Se é só morrendo uma vez que se pode renascer, então o Okabe terá que morrer quantas vezes para que alcance o Steins Gate? Quantas vidas de seus companheiros terão que ser ceifadas no processo? E ainda que ele possa reverter tudo, a dor que ele sente jamais será esquecida, mas é exatamente ao senti-la que ele compreende a gravidade da situação, que ele valoriza os esforços de todos e para de uma vez por todas de fugir do “caminho” que sempre foi o único possível. Que se abra o Steins Gate!

O começo da jornada pelo desespero…

Uma das melhores sacadas desse episódio foi ter trazido à tona algo que já era melhor explorado que no clássico, o futuro consumido pela guerra envolvendo a máquina do tempo. Esse segundo anime se valeu muito desse argumento com a Suzuha, que sempre batia nessa tecla e tinha estampado em seu rosto o temor de que aquele futuro catastrófico não pudesse ser evitado. Se era para fazer o público sentir o quão horrível era o ano de 2036 na linha do tempo β, quer algo melhor que levar o Okabe de 2011 até esse ano? Com tudo bem explicado a “magia” se faz possível e é nesse ritmo de desolação e angustia que desembarcamos em 2036 – um ano crucial para tudo o que se conhece por Steins;Gate.

Um Daru magro e normal? Esse futuro é perigoso demais pra virar realidade…

O episódio começa com o Okabe tendo um devaneio que por ora pode não ter significado nada para o público, mas pode se mostrar mais que um ótimo fanservice até o final da história, o que caso não aconteça também não é um problema, pois tudo está caminhando em ritmo adequado. Eu esperava ver uma sucessão de tentativos e erros até que o Okabe conseguisse mudar o passado recente e daí usasse a máquina do tempo para salvar a Kurisu, o que ainda pode ocorrer, é verdade, mas não sem antes que o público soubesse com o que os personagens estão lidando, e como estão fazendo isso. É claro que parece bem conveniente o telefone micro-ondas não funcionar logo no segundo salto dele, mas não é como se isso fosse impossível, ainda mais porque tudo na linha do tempo β converge para uma guerra mundial. Agora o objetivo do Okabe não é apenas salvar as duas mulheres que ele ama e perdeu; mas também salvar o futuro dos seus amigos, de estranhos, e até mesmo de quem provocou a guerra. Os dos interesses se sobrepõem – e sem direito a paz, só restou lutarem pela sobrevivência.

Melhor dupla do ano de 2036 confirmada! P.S.: Pode não parecer, mas é uma armadilha sim.

O Daru não emagreceu por acaso – carregar um grande fardo não consome só recursos mentais, mas também físicos –, o Rukako e a Faris não pegaram em armas por querer – mas, ou eles faziam isso ou não poderiam garantir a segurança de ninguém –, a Suzuha não acreditou na morte do tio Okabe por leviandade do pai – ele estava morto por dentro em um mundo que morria tanto por dentro, quanto por fora. No final das contas, quem queria ter a posse da máquina do tempo para controlar o mundo foi quem fez ele sair de controle e coube aos Labomen tentarem dar um jeito nas coisas mesmo com seu líder morto. Um bad end (final ruim) por excelência que deve ser evitado a todo custo, mas para isso, primeiro seria necessário sentir um pouco mais o gostinho amargo desse futuro sem esperança.

Rukako foi sensacional nesse episódio…

O Rukako não foi um personagem mal utilizado no 0, mas ele teve menos espaço que no original sim, só que ainda assim o que acontecesse com ele seria impactante para o telespectador, então a opção de matá-lo nesse episódio não foi ruim, ela até reforçou a importância do Okabe para seus Labomen e indicou que quando ele despertasse de novo, quando ele renascesse, o futuro poderia ser mudado.

Ruka morreu acreditando em seus amigos, lutando por eles e com eles, e ainda que eles não tenham chorado a sua morte, não é como se não houvesse pesar, é só que eles não poderiam se desmanchar em lágrimas quando teriam que agir de suporte para tantas outras pessoas que precisavam de apoio.

… e sua morte honrosa foi a onda necessária para fazer o Okabe transbordar…

É verdade que isso não foi mostrado diretamente, mas ficou fácil de deduzir que os Labomen eram a alta cúpula da organização e que tinham a missão de guiar e cuidar das pessoas. Enfim, apesar de ter acontecido pouca coisa nesse episódio – praticamente só o renascimento do Okabe, a morte do Ruka e o final –, a importância dele foi imensa porque deu um vislumbre real e cru do que as “escolhas” do Okabe haviam proporcionado: uma mudança para pior em uma linha do tempo que já era obscura – afinal, a Mayuri ainda estava viva na linha β “original”, tanto é que adotou a Kagari nesse futuro –; e indicou que para o Okabe só restava arriscar tudo caso ele quisesse consertar tudo o que deu errado.

Ao menos a Maho e a Faris mantiveram a aparência jovem como num passe de mágica.

Para isso, para trazer o telespectador para dentro desse universo em agonia, era preciso seriedade e apego a qualidade artística. Se não tanto na parte visual, ao menos na sonora. Trilhas instrumentais magistralmente bem encaixadas, e bem usadas para adornar certos momentos, foi a resposta que a equipe de produção encontrou para adequar o tom que esse episódio precisava. E não só isso, mas o roteiro também dialogou na mesma sintonia, pois as conveniências dos embates armados e o alivio cômico das interações juvenis foram todos deixados de lado em prol de fazer o público imergir nesse desespero, sentir o peso desse “resultado”. Porque “esse” 2036 é o resultado de tudo o que foi feito desde que a Mayuri morreu, e se o Okabe falhou em mudá-lo, é agora que ele terá mais uma chance.

… superando a morte até seu renascimento como o mad scientist, Hououin Kyouma.

No fim, o Okabe de 2011 – um que ainda não havia perdido completamente as esperanças – se ergue mais uma vez para viajar no tempo. A sua morte pode não ter sido consumada de fato, mas se é justo agora o seu renascimento, é certo que ela foi necessária para que a situação chegasse até esse ponto e pudesse ser resolvida. O mad scientist Hououin Kyouma também voltou das cinzas do tempo e fará uma viagem sem certeza de ida e nem de volta, uma última cartada necessária para mudar o mundo.

… é diferente do fim rumo a jornada da esperança!

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