Se você ficou com a impressão que depois descanso do episódio anterior esse não precisava de tanto descanso e deveria ter partido logo para a ação, estamos juntos!

Mas, porém, contudo, entretanto, todavia, não acho que tenha havido tempo desperdiçado. É uma série de dois cours afinal, e o combate foi bastante curto – o que é uma economia sim, mas também serviu para mostrar o quanto um dos lados era mais poderoso do que o outro. O combate ser curto teve função narrativa, assim não era necessário um episódio inteiro de combate e as informações reveladas (parte delas, pelo menos) antes do combate começar deverão ter aplicação imediata após a batalha, de forma que era inescapável que viessem antes dela.

O resultado da batalha, aliás, era bastante previsível, não era? Trato nesse artigo menos sobre a batalha em si e mais sobre o homem (ou melhor, o demônio) que a planejou: Azazel.

O fim da rebelião mal planejada

Nos primeiros episódios muita gente (eu também, admito) achou que o Azazel pudesse ter se “redimido”, pelo menos em parte, e se tornado uma espécie de Batman, tendo Mugaro como seu Robin e Anatea como sua Gotham City. Esse nunca foi o caso e ele nunca tentou enganar ninguém, embora a narrativa do anime tenha sido propositalmente ambígua. Azazel, o demônio, não se arrepende de seus atos, veja só, demoníacos. O que ele fez na primeira temporada com gosto, toda a dor e sofrimento que ele infligiu a tantos, ele faria tudo de novo. Ele quer poder fazer tudo de novo. Ocorre que as circunstâncias não o permitem. Seu povo está subjugado e seu orgulho pisoteado, então é disso que Azazel precisa tratar primeiro: salvar os demônios. Era o que ele vinha fazendo até então. Seu outro objetivo que ele sempre manteve em vista era vingar-se do ser humano responsável pela situação miserável em que os demônios se encontram agora.

Errado? É sim. Segundo a moral humana. Uma que Azazel nunca disse seguir.

Ele conheceu o Dragão Vermelho, descobriu que era a Nina, descobriu como ativar o poder dela, testemunhou ela lutando ao seu lado uma vez só (para salvar sua vida, não defender a causa que ele defende – mas ele sabia que ela era simpática à causa demoníaca) e, assumindo ser ela um tipo de demônio (e talvez até seja o caso, mas até agora não há motivo algum para crer que os dragões da pacata vila natal da Nina sejam como os demônios de Cocytus), forçou-a em seu plano para enfim executar sua vingança sem sequer pedir sua aprovação ou pelo menos explicar para ela o que pretendia. Assistimos tudo isso e sabíamos que daria errado, como deu. Mas esse é o jeito do Azazel. Ele é estúpido sim, no sentido em que se pode concluir que essa forma de agir é estúpida por qualquer ângulo que se analise. É estúpida porque autoritária e é estúpida porque ineficiente.

Talvez com os demais demônios isso sempre tenha funcionado, e creio que seja bem esse o caso mesmo, a primeira temporada não entra em muitos detalhes sobre a sociedade demoníaca mas há indícios suficientes para crer que era uma que se estruturava em torno da força bruta. Em compensação, exceto quando a mentira é uma ferramenta de suas urdiduras, demônios raramente mentem. Azazel pelo menos nunca mentiu nessa temporada. Ele jogou a verdade na cara do Kaisar mais de uma vez, e sempre foi direto sobre suas intenções com a Nina. Os demônios parecem ser naturalmente maus, mas os seres humanos é que são maliciosos. Por isso Azazel diz na cara de Kaisar: Hipócrita!

Azazel não acredita no que Kaisar acredita e não vive segundo a mesma moral que ele, e pode dizer que é sempre honesto em suas intenções – até mesmo quando está mentindo. Já Kaisar está desde o começo da temporada em forte conflito interno justamente porque precisa mentir para si mesmo para que a imagem que sustenta de si não se desmanche. Até a Rita já disse isso para ele, com outras palavras.

O que vai acontecer agora? Azazel está em péssima situação depois de cada um dos demônios que o acompanhava serem mortos (adeus Dante, adeus Belphegor!), e só consigo imaginar uma escapatória para ele se, mais uma vez, Mugaro ajudar. A Nina não vai servir. Ela vai ver o Rei Charioce e vai virar um Dragão Vermelho das Bochechas Coradas, ela será inútil mesmo na hipótese do rei não ter se preparado para um ataque dela – o que não é improvável a essa altura. Mugaro há de salvar Azazel, mas ele próprio tem um time de deusas na sua cola. Sofiel ficou suspeita com a atitude do Baco e ela e suas ajudantes estão ali por perto. O demônio ficará triste se Mugaro for capturado? Chocado ao descobrir ser ele celestial, e não abissal? Acredito que isso sim poderia ser sua verdadeira chance de redenção: preocupar-se e lutar por alguém que não é de sua raça.

E gostaria de terminar esse artigo comentando sobre o lento, gradual, mas incessante desenvolvimento de personagem da Rita. Presa no corpo de uma criança há mais de 200 anos, de alguma forma ela “se lembra” de seu despertar sexual, de seu primeiro amor, ou de algo do tipo. Um conflito do tipo “adulta presa em corpo de criança” é possível, talvez provável. Ela tem algo pelo Kaisar. Usa a mão dele como um pet. Ficou corada (bom, teria ficado se fosse um ser vivo e tivesse sangue correndo em seu corpo) quando achou que Kaisar iria se declarar para ela, e revoltada quando percebeu que não era o caso. Passou 200 anos comendo sopa de vermes, mas depois de ser salva do cenário de horror que ela própria criou pelo Kaisar, passou a segui-lo e, dez anos depois, é uma boa cozinheira e sua comida vende fácil na cidade grande (mesmo quando Nina fracassa em trazer os ingredientes). Tem uma história aí esperando para acontecer, mas mesmo se acabar não sendo o caso não deixa de ser divertido assisti-la ser cada vez mais que apenas a garota-zumbi do grupo.

Rita lembrando da primeira vez que pensou em “coisas de mulher”

  1. Este episódio de Bahamut foi muito bom, como sempre. Começando pelo inicio do episódio, foi muito interessante o episódio começar com um trecho da parte final, tipo cinema, mesmo estragando a esperança que alguns demónios rebeldes envolvidos no ataque ao rei, fossem escapar, mas ao menos confirmou o que se previa já a um bom tempo, o fracasso da rebelião dos demónios. A rebelião, desde o seu planeamento (isto é, se teve algum), estava fadada ao fracasso. Todos os demónios envolvidos precipitaram-se. principalmente o Azazel. O Azazel já tinha em mente, incitar uma revolta, para que o seu povo pegasse em armas, para combater os humanos que subjugaram a sua espécie e destruíram a sua capital demoníaca. Mas ele agiu por impulso, naquele episódio 6, na cena final quando ele entra no covil dos demónios e o Dante questionou a integridade dele na causa da libertação dos demónios, eu percebi logo que o ataque dos demónios durante a parada militar iria correr mal. Os demónios são orgulhosos, são brutos, não costumam mentir e quando o fazem é para fazer jogadas políticas ardilosas. Não me lembro do Azazel mentir na temporada passada nem nesta. Ele é bem directo nas coisas que faz e diz, mesmos as coisas demoníacas que ele fez na primeira temporada. E ele é bem mais verdadeiro e genuíno na sua forma de pensar, ele nunca mudou, afinal ele é um demónio, ao contrário do Kaisar, que mente a toda a hora a si mesmo.
    As cenas de acção, foram curtas, mas ainda assim cumpriram muito bem o seu papel. Não fazia sentido perder muito tempo, a mostrar os demónios a serem chacinados, além que não valia a pena, gastar mais verba nessa parte. Mesmo eu prevendo aquilo que ia acontecer com os demónios, fiquei bem triste com a morte da Belphegor, ela de todos os demónios, era a que menos merecia morrer. Estava na cara, que o Dante não era assim tão forte como se fazia na frente do Azazel. Ele só tinha corpo, como ele esperava matar alguns cavaleiros com magia demoníaca, ele não sabia que o Charioce estava protegido pelos seus cavaleiros negros a sua guarda de elite. O Dante teve uma morte meio parva, se ele era tão forte como dizia ser, como ele foi morrer atingido com flechas, ele podia ter se desviado delas, se não estivesse com tanto medo de morrer. Agora só quero ver como o Azazel vai sair dali, sem morrer ou então perder um braço ou uma perna. Achei meio nojento, aquela parte em que o Azazel quase molesta a Nina, só para ele activar os poderes dela. Ele já devia ter reparado desde aquele encontro nocturno do episódio 6, que o coração da Nina foi arrebatado por outro homem. Mas a reacção da Nina à investida do Azazel foi muito boa, ele quase que foi esmagado contra uma parede.
    Agora passando, à melhor parte do episódio (pelo menos para mim) a parte da parada militar. Como esta parte foi tão bem planeada e executada, os uniformes dos soldados, os capacetes com um espigão no topo, por momentos parecia que estava a ver uma recriação das paradas militares do exército Prussiano. Só pelos detalhes dos uniformes, os cavalos e o cenário já faziam esta parte muito boa, mas com a adição da música de gaita de foles, deixou o desfile épico.
    Aquela parte em que o Baco fica aflito, por causa da visita da sua suposta ex-amante Sofiel e o Mugaro no lado dele foi muito engraçado. Eu acho que o Baco não é mau, e quase de certeza que ele foi expulso do céu, por ter ajudado algum humano a fugir dos deuses. As caras do Baco, continuam a ser das melhores fórmulas de provocar gargalhadas nos espectadores. Mas o Baco é quase um livro aberto e por causa disso a Sofiel ficou ainda mais desconfiada e atenta por causa da criança prodígio.
    Fábio, não achas estranho o súbito destaque que o anime está a dar à Rita. Para uma personagem que devia ser apenas secundária, está a ter muito destaque. Quando isto acontece é o primeiro de muitos sinais que determinado personagem vai morrer (e eu acho que a Rita mesmo sendo uma zombie ela não é imortal). Mas passando para as coisas que a Rita falou neste episódio, ainda não sei como ela dá conversa ao Hamsa, este parece que está sempre a pensar no que não deve. É normal a Rita, mesmo estando num corpo de criança com mais de 200 anos, já ter pensado em coisas de mulher e mesmo se ter envolvido amorosamente com alguém. Naquela aldeia onde ela estava, mesmo estando deserta e decrepita, costumavam passar por lá pessoas, dai não me admirar nada que ela durante esse tempo já tenha tido o seu despertar sexual.
    Por falar sexo, o Hamsa, o Deus preso num corpo de um pato, ele é meio promíscuo, principalmente desde que a Nina se começou a envolver com o rei Charioce disfarçado de plebeu. Cá para mim o Hamsa, foi expulso dos céus, por ter saltado a cerca. Afinal na mitologia Grega, não era nada anormal que os deuses se envolvessem sexualmente com os humanos, o Hamsa parece ser muito desenvolvido em termos amorosos.
    Como sempre, mais um excelente artigo de Bahamut Fábio.

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Começar pelo meio é sempre uma escolha narrativa arriscada, mas esse episódio conseguiu entregar uma boa história mesmo assim. Quanto ao planejamento do Azazel, era só aquilo mesmo: “um distrai e o outro mata”, mas se para os demônios ele pelo menos contou qual era a ideia, para a Nina nem isso! Se ele tivesse dito tudo a ela na noite anterior ela com certeza teria recusado e ele teria tido tempo de cancelar o ataque ou tentar fazer um plano diferente. Se ele se acha um demônio malvadão mesmo, poderia até ter sequestrado a Nina e tê-la tentado arrastar para o local do ataque e transformá-la em dragão à força – aquela altura não tinha como ele saber que o poder da Nina tinha mudado e ela não se transformaria mais, por esse erro eu poderia perdoá-lo. O importante é que ele deixou de combinar direito com a pessoa mais importante de todas. Já sabíamos disso, já tínhamos uma boa intuição de que sem isso o plano daria com os burros nágua, daí que o “in media res” do episódio tenha sido no fundo uma boa escolha.

      A batalha foi curta de verdade e a animação dela foi mais curta ainda. O anime não se demorou mostrando a chacina dos demônios (porque foi sim uma chacina apesar de terem sido eles os agressores – repare como mais de um demônio é morto absolutamente desarmado). Não fazia mesmo sentido nenhum gastar tempo com isso. As mortes simbólicas foram as de Dante e Belphegor, dois que, acreditamos, sejam poderosos (talvez não tanto assim, e certamente não tanto quanto Azazel), mas mesmo assim foram mortos com incrível facilidade. Uma humilhação. O poder atual dos humanos é esmagador (literalmente, diria Belphegor se ainda pudesse dizer qualquer coisa…).

      Você gostou da parada? Bom, para quem reconhece as referências deve ser bem divertido mesmo, hehe. Eu fiquei apenas um pouco incomodado com o 3D estilo video-game do começo da parada. Depois ficou ok mesmo.

      Está temeroso pela Rita? Em outros animes acho que eu estaria também, mas em Bahamut continuo tranquilo. Ele nunca fez nada de mal aos parceiros dos protagonistas. Acho que ela ganhou mais tempo de tela porque dos quatro da primeira temporada ela é a única que vive em contato constante com a nova protagonista. O Favaro está sumido (oh, bem, já sabemos onde ele está agora =P), o Kaisar está perdido e trabalhando para o rei e a Amira está dormindo eternamente dentro do Bahamut. A Rita é nosso porto seguro, só isso. De quebra, como boa medida, ela está sendo um pouquinho mais desenvolvida.

      O Hamsa eu tenho a impressão que, embora seja um deus, ainda é apenas o animal de estimação do Baco, e foi expulso do céu junto com ele. Nada no anime até agora, nessas duas temporadas, indica que ele seja um indivíduo independente.

      Muito obrigado pela visita e pelo comentário!!!

      • Eu amei a parte da parada, mesmo que no início tenha tido lá uma parte em 3D, eu não liguei. Ela esteve cheia de referências a tropas de elite alemãs, principalmente os cavaleiros montados a cavalo, com os famosos capacetes com espigão, imagem de marca dos regimentos de elite do exército Prussiano e mesmo do famoso unificador da Alemanha, Otto von Bismarck. Já não bastando os uniformes dos soldados, eles colocam música de gaita de foles, para controlar o ritmo da para parada militar, só para tornar o momento mais épico.
        Só espero que a Rita continue viva até ao final, ela é das melhores personagens do anime.
        O Hamsa, mesmo sendo apenas o animal de estimação do Baco, ele não consegue controlar as palavras que saem da boca dele.

      • Fábio "Mexicano" Godoy

        Ah, sabe como são animais de estimação né, sempre desobedecendo, dando trabalho e criando confusão =D

        E bom, viva a Rita já não está faz tempo, né? HAHAHA!!

        A parada foi de fato bonita (tirando o 3D no começo que ficou estranho demais), mas eu estava muito ansioso aguardando pelo recheio do episódio para parar e sentir o gosto da casca, hehe

      • Mesmo a Rita sendo uma Zombie, uma segunda morte está sempre disponível. Eu tenho 4 gatos e 4 cães e todos eles se portam bem, quando eu digo para eles se portarem bem. Se bem quando viro as costas, já se sabe o que acontece, a maneira de estar dos animais é impressionante.

      • Os meus gatos só me obedecem, graças ao treino da recompensa. Se eles fizerem o que eu digo, eu dou-lhes um pouco de ração, ou algo mais apetitoso. Já os meus cães, foram treinados desde de pequenos para se portarem bem.

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