A necessidade de encontrar algum sentido na vida, por menor que seja, por mais insignificante que possa parecer aos olhos dos outros, é sinônimo de qualquer vitalidade que possa ser conquistada. Em Mahou Tsukai no Yome, essa realidade se torna tão pungente que inicia o episódio de uma maneira levemente melancólica e a transição de sentimentos e vontades aprofundam as facetas dos personagens nessa trama. Mas diante de tudo isso, a questão que fica é: o que fazer quando não se importa sobre a vida ou a morte? Bem, a despeito de qualquer diálogo deprimente sobre indiferença, esse segundo episódio promete! Vamos conferir!?

Os diálogos, como em qualquer animação ou representação desse gênero (que por enquanto tem se esforçado no slice of life com pitadas de drama), tem tido o papel crucial de não apenas dar um seguimento basal e cadenciado ao andamento da trama como também o de evoluir (sobretudo psicologicamente) os personagens. Em Mahou Tsukai, o autor optou por cenas curtas e de impactos variados, geralmente tendendo para um equilíbrio que se sobressai com cenas posteriores e as relações vão se estabelecendo organicamente. E o resultado final: uma sensação de completude e de felicidade ao assistir algo tão competente. Apesar de toda a depressão…

Bad…

O alívio cômico toma uma posição especial ao longo desse segundo episódio. A estratégia, bastante inventiva, de basear a apresentação e a personalidade de uma nova personagem, grande parte, através de interações caricatas, foi bastante funcional. Além disso, ao longo dessa cena, a trama arrumou o que eu chamo de “motivo basal” (que seria algo como: o que leva um personagem, geralmente novo na obra ou aleatório, a sair falando loucamente na forma de monólogos incessantes para um dos personagens principais) de uma maneira levemente menos artificial do que eu já estou acostumado; o que é bom.

Com o progredir dos diálogos, os elementos dessa etapa da narrativa foram pouco a pouco explicitados para os leitores/expectadores. A beleza dos motivos e poderes envolvidos; o caráter mutável que essa qualidade/capacidade (e o próprio conceito de magia presente nesse universo) tem sobre o passado da protagonista e, melhor ainda, sobre o iminente futuro dela; e ainda, a problematização, mesmo que tangencial e sem representar, a princípio, um risco ou uma possibilidade muito possível. Entrou mais com o intuito de instruir sobre a possibilidade do que para qualquer outro fim, caracterizando alguns planos futuros do autor (ou não, kkk).

Então chegamos ao ápice do episódio, a clássica demonstração de potencial. Nesse caso, na forma de exacerbação do potencial mágico atrelado a dois detalhes narrativos importantes para percebermos a magnitude do ocorrido: a comparação com o desempenho da filha legítima de uma maga; o poder inexorável das memórias e do passado moldando o presente (de uma maneira absurdamente influente) de Chise – como já foi analisado e percebido na minha resenha das OVAs; e toda a dinâmica de desejos que o anime aborda desde seus prequels.

Hugo, a mulher, Chise e a motivação da magia

De uma maneira geral, esse episódio foi bem mais descontraído e exploratório do que seu anterior. Seus limites tão claros quanto suas limitações o fazem ser um bom episódio apesar de toda passividade presente ao longo de seus quase 22 minutos. A pretensão de introduzir alguns personagens importantes para o desenvolvimento do enredo bem como salientar alguns aspectos, mais ou menos específicos, do universo, são não apenas válidos como vitais para seu andamento. A meu ver, essa ritmicidade deve continuar preponderante por mais um ou até dois episódios, que darão continuidade a essas pretensões e abarcarão, gradativa e oportunamente (ou assim espero), novas informações e retalhos do passado de Chise e como foi sua infância com seus pais (foi uma pulga que ficou atrás da orelha da maioria das pessoas que assistiram a esse episódio). Mas o que realmente pegou foi o finalzinho. Bem no estilo clássico de “gancho” para o próximo episódio. Assim, após essa deixa (regrada a dragões voadores e sequestradores [des]conhecidos) eu fico nessa e até a próxima.

Dragão branco de olhos azuis fazendo bico no ramo dos sequestros

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