Antes de mais nada, a pergunta que não quer calar: é necessário assistir o antigo anime de Kino no Tabi para assistir este novo anime? E a resposta é…. NÃO! Bom, conforme o próprio autor — em um tweet — este “novo” anime é uma espécie de remake do anime feito pela A.C.G.T. em 2003. Porém, com base nos meus conhecimentos inúteis, creio que o novo anime de Kino no Tabi, na verdade, é um reboot — e não especificamente um remake. Pelo que eu soube, este novo irá sim “refazer” alguns episódios do outro, mas também adicionará coisa nova e trocará a ordem de alguns acontecimentos, provavelmente. Sendo assim, você escolhe: assistir o primeiro antes desse ou simplesmente assistir este novo e depois o antigo.

Aliás, o que é Kino no Tabi, mesmo? Basicamente uma história de autoconhecimento onde uma jovem — chamada Kino — viaja com sua motocicleta falante — chamada Hermes — por vários países em busca de conhecimento, absorção de novas culturas e bem-estar próprio. Para quem gosta de Mushishi, por exemplo, a experiência pode ser excelente; não que Kino no Tabi tenha uma temática parecida com a de Mushishi, mas as duas obras são bastante parecidas em certos aspectos. Na verdade, o que vemos em Mushishi são histórias sendo contadas — sobre pessoas que foram afetadas pelos mushis — e o que vemos em Kino no Tabi são histórias que são criadas através das viagens. O que eu tô tentando dizer é que “contar uma história” é o objetivo de Mushishi e “criar uma história” é o objetivo de Kino no Tabi.

Seguindo exatamente o que disse logo acima, este episódio de Kino no Tabi nos apresentou a protagonista e a sua motocicleta falante — que também pode ser conhecida como “motorad” — viajando até um país — sem nome — com uma característica bastante peculiar: assassinatos são legalmente aceitos. Neste país, com ambientação do Velho Oeste do século XIX yankee, o simples ato de assassinar alguém não é considerado um crime, porém, em contrapartida, furtar alguém — por exemplo — é considerado um crime. Então, por quê? Por que diabos um país permite assassinatos, mas não permite outros crimes “mais leves”? É justamente isso que faz Kino querer se aventurar nesse país — que mais parece uma cidade —, o simples desvendar dessa “ideia” é o que motiva Kino a permanecer lá por três dias.

Mas, e então, como funciona essa cidade?

No final deste episódio, é visto a verdadeira natureza deste país. Na verdade, com o decorrer do episódio, é possível notar a frieza presente nos moradores daquele país, mas é como eu disse, apenas no fim do episódio é onde podemos presenciar isso de maneira real. Um homem — que aparece no início do episódio — tenta roubar e assassinar Kino, mas a população impede o matando. A ideia por trás daquele país é algo como “justiça com as próprias mãos”; na concepção da população, o ato de assassinar alguém é proibido, mas legalmente não é um problema, então, com suas próprias armas, a população se responsabiliza por impedir que assassinatos ocorram, matando os possíveis assassinos. No fim, mesmo querendo evitar uma morte, eles acabam matando alguém, de qualquer forma. Mas, colocando na balança, para eles, um assassino qualquer possui muito mais peso do que um assassino agindo em busca de “justiça”. Aliás, o mais interessante disso tudo é ver que um serial killer, provavelmente, é o mentor por trás dessa população em busca de justiça; certamente foi algo inesperado.

Sobre a protagonista, apesar do seu jeito frio e quase apático de agir, a garota demonstra ser bastante receptiva e sociável; sempre disposta a dialogar com as pessoas e aprender coisas novas. Aliás, me lembrou — um pouco — o Ginko, de Mushishi. É como eu disse, Kino no Tabi incrivelmente me fez lembrar de Mushishi, e isso é ótimo, pois Mushishi é uma das minhas obras favoritas.

Apenas concluindo, Kino no Tabi teve uma excelente estreia. Como sempre, a Lerche veio com uma animação simples, porém muito bonita — visualmente e esteticamente. O character design dos personagens está muito diferente do character design do anime de 2003, mas se você for ver a atual arte da light novel, o character design é basicamente o mesmo do anime atual. Sendo sincero, o diretor responsável por Kino no Tabi não é nada bom, mas talvez ele possar fazer um bom papel, nunca se sabe. O bom dele estar trabalhando com a Lerche é que não não foi necessário para ele encontrar animadores freelancers para ajudar na produção do anime, já que a Lerche raramente costuma fazer sakugas e cenas mais fluidas. Se Kino no Tabi continuar com esse mesmo “gás” que demonstrou neste primeiro episódio, creio que para quem gosta desse tipo de anime, será um dos melhores da temporada — quem sabe até do ano. A história original de Kino no Tabi é muito boa, se o anime for bem produzido, não existirá erro.

  • Ah, é, parece que ontem (dia 07/10) eu completei 1 ano de Anime21, e parece que vou poder escrever sobre Kino no Tabi nessa temporada — algo como um presente dos deuses. Apesar de ter sofrido muito com os animes ruins, escrever para o Anime21, no final das contas, é divertido. Eu sempre gostei de escrever e expor minha opinião, o Anime21 me ajuda bastante nisso. Espero poder continuar escrevendo aqui por um bom tempo!
  1. Eu vi a versão antiga e o ova e filme que saíram posteriormente e gostei bastante (meio que me tornei fã do mundo de Kino no Tabi. Eu esperava que esta nova versão fosse começar, pelo episódio fatídico da versão antiga, mas tal coisa não aconteceu.
    Mas por impressionante que pareça, isso não foi uma coisa má. Para quem ainda não conhece nada do mundo de Kino no Tabi pode pensar que a história é lenta e que tudo corre bem, está bem enganado (como se viu neste episódio 1 do reboot/remake). Uma coisa que eu aprendi quando assisti a versão antiga, é que nada naquele mundo é o que parece e isso deu para ver neste episódio, no suposto país onde é permitido matar pessoas.
    Eu já sabia que aquele pais, ia ser uma pequena caixas de surpresas e tudo o que lá se passasse iria ter alguma mensagem especial. O mundo onde se passa Kino no Tabi é tudo menos bonito, está cheio de falhas, seres humanos poderes e sociedades mais podres ainda e essa podridão viu-se naquele personagem de cabelo loiro, que tentou coagir a Kino a transportar a sua carga na moto dela (a Kino nesse momento podia ter eliminado essa criatura com a seu persuasor (pistola de 9 milímetros).
    Mal a Kino começou a explorar aquele país, onde era permitido matar pessoas, tanto ela como o espectador, começam a perceber o porquê da ausência de violência nas ruas e a paz aparente. Em todos os lugares daquela cidade onde a Kino ficou hospedada, todos os estabelecimentos e pessoas portavam pelo menos uma arma consigo o que já deixava o espectador a a pensar na anormalidade daquilo.
    Quando o personagem de cabelo loiro, decide atacar a Kino em plena luz do dia, o destino dele estava traçado. Ele em hipótese alguma conseguira disparar a sua arma, mais rápido que a Kino, mas a Kino já à muito que tinha percebido que aquele país não era normal e decidiu procurar cobertura no Hermes. Foi bem satisfatório ver aquele estúpido a ser linchado pelo povo daquele país, ele caiu no erro de interpretar mal a suposta falta de punição dos assassinatos (como o velho que o matou disse, naquele país não à punição para quem mata, mas isso não quer dizer que a matança discriminada seja permitida). Essa cena da morte do personagem loiro, foi pesada, mesmo que mascarada, o velho ainda teve o trabalho de esfaqueá-lo no coração para ele não sofrer.
    Kino no Tabi, me acostumou a ver os dois lados da mesma moeda e a parte final do episódio foi muito bonita. A Kino na volta da sua jornada na cidade onde o assassinato não era punido, encontra outro viajante e fala com ele, na ironia no mesmo local onde estava o aventureiro loiro no começo do episódio. Só que este ao contrário do outro, só queria encontrar a paz, num país onde não houvesse uma chacina de pessoas, tal como era no seu país de origem. Este aventureiro além de humilde era muito simpático e foi meio engraçado quando ele tentou perguntar se as panquecas daqueles país eram tão boas como se ouvia dizer.
    Excelente artigo de primeiras impressões, da nova versão de Kino no Tabi Nomichi.

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