitou um bocado para se declarar também. Essa parte me irritou. Clichês de romance adolescente em animes me irritam, principalmente em animes que sequer são de romance então não há nem mesmo qualquer tipo de construção narrativa para tentar justificar. Mas o que veio depois valeu a pena.
A garota endoidou de vez! “Você me ama? Que bom! Então vamos morrer juntos!!”. É esse tipo de coisa que espero ver nessas histórias de horror trash. Percebendo que seria impossível convencê-la do contrário, Kenta a nocauteou para tentar salvar sua vida – mandou a mensagem, se entendi, para a Natsuko e para si mesmo. E ele recebeu a mensagem. Mas nada aconteceu. Por quê? Porque não foi a Mizuki que enviou, ele só usou o dedo dela no celular dela, afinal? Porque aquele não era o aparelho original, e deveria sê-lo, segundo alertou Natsuko? Não há evidência suficiente para afirmar nem uma coisa nem outra, mas supondo que Natsuko tenha sobrevivido ao Jogo do Rei antes (isso fica implícito), é de se supôr que ela saiba do que fala.
Então a Natsuko não vai morrer. A maior psicopata vai continuar viva. E a Mizuki vai morrer, porque não cumpriu a ordem do rei. E o Kenta? Bom, ele vai morrer também, porque havia recebido a ordem de dar uma ordem a alguém da sala, e deu a si mesmo a ordem de proteger a Mizuki e não deixá-la morrer, no que ele fracassou. Eles morrem depois de uma sequência de fato divertida de reviravoltas. O Nobuaki arranja coragem para um último ato de breguice e os coloca sentados lado a lado, de mãos dadas. Agora o Jogo de verdade começa, entre Nobuaki e Natsuko. Eles são menos diferentes do que parecem.