Island é adaptação de uma visual novel e ao que me pareceu o anime foi planejado na tentativa de promover o jogo, já que até seu lançamento no ocidente foi adiado para aproveitar essa divulgação. E o que esperar da obra? Um mistério envolvendo viagem no tempo, segredos de famílias e garotas bonitas sofrendo por conta deles. A estreia foi boa? É justamente sobre isso que comentarei agora!

Essa cena me desanimou, mas paciência não é uma virtude por acaso, né?

A história começa com um suposto viajante do tempo com amnésia que é encontrado na praia por uma das protagonistas. Logo fica claro que ele é indesejado na ilha por supostamente vir de uma ilha menor cujas desovas têm a ver com os segredos que cercam as três famílias mais ricas de Urashima.

E com quem ele teve mais contato nessa estreia? Justamente com as três herdeiras dessas famílias.

Já essa cena me convenceu a continuar assistindo.

Se você tem o mínimo de experiência com visuais novels já deve ter sacado que isso claramente é um sistema de rotas no qual a cada rota a interação do Setsuna será maior com uma das garotas e nela haverá um final específico bom e/ou rim. O final verdadeiro pode estar em outra rota ou estar na da Rinne, que claramente despontou como sendo a mais importante entre elas. Aliás, é ao compartilhar de uma experiência similar a do protagonista que a química desenvolvida entre os dois ganha forma.

A Karen o encontra e com ela ele vive situações clichês de comédia romântica; a Sara vai ao encontro dele e com ela ele vive situações mais puxadas para a comédia, ainda que com um fundo sério; já a Rinne o abriga e emprega, compartilhando com ele uma conexão não só pela amnésia, mas também pela canção dela que afeta o emocional dele – o qual acaba afetando o dela. O que há em comum na interação com cada uma? Flashes turvos do que seria um futuro em que ele interagia com as garotas.

O quão perdedor o cara tem que ser pra tentar beijar uma garota desacordada?

Isso comprova que ele é um viajante no tempo? Não exatamente, mas a intenção da trama ao lançar vários mistérios sem respostas – alguns que indicam claramente algo, outros nem tanto – é de fazer o público sentir curiosidade por saber as respostas para esses mistérios, o que mesmo com algumas situações bem bobas funcionou bem e acredito que tenha germinado a curiosidade no telespectador.

Se ele realmente se chama Setsuna, então por que quer matar o Setsuna? Na casa da Rinne ele viu um papelzinho em que estava escrito para matar o Setsuna, então a Rinne está planejando matá-lo? Por que a canção da Rinne mexe com as emoções dele? Por que o Prefeito quer expulsar todos os forasteiros que aparecem na ilha? Por que a Rinne não pode ter a pele tocada pelo sol? Por que ele tem flashes do que seria o futuro? Por que ele viajou no tempo? Qual o grande segredo das famílias?

Essas perguntas devem ser respondidas – e outras, mas essas foram as que achei mais importantes para citar aqui –, e o que espero é que a história vá respondendo elas de forma bem distribuída caso queira se manter interessante, sabendo trabalhar os personagens principais enquanto isso, e como o mistério se conecta a eles e faz eles se conectarem. A interação não foi ruim para um primeiro episódio, foi eficiente para jogar os mistérios na tela e dar um vislumbre das conexões.

Frisei muito as palavras interação e conexão, porque em uma história de visual novel com esse tipo de estrutura – um cara e várias garotas com suas rotas – a interação é imprescindível para fazer com que seja agradável gastar pouco mais de 20 minutos do seu tempo vendo o anime. Quanto a tal da conexão, em um mistério ela é essencial para fazer com que o panorama geral da trama mostre a sua qualidade ao público, principalmente se vários dos pequenos detalhes ressoarem uns com os outros.

Quanto a situação do protagonista, ele não deve ser o Setsuna verdadeiro e a Rinne deve ter algum tipo de ligação com o verdadeiro, mas não sabe que esse é um impostor, ou pode ser que ela queira se aproximar do falso para não se ver obrigada a matar o verdadeiro contra a sua vontade. Pode ser qualquer outra coisa também, mas qual é a graça desses animes se não teorizarmos sobre eles, né?

Agora a pessoa que ele tem que matar é ele mesmo? Virou missão suicida? interessante…

Ao final desse primeiro episódio achei que o suposto Setsuna realmente viajou no tempo, que as três garotas são a chave para resolver o mistério maior, que de forma direta ou indireta influencia todos os outros (o que é até bem óbvio, está na sinopse, né), mas as informações limitadas e confusas das quais elas dispõem não são o suficiente para isso, o que torna o Setsuna um personagem ainda mais importante já que ele deve desempenhar um papel de elo de ligação entre elas, além de impulsionar o destrinchamento das sutis nuances e dos mais variados segredos que sustentam toda essa história.

É o que espero, é o que acho necessário que aconteça – e é claro, seja bem feito – para que essa boa estreia renda um anime que seja no mínimo bom. Vamos nos perder na misteriosa ilha de Urashima?

E a pessoa que ele tem que salvar é a dona dessa bela voz. Espero que consiga!

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