Um completo caos. Não há como definir melhor esse episódio. Contudo, ele não foi de todo ruim, já que se a parte técnica não foi mais do que no máximo boa a história se demonstrou interessante, mesmo faltando uma base para que o público entendesse melhor exatamente o que estava se passando ali. Dies irae promoverá a sobrevivência de apenas uma raça superior de animes, ou ruirá perante aliados (aliados do quê, exatamente?) que se opõem a sua hegemonia nessa temporada?

O episódio pra valer – deixemos de lado o comecinho que mostra o provável antagonista e o protagonista da história que deve começar no próximo episódio – se passa todo na época do Terceiro Reich Alemão, período em que os Nazistas detinham o poder na Alemanha, e segue um general que é tido como o futuro do Reich, um “mago” que o acompanha – e tem uma relação bastante enigmática com ele, vale dizer – e militares que protegem esse general – as Três Valquírias.

Vestidas para matar, sim ou com certeza?!

Esse general, Reinhard Heydrich, deve ser o antagonista da história principal e esse episódio funcionou como um prólogo para ela. O grande problema foi que ela apresentou personagens, adicionou elementos e abordou situações que não foram devidamente explicadas, causando uma confusão na mente de quem via o episódio – ao menos de quem não jogou a Visual Novel na qual esse anime é baseado –, pois quase nada ali fazia sentido da forma como foi exposto na tela.

E por que ainda assim o episódio não foi de todo ruim? Bem, ele ao menos apresentou uma história interessante – nem que seja mais pela grande falta de informação a ser passada posteriormente para que possamos entender tudo aquilo – envolvendo elementos de ocultismo, seres com poderes sobrenaturais e ligações misteriosas entre figuras fictícias de certo período histórico bastante relevante – Segunda Guerra Mundial – para o mundo em que vivemos hoje. Acredito que todos que leem esse artigo já tiveram, ou terão, aulas de história pertinentes ao regime nazista e a todo o contexto que levou a maior guerra de abrangência mundial que a humanidade já presenciou.

“Quem é essa mulher? O que ela quer? Que tipo de rapadura é essa? Será cocaína? Sexta no Globo Repórter!”

Ao meu ver, foi isso o que “salvou” esse episódio, essa sensação de “se em algum momento explicarem tudo isso direito pode render uma história foda”. Digo isso porque o episódio em si não impressionou pela animação; os diálogos até que foram bons aqui e acolá, mas sem contexto para compreendê-los melhor pareceram mais uma profusão de palavras enigmáticas do que qualquer outra coisa, e o fato de pipocarem na tela personagens com poderes sobrenaturais – inclusive o próprio general que era misterioso e tinha uma força e agilidade sobre-humanas – sem qualquer explicação para aquilo.

Caricato? Talvez. Porém, acredito que o anime não tenha apenas “brincado” com os elementos da cultura militar alemã e que aquilo vá alguma hora fazer algum sentido. Ao menos é o lógico a se pensar, pois acredito que essa obra não teria ganhado anime caso fosse apenas uma história clichê com poderzinho se aproveitando de elementos tão interessantes e até polêmicos. Posso estar sendo ingênuo, eu sei.

Digo isso porque abordar personagens Nazistas – é só o que podemos supor que eles sejam, já que nada nos provou do contrário, e ainda que provasse eles parecem ser ativos dentro do regime – na época da Alemanha Nazista sem necessariamente pintá-los como vilões parece algo arriscado devido a forma como, ao menos nós brasileiros e acredito que grande parte dos ocidentais, somos ensinados a ver os Nazistas: como a pior coisa que já existiu na face da Terra.

Não digo que eles não sejam, nem que sejam, mas digo que uma história sempre tem duas versões diferentes, mas é sempre a do vitorioso que é contada para o povo e se torna “verdadeira” perante o mundo. Não acho que os nazistas foram “heróis”, longe disso, mas também não acho que os “americanos” não foram ao menos um pouco vilões, dentro desse contexto da Guerra, por exemplo.

Mescle o meme da Nazaré Tedesco aqui e divirta-se!

Se quiser ver esse anime indico que não faça juízo de valor dele, pois por este primeiro episódio ele não parece vender o Nazismo como algo certo ou errado, apenas se usa de seus elementos e contexto para contar sua história, essa que parece mais relacionada ao sobrenatural do que ao militar ou político. O próximo episódio deve sair desse contexto e focar no outro personagem, o de cabelo azul, que é o protagonista da história. Essa foi apenas uma introdução, um verdadeiro episódio zero, contado pelo ponto de vista dos vilões sem, contudo, execrá-los por serem “maus”.

Confesso que a confusão que foi o episódio – cheio de cortes abruptos ou constantes mudanças de foco para personagens e situações que surgiam do nada –, os nomes em alemão, bem chatinhos de se ler, e a animação que não impressionou, foram pontos fracos ou mornos dele, mas ainda assim achei um episódio interessante que me instigou a ver o próximo pelos motivos que comentei mais acima. Aliás, não posso esquecer de citar a ótima trilha sonora que encaixou bem com as cenas e ajudou a definir o clima do episódio mais do que o roteiro dele em si.

Os “aliados” que citei no começo da análise devem ser o bom senso, a paciência e qualquer outra coisa que possa fazer vocês se desanimarem com esse anime por esse primeiro episódio. Acredito que ele tenha potencial para ser bom sim, mas é claro que há o risco da história se perder ou nem se encontrar de verdade. Se ficou interessado marche em direção ao episódio um, mas não com uma arma carregada em mãos e sim com boa vontade para abraçar esse caos em seu coração.

Serão eles os vitoriosos no final?!

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