Cavaleiros do Zodíaco: Soul of Gold – ep 13 final – O mais perto que Cavaleiros já chegou de uma declaração de amor
[sc:review nota=5]
Isoladamente, não foi um episódio espetacular. Na verdade foi um episódio bem boboca até, previsível e transbordando clichês. Mas esse episódio não existe no meio do nada, ele é um episódio de Cavaleiros do Zodíaco, e episódio final de um anime da franquia ainda por cima. Nesse caso, o público quer algo previsível e recheado com todos os clichês de Cavaleiros que for possível enfiar em um único episódio. Em vista disso esse foi um episódio sensacional, o melhor que Cavaleiros do Zodíaco: Soul of Gold poderia ter entregue. Depois de algumas decepções com a franquia, meu cosmo estava precisando de uma explosão dessas!
Depois de tentarem atingir Lóki com uma Cápsula do Grande Tesouro Rosa da Agulha Excalibur Estelar da Execução do Dragão Infernal de Outra Dimensão Morra Seiya e com uma flecha e fracassarem, os cavaleiros de ouro perceberam que precisavam parar para pensar em um plano melhor. O próprio deus (ou falso deus, como eles preferem chamar) ajuda e coloca todos deitados no chão para refletirem direito sobre o que haviam acabado de fazer. Infelizmente pensar não é uma matéria lecionada na Academia do Santuário da Grécia ou em qualquer de suas filiais espalhadas pelo mundo, então os cavaleiros só conseguiam pensar o quanto estavam encalacrados. Atena precisou interromper seu sono de beleza dentro de um vaso nos Campos Elíseos para dar a real para a turma dourada:
— Macacada, isso é Cavaleiros do Zodíaco. A gente vive falando como um mesmo golpe não funciona duas vezes e blá blá blá, mas é só o que fazemos: insistimos nos mesmos golpes até eles funcionarem. Então levanta do chão, sacode a poeira e manda ver!
Aldebaran até se sentiu um pouco constrangido essa hora. Como bom brasileiro ele devia saber que o segredo é não desistir nunca. De todo modo, o plano da Atena funcionou: insistir na mesma tática provou-se efetivo contra Lóki. Bom, e as armaduras de ouro que se transformaram em divinas graças ao sangue de Atena podem ter tido um pouco a ver com isso também, mas acho que nunca saberemos de verdade, né? De todo modo, quando começou a se sentir ameaçado Lóki fez o que qualquer deus com a pretensão de conquistar o mundo (destruindo-o completamente) faria e fugiu. Os cavaleiros não se fizeram de rogados e usaram o novo modo bola de bilhar voadora de suas armaduras para encurralar Lóki em uma sinuca de bico.
Aioria acertou um direto de direita na fuça do Lóki e o mundo voltou a ser um lugar feliz, com Asgard congelando como foi projetada pelos deuses para ser. Embora os cavaleiros tenham ganhados corpos físicos novos quando ressuscitados por Odin, por intermédio de Lífia, que por sua vez estava sendo manipulada por Lóki, que naquele momento possuía Andreas, e estivessem à beira da morte porque queimaram cosmo demais, eles ainda morreram como fadas e simplesmente desapareceram no ar. Mais ou menos como a Lífia havia morrido mas daí não havia morrido ou talvez tenha morrido e ressuscitado e por Odin o que foi que aconteceu afinal? Quem liga. Enfim, os cavaleiros de ouro começaram a fazer puf um depois do outro. Mentira, fizeram isso aos pares, porque morrer sozinho é triste demais, suponho. E a onomatopéia foi invenção minha, eles desapareceram em silêncio.
Não antes de reclamarem de como gostariam de enviar suas armaduras para os Campos Elíseos onde elas poderiam ajudar os cavaleiros de bronze, o que foi prontamente ouvido e atendido por Poseidon que estava de boa dormindo em alguma cama de gelo por ali quando o choro dos cavaleiros o acordou, ou pelo menos foi mais ou menos isso o que ele disse. Bom, no mangá (e não vi como ficou na Saga de Hades, mas suponho que seja igual) Poseidon de fato move as armaduras de ouro para os Campos Elíseos (o que se revela patético já que, spoiler, elas são destruídas na página seguinte à qual os cavaleiros de bronze as vestem), mas claramente estavam antes de ser movidas em frente ao Muro das Lamentações, que os cavaleiros de ouro morreram pra abrir um furo. De todo modo, como as armaduras desapareceram junto com os cavaleiros nesse episódio e como elas haviam aparecido do nada (os cavaleiros morreram, não suas armaduras), um pouco de boa vontade interpretativa ajuda a resolver o caso: as armaduras em Asgard eram uma cópia (?) e deixaram de existir, e Poseidon moveu mesmo as originais. Mas ah, isso não importa. Foi só um aceno pra parecer legal para fãs antigos, e eu, que sou fã, sou antigo, e sou fã antigo, achei legal, então funcionou. O importante é: os cavaleiros de ouro morreram de novo.
Adequadamente, Aioria foi o último. E antes que ele sumisse para sempre junto com os demais (ou até que outro deus ou “falso deus” decidisse ressuscitá-los para usar seus cosmos para trazer de volta ao mundo um artefato destrutivo lendário com o qual poderia destruir o mundo para governá-lo), ficou a sós com Lífia, depois que Hilda e seus figurantes sentiram o clima e resolveram dar área. Eles compartilham uma despedida emocionada, Lífia se desmancha em lágrimas no peito dourado de Aioria, e chega perto de declarar que o ama, o que teria sido uma revolução para Cavaleiros do Zodíaco. De todo modo, o que houve já foi muito mais longe do que jamais sonhei ser possível. Tá bom, eu sei que o Ikki tinha a Esmeralda, o Shun tinha a June, o Shiryu tinha a Shunrei e o Hyoga tinha a mãe dele, mas tudo isso faz parte do passado dos personagens, não é a história atual, o enredo contado pelo mangá (ou pelo anime). O Seiya esboça ter uma preocupação com a Saori maior do que apenas a de um guarda-costas por sua deusa, mas isso não se desenvolve e como ele teria que protegê-la de todo modo acaba sendo inconsequente. O quase caso do Aioria e da Lífia é sim um dos primeiros casos de história de amor que moveu enredo e personagens. E isso no mesmo anime que teve também Máscara da Morte e Helena, que infelizmente terminou antes de começar e de forma muito mais trágica. Aioria deixa uma lembrança com Lífia, e parte. Cavaleiros do Zodíaco: Soul of Gold acabou, e que boas lembranças ele deixou com você?