Mesmo com a história continuando muito boa, coerente e interessante, a queda na qualidade da animação – antes um ponto forte praticamente inquestionável – e a já rotineira ausência de dança fluida na hora das danças prejudicaram muito a qualidade geral desse episódio do anime. Um reflexo disso pode ser visto na nota – a mais baixa que já dei – e nas críticas que farei a partir de agora.

Adoro essa expressão no rosto dela

O episódio começa muito bem, já respondendo a algumas dúvidas importantes sobre o passado da Chi-chan, o que justifica o seu forte senso de liderança e a sua total inexperiência em ser guiada. Se lembrarmos de alguns episódios atrás podemos fazer um paralelo dessa situação – garotas tendo que fazer par entre si por falta de garotos – com a da Mako, pois se seu irmão não tivesse aceitado entrar na dança com ela, ou ela não dançaria ou provavelmente teria que arranjar uma parceira mulher – isso é até mais provável se pensarmos na sua personalidade tímida e recatada.

Sendo assim, a história expor esse tipo de problema e usar ele para apresentar uma personagem que tem um gênio forte e uma personalidade arrojada – essa que muito provavelmente foi moldada em cima do quanto ele tinha que se impor para liderar a sua parceira demonstrando convicção e força – é algo excelente, pois une o útil ao agradável – trabalhar conceitos enquanto trabalha personagem – e até quebra um pouco um estereótipo já que a Chi-chan não é nada masculinizada, muito pelo contrário, ela é incrivelmente bela e feminina mesmo “dançando feito homem”. Uma adição de personagem é ainda mais significativa quando ela expande o universo de uma obra, acrescentando elementos úteis a ele só pelo fato de integrá-lo, além de ajudar a moldar a história a partir dali.

Se ela não fosse tão indecisa não seria a heroína dessa história, né!

Se pensarmos que essas características da Chi-chan batem de frente com tudo o que o Tatara entendia por dança de salão até então, fica fácil ver a tentativa de fazer com que o personagem principal aprenda e amadureça com essa parceria, pois ao lidar com diferentes pontos de vistas e convicções ele deve ir mudando a si e a ela também, para que em algum momento os dois consigam se entender melhor e dançar bem juntos. Não que essa relação de “cão e gato” vá acabar aí, pois vemos através do Sengoku e da Chizuru que um par é igual um casamento, você sempre pode aprender coisas novas e sempre ocorrerão conflitos, o processo de troca é constante.

Não posso esquecer de falar da nova personagem a ser introduzida na história, exatamente a ex-parceira da Chi-chan e que parece guardar bastante ressentimento dela, a Akira. Ela foi introduzida de forma bastante oportuna, é verdade, mas se pensarmos que todos ali moram na mesma região não é assim tão estranho o Tatara arranjar emprego justo no restaurante da família dela.

A personagem mais cínica e maliciosa que você respeita!

O timming da Chi-chan ir lá e ver o Tatara conversando com a sua “ex” foi perfeito demais também, mas nada que seja assim tão forçado se pensarmos que era uma hora em que nenhum deles está mais na escola e que foi no momento em que ela queria renegar de vez a dança. Sendo assim, a reação hostil da garota e a sua decisão feita no calor do momento mostram que ela também guarda mágoas da ex-parceira e se lembrarmos do episódio anterior foi algo bastante coerente – ela já mostrou ser o tipo de pessoa que não sabe bem o que quer e que às vezes faz as coisas na base do impulso.

Com as cartas postas na mesa e o desafio lançado – derrotar o par da Akira e chegar à Copa Mikasa –, a parceria entre o Tatara e sua “algoz” se forma e os dois partem rumo a sua primeira competição – mesmo com apenas duas míseras semanas de preparação. Isso é bom para manter o anime agitado e para explorar ainda mais da dinâmica Akira x Chinatsu, pois um dos pontos fortes desse episódio foi justamente a relação desagradável e estranha das duas. Relação essa que não chega a ser de ódio desembestado, mas comporta tanta rispidez e mágoa que é impossível dizer que é amistosa.

Passando essa primeira parte do episódio somos levados à competição que rende bons diálogos e boas interações entre personagens, por outro lado, apresenta uma queda perceptível na qualidade técnica, além de momentos com uma movimentação até boa, só que intercalada por longas cenas praticamente estáticas que acabam tirando qualquer impacto que pudesse advir das danças.

Por mais que essa competição possa não ser assim tão importante, seria melhor manter um mínimo de qualidade de animação constante em algum quesito, o que não ocorre aqui e por isso causa uma sensação de estranheza, uma sensação incômoda de que “a verba está acabando”, o que é preocupante se formos parar para pensar que ainda faltam mais 10 episódios até o final do anime.

Eu percebi a referência àquela cena da Shizuku no episódio 3 viu kkk…

Já estou acostumado com a “dança não dançante” de Ballroom, mas confesso que esperava que isso mudasse um pouco nesse novo arco – as danças um pouco melhores dos episódios anteriores também me levaram a esperar isso –, pois deve ser necessário se formos pensar que agora o Tatara está mais experiente e quer alçar voos mais altos, além de que o clímax do anime se aproxima e a melhor forma de encerrar a série seria com ótimas danças que conseguissem passar emoção não só por elementos externos como também por movimentos de corpo – dança pura e simples.

Quanto ao que ocorreu de importante para a história, nessa segunda parte há duas coisas a serem pontuadas. Primeiro, a conturbada e distorcida relação de liderança do par Tatara-Chinatsu. Segundo, o aparecimento do par Kugimiya-Idogawa – par que, segundo a abertura, deve rivalizar com o par principal – e a volta da Marisa à história. Como Ballroom não costuma criar situações e mostrar personagens por acaso, creio que ambos – Marisa e o novo par – devem ser usados para ajudar no desenvolvimento do Tatara e de sua parceira.

It’s a trap Tatara! IT’S A TRAP!!!

Falando da forma como o Tatara e a Chi-chan dançaram, é inevitável apontar a bagunça que foi aquilo tudo, como eles estavam fora de sintonia e como a falta de liderança daquele que deveria ser o líder e o excesso de liderança daquela que deveria ser a parceira, atrapalharam a dança dos dois. Isso só não foi pior porque mesmo dançando relativamente mal eles conseguiram avançar até a final, o problema é que foram arrogantes e não deram uma boa olhada nos outros competidores, assim levando uma rasteira muito bem dada pelo par do Kugimiya que tomou fácil o primeiro lugar deles.

Agora nosso protagonista tem outra barreira em seu caminho e ela é Kugimiya Masami, que com certeza não é um dançarino ruim já que é treinado pela Marisa e parece ter conseguido o primeiro lugar sem maiores dificuldades. Quanto a mesma cena, quero que no próximo episódio digam o que aconteceu com o Tatara e a Chi-chan, em que lugar terminaram e se conseguiram avançar para a Copa Mikasa com isso.

Confesso que essa pose já enjoou, o anime destaca ela demais, tá bom já!

Devo citar também que achei peculiar a forma como a Marisa criticou a atuação do Tatara, e já que ela é uma técnica renomada e tinha demonstrado interesse nele antes é provável que o tome como seu aprendiz – na verdade, a abertura meio que entrega isso, né kkk –, o que seria ótimo para esse novo par já que o Sengoku não parece ter tempo e nem disposição para treinar eles de forma adequada – e nem jeito para ser técnico de verdade, vale dizer.

No geral foi um bom episódio que só decepcionou na parte técnica, mas em compensação continuou ótimo quanto ao enredo. Por último, só gostaria de dizer que gostei da forma como a relação dos protagonistas foi se desenvolvendo. O momento em que a Chi-chan elogia ele e o momento em que a Akira provoca ela para mostrar como ficou de vestido foram ótimas formas de ir criando intimidade entre os personagens, algo necessário para que o público creia no caráter pessoal da disputa entre eles.

Digo isso tanto no enfrentamento de par contra par quanto na disputa dentro do próprio par, já que Chinatsu e Tatara parecem disputar um espaço, ou optar por outro, que não deveria dizer respeito a eles. Sendo assim, é importante criar um jogo entre dar e receber, e até tomar, entre os dois. Pelo que foi mostrado isso começou a ser bem feito no anime.

Acho que já me estendi esse artigo demais e está na hora de finalizá-lo. Pode parecer que critiquei pouco negativamente, mas acredito que foi o suficiente para dar essa nota. Espero que o anime consiga recuperar o equilíbrio de outrora – desconte a animação fluida nas danças, quanto a essa já perdi minhas esperanças –, pois é o mínimo condizente com o ótimo roteiro apresentado até aqui.

Até a próxima dança pessoal!

Olha quem pontuou de novo e entra de vez na disputa pra ser a waifu de Ballroom! ❤

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