Passar duas semanas longe de Given, quase três, é um pecado quase tão grande quanto fazer fofoca pelas costas dos outros. Felizmente, tanto o resultado desse meu distanciamento, quanto o da fofoca, não foi ruim e o anime continua muito bom. Acho até que seu final pode ser um show, ainda que não seja um show literalmente. O sucesso e o fracasso andam de mãos dadas. É hora de Given no Anime21!

Logo no início do sexto episódio o aparecimento de um dos amigos de infância do Mafuyu nos leva a um questionamento pertinente, o garoto está seguindo em frente com sua vida ou se mantém preso ao que aconteceu de trágico em seu passado? Como responder isso? A essa altura o Mafuyu consegue?

Acho que não é nenhum problema ainda não ter resposta, afinal, ao mesmo tempo em que ele só começou a tocar por causa do Yuuki, se envolver com música o fez conhecer novas pessoas e expandir seus horizontes. Ainda me parece cedo para afirmar que é um ou outro, mas até o final do anime nós devemos ter algo pelo menos próximo de uma resposta. E há outro detalhe que gostaria de comentar.

O Mafuyu foi criado pela mãe do Yuuki e eles faziam parte da mesma turma quando crianças? Pela forma como o Mafuyu aceitou conversar com um deles me pergunto se esses amigos têm culpa direta no suicídio do garoto ou não. Será que estão na mesma posição do vocalista? Não sei, mas quero saber!

Creio que eventualmente o anime dará todas as respostas. Seguindo em frente, tem como não rir da expressão boba de felicidade do Ue ao ver o Akihiko avançar com a música? Já estava na hora dessa música ganhar importância no anime. Além disso, reitero o que comentei em outro artigo, o Akihiko é um cara observador e é por isso que suas ações nesses dois episódios ajudaram a trama a evoluir bem.

E é aí que entra um ponto importante da construção do personagem, seu passado e como ele é passível de paralelo com a situação do Ue e do Mafuyu. Mais para frente no artigo comentarei isso, mas só eu acho estranho ele morar com seu primeiro amor? E por que mesmo morando com ele os dois não têm uma relação amorosa? Ao menos não uma convencional, afinal, o Akihiko sai com outras pessoas, né.

Enfim, voltando aos protagonistas, faz todo o sentido os outros integrantes da banda terem o desejo de ver o vocalista compondo a letra da música que ele vai cantar. Pode parecer clichê dizer isso, mas é até obvio que a canção vai soar mais verdadeira se for ele quem a escrever. Sendo assim, ficaria o dilema sobre o que ele vai escrever e com que inspiração se a resposta não tivesse vindo pouco após…

Quando alguém me diz que Given vai ficar ruim…

Músicos compõem canções de amor como respiram, sugerir isso para um marinheiro de primeira viagem é comum, mas no caso do Mafuyu é delicado, tanto é que a conversa dele com o Haruki deixa clara a profundidade de seus sentimentos, como a expressão dele muda quando o assunto é esse, como ele parece olhar para longe lembrando de algo que já sentiu na pele. A dor estampada no rosto.

Mas é aí que se esconde a saída para esse desafio que lhe foi imposto, os sentimentos estão todos dentro do Mafuyu, basta que ele consiga transformá-los em palavras. Isso demora, exige coragem e, principalmente, força de vontade. Dar esse passo é difícil, seria como admitir que o Yuuki não estará mais lá e só o que restará dele é a lembrança e essa música, o símbolo do que o Mafuyu sentia por ele.

Sentiria saudades? Muitas.

Na segunda metade do sexto episódio a queda na qualidade de animação se torna mais perceptível, mas também não é uma queda acentuada, está longe dos animes mais mal animados da temporada. Aproveitando o momento reclamação, sei que a música é apenas um pano de fundo em Given, mas só eu acho uma pena quase não ter música? Pelo visto, se tivermos a música autoral da banda será muito.

A solidão para um artista é importante para que ele consiga se encontrar e afirmo isso por experiência própria. Não que eu seja um artista, mas eu tento, um dia apresento algum escrito meu aos leitores do blog. Sendo assim, o Mafuyu tirar um tempo para refletir, ficar sozinho e pensar me parece normal, na verdade acho até necessário. Só após aceitar o que sente é que ele conseguirá botar isso para fora.

O mar é uma fonte de inspiração para as pessoas, então não vou estranhar se a letra se aproveitar disso.

Só eu achei o Ue muito discreto ao longo desse episódio? Para mim isso foi prova mais que suficiente de que seu incômodo não vem do amigo ser gay, nem do amigo de infância dele ter se suicidado, mas deles se amarem. E por quê? Porque o Uenoyama sente ciúmes do Mafuyu!

É simples e chega a ser óbvio se a gente parar para pensar em todo o relacionamento deles até aqui, em como o Ue se sente pelo aprendiz, o quanto ele é cativado por ele. O Uenoyama se sente incomodado pelo que o Mafuyu sente pelo Yuuki e aposto minha capenga experiência de vida que todo mundo já se sentiu assim antes.

Na maioria dos casos em circunstâncias diferentes, claro, mas o que se sente é o mesmo: dor; o sofrer porque outra pessoa detém o olhar daquela pessoa que você gosta, conhece um lado dela com o qual você nunca teve contato. É assim que o Uenoyama se sente e desdobramentos maiores veremos além!

Creep é um clássico do rock e talvez a música mais popular, uma verdadeira música pop, da banda Radiohead. Se há uma música que encaixa bem em qualquer momento da vida na qual a pessoa se sente incompreendida, “esquisita” mesmo, é essa.

O legal é que é o Uenoyama que se sente assim e não por preconceito, mas porque a situação realmente é toda bem peculiar. Apaixonar-se por um amigo que se conhece há pouco, alguém do mesmo sexo e alguém que gostava de uma pessoa que já se foi. Como posso julgar a confusão que o Ue está sentindo? Em seu lugar acho que sentiria o mesmo.

Aquele ciúme que não é o ciúme comum e bobo normal entre amigos…

O sétimo episódio começa expondo o que a prévia já denunciava em um monólogo do Akihiko que até é bonito, mas me levou a pensar em uma coisa. Quais as chances dos quatro integrantes da banda gostarem de garotos? Existe, não é zero, seria preconceito meu achar isso irreal.

Qual a chance de pelo menos dois deles terem passado por processos bem parecidos quanto a paixão por outro homem? É menos provável, mas ainda aceitável. Contudo, e o Haruki e o Mafuyu? Se contarmos com as experiências deles, e se elas foram muito parecidas as do Ue e do Akihiko, não soa um pouco forçado?

Com tudo o que foi mostrado até agora acredito que o vocalista e o baixista tiveram experiências um tanto diferentes em comparação aos outros companheiros de banda e, sinceramente, é uma opção de construção de história da autora. Poderia me debruçar em questionamentos sobre isso, mas o que pega mesmo é se os personagens e suas histórias são bem escritos e quanto a isso não vejo problema.

Não posso é deixar de comentar a franca e ótima conversa entre o Ue e o Akihiko, porque foi bem legal e é ótimo ver o cara tido como garanhão falando abertamente para um jovem que ele não deve se recriminar por se sentir atraído por um garoto, que, pelo contrário, isso é algo completamente normal!

E pensando melhor, isso é algo que eu deveria esperar do Akihiko, um estudante universitário que tem a cabeça no lugar, é observador, atencioso e aberto a experiências. Alguém que pode dar um conselho a um amigo porque tem experiência de vida para falar, ainda mais no caso do Ue é que ele tem mesmo.

Foi bacana ver a amiga da qual sempre esqueço o nome se “redimindo”. Ela foi muito desagradável em seus comentários, tanto que até chegou a chorar. Parando para se pôr no lugar do Mafuyu, como ela se sentiria se as pessoas dissessem que ela é perigosa?

Pior, com a única e mesquinha intenção de afastar um amigo. Não vejo sentido em uma “rivalidade” amorosa entre ela e o Mafuyu e vendo o resultado da fofoca feita acho que o saldo foi positivo. Teve o efeito “bom” que eu queria que tivesse.

Fiquei até com a impressão de que ver o Ue sendo amigável com uma garota fez o Mafuyu ter uma maior “consciência” do amigo. Não me parece que ele sente algo concreto pelo Uenoyama, até agora é basicamente uma paixão unilateral do Ue, mas é nas pequenas coisas que esse sentimento pode deixar de partir apenas de um lado e passar a ser correspondido.

Aliás, para isso, o Mafuyu vai precisar seguir em frente de alguma forma, porque só assim ele será capaz de reabrir seu coração para o amor.

Antes tarde do que mais tarde, não é mesmo?

Tenho a impressão de que o anime vai acabar bem, ainda que com uma carga dramática mais acentuada, mas não posso ignorar as palavras do Akihiko sobre o amor do Ue ser uma bomba que pode acabar com a banda. Posso deixar de lado o tempo sozinho do Mafuyu, já comentei que ele precisava mesmo disso.

Agora, o que você acha que vai acontecer? O Ue vai colocar os sentimentos dele em palavras e confidenciá-los ao amigo? Se sim, o Mafuyu aceitará? Se não, isso será protelado, então, qual será o evento marcante de final de anime? O show está tão perto, duvido ser ele, mas alguma coisa tem que ser e fico me perguntando qual. Talvez o Mafuyu se descobrir se apaixonando pelo Ue?

Acho que isso seria bem interessante e deixaria o público que gostou muito do anime a fim de conferir o mangá para saber como essas relações amorosas entre integrantes de uma mesma banda se desenvolverão. Se vão mesmo, corre o risco de não. Pode até acabar em tragédia, mas duvido disso.

Amor destrói mais rápido do que constrói. Sempre foi assim, sempre será.

Enfim, a relação do Akihiko com o Ugetsu me lembra muito a forma como o Uenoyama foi cativado pelo Mafuyu, a diferença é a forma como eles encaram isso. Enquanto o Ue não sabe definir o Mafuyu e é essa incapacidade que o atrai para o garoto, o Akihiko entende muito bem a pessoa amada e foi justamente isso que o fez se aproximar.

Em parte, ele se apaixonou pela música, em parte pela pessoa por trás da música, pela pessoa que estava sentindo todas aquelas emoções que se esparramavam com o som do violino. Aliás, até que curti essa explicação para a experiência do Akihiko com o violino.

Acho que o Akihiko sentia inveja do Ugetsu porque ele ampliava o que sentia por meio de sua música enquanto o próprio Akihiko, com sua cara pouco expressiva e jeitão controlado, não se sentia capaz de fazer isso e nem conseguia.

Uma forma incomum de se apaixonar por alguém, mas, creio eu, uma forma honesta, principalmente em se tratando de um artista, e de um observador, alguém que não se envolveu sem ter consciência do território em que estava pisando. Por que os dois vivem juntos e qual é o tipo de relação que eles têm ainda é uma incógnita para mim, e aguardo ansioso por uma resposta.

Confesso que já estou enjoando um pouco da faixa instrumental principal do anime. Mesmo achando ela bonita, não está tocando demais não? Mas isso é irrelevante, mais importante é a peteca não cair.

Quanto a parte técnica anda está dentro do aceitável, quanto a trama, tudo depende do sucesso da aposta feita pelo Akihiko. Percebendo o estado da banda e, principalmente, a situação sentimental do Ue com relação ao Mafuyu, manter tudo como estava seria dar o passo para a falha, arriscar mudar a dinâmica do grupo foi confiar que nesse meio tempo o Mafuyu seria capaz de organizar seus sentimentos e escrever a letra, e o Ue organizar seus sentimentos para tocar sem maiores problemas.

Uma aposta arriscada, verdade, mas não seria possível ganhar alguma coisa com ela se o risco não fosse a altura, não é mesmo? Virar a cara para o que se passa com o Ue seria como deixar a ruina da banda ser construída aos poucos, afinal, se ele se perder de sua música e se deixar engolir, ainda que sem querer, pela do Mafuyu, vai deixar de ser um guitarrista. Não existirá mais personalidade em sua música.

O próximo episódio vai ser imprescindível para o sucesso do show e mais ainda da banda. Quanto a alguma definição sobre os sentimentos amorosos entre os caras isso não deve ganhar status definitivo no anime, já vou me contentar se o Uenoyama conseguir acertar seus sentimentos e levar a banda e a relação com o Mafuyu enquanto seus sentimentos crescem.

Sobre o Haruki e o Akihiko não sei mesmo o que esperar, até torceria para que o casal se formasse, mas por ora isso não é importante.

Quanto a referência no título desse sétimo episódio, Tumbling Dice é uma canção da banda Rolling Stones. Você conhece a música? Você conhece a banda? Se nunca ouviu a canção é só clicar no link, se nunca ouviu a banda você é um alienígena recém-chegado nesse planeta ou tem sérios problemas de memória. Em todo caso, o tempo está acabando, o próximo episódio bate e espero ansioso por ele.

Não consigo dizer adeus, ainda estou à deriva com seus ecos.

Até a próxima!

Qual será a sensação de ser engolido pelo som de outra pessoa?

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