Nesse episódio de Gintama a palavra chave é “Marionete”. Observamos em primeira mão o uso do clássico exemplo das Marionetes do Estado (pessoas que são controladas e doutrinadas a vida inteira por interesse político para que, quando o momento chegar, possam ascender a uma posição de interesse). A questão é que como estamos falando de Gintama e não de ACCA, não basta só pôr um problema político no ar, existe a necessidade de dissecar essa problemática ao nível em que se possa fazer piada dela.

A França é um país um tanto diferente, como qualquer país, sua arte apresenta individualidades próprias e entre elas está um show de marionetes conhecido como Guignol. Nesse espetáculo, o protagonista homônimo é sempre um homem pobre que, representando as classes baixas, consegue dar a volta por cima graças ao seu bom humor e senso de justiça. Nesse episódio, Sakamoto é um ótimo exemplo de um homem com um senso de justiça absurdo e que não se deixou amarrar pela sociedade. Mesmo sendo pobre e um revolucionário que perdeu a guerra, ele ainda conseguiu se tornar um rico comerciante que negocia com as mesmas pessoas que haviam o derrotado. Ele perdeu seus homens, mas contrário ao bom senso, não permitiu a si mesmo se tornar uma marionete do sistema, indo diretamente contra ele e fazendo da sua vontade a vontade soberana. Isso é algo que NobuNobu foi incapaz de fazer.

Por outro lado, temos uma outra visão marionetista diferenciada nesse episódio. Essa visão que não é algo tão metafórico como o papel abstrato da vivência que aquela pessoa teve vem na forma de um dos mais atuais clássicos populares do terror, os filmes de zombie. Uma infecção de nanomáquinas causadas pelo Hacker Zaku tomou conta da nave de Tatsuma e está tirando o livre arbítrio de cada um de seus homens, os forçando a atacar seu capitão e o Shogun que está junto dele. Zumbis são uma vertente do horror popular bem mainstream quando contemplados com suas tripas soltando pelos cantos, porém suas origens na verdade remontam ao clássico horror da marionete voodoo, que, diziam os boatos, era capaz de fazer com que alguém fosse morto e revivido por um feiticeiro para que assim se tornasse seu servo leal.

Nobu Nobu como uma marionete do Estado nunca soube dizer com clareza o que o movia, ele não tinha uma clara motriz fora os objetivos que empurravam pra cima dele. Sua vontade era a vontade de seu avô, seus métodos eram os métodos que julgavam que seriam necessários para ele alcançar o poder, nada era efetivamente escolhido por ele, ninguém acreditava nele, tudo era mediado e feito para que chegasse a sua vez e que quando ela chegasse ele fosse um governante inútil que concentraria o poder nas mãos das elites para agirem como se fossem o Shogun. No fim foi controlado até por Zaku, até finalmente se entender consigo mesmo e conseguir resistir a situação, mostrando que mesmo um tolo como ele consegue mostrar sua gana e força de vontade quando necessário.

 

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