Shichisei no Subaru – ep 3 – Vamos proteger esse sorriso!
Como não desejar proteger o sorriso fofo da Asahi, não é mesmo? Ela é uma garota muito amável e que está sempre buscando ver o melhor da vida em todas as situações. Assim sendo, a forma como seus amigos agem com ela é de cortar o coração em um primeiro momento, pois ela não tem culpa pelo que está acontecendo. Apontar o dedo na cara dela e pedir para que ela se afaste daqueles que são como a sua família – temos que lembrar que ela não viveu os seis últimos anos – é cruel demais, tanto que o Haruto e a Satsuki percebem isso ao receberem a chance de reatar esses laços perdidos.
Como ficou subentendido, de uma maneira até bastante óbvia, no segundo momento do episódio, a Satsuki tem uma rivalidade inerente com a Asahi, a qual se deve bastante a ela gostar do Haruto. Foi por isso, por querer evitar que ele se machucasse, além de querer ele todinho só para si, que ela foi egoísta ao extremo ao pedir para a Asahi se afastar, perdendo o único apoio que ela teria ali no jogo.
A atitude da Satsuki é compreensível devido a sua imaturidade e ao sentimento adverso que ela tem para com a Asahi, mas, ainda assim, isso não justifica sua atitude cruel para com a garota que não tinha culpa de nada, que era até mais vítima do que qualquer outro na história por não ter mais um corpo para o qual voltar e nem ter vivido os últimos seis anos com os seus antigos amigos da Subaru.
Acho que a Satsuki foi muito dura e gostaria de ter visto um pedido de desculpas mais explícito de sua parte – como houve por parte do protagonista –, mas o importante foi que o Haruto tomou as rédeas da situação e decidiu encarar o passado apropriadamente, retornando ao jogo para ajudar a Asahi no que ela precisasse. Por mais que toda a situação ainda possa lhes causar dor e sofrimento, pior seria se renegassem seus próprios princípios como guilda deixando desamparada uma de suas integrantes. É uma história que trata de arrependimentos pelo passado, então nada mais natural que dar a essas personagens uma segunda chance para fazer diferente aquilo em que falharam um dia.
Quanto ao Takanori, está ainda mais na cara que ele sabe de mais do que aparente e que em breve deve voltar ao primeiro plano da história. Ele ter recolhido o anel da Asahi reforça minha impressão de que ele gosta dela de uma forma diferente – mas também pode ser só eu tentando ver interesse amoroso onde não existe –, o que não deve demorar a vir à tona se for o caso. O fato é que, esse foi um bom episódio que serviu para fortalecer os laços entre três dos protagonistas, mas, e quanto aos outros três ex-integrantes da Subaru? Acho que já está na hora deles serem reintegrados ao grupo.
Já de volta ao jogo, a cena de intimidade entre o Haruto e a Asahi foi muito doce, porque mostra a inocência da amizade dos dois, assim como um se apoia e confia no outro, como ambos se veem como portos seguros com os quais podem e devem: se abraçar, chorar, desabafar, expor o que está lhes incomodando, assim como trocar sorrisos. Eles têm o tipo de amizade que você só é capaz de cultivar durante a infância, um sentimento que surge naturalmente e aproxima demais duas pessoas.
É muito difícil não se deixar cativar um pouco pela cena em que os dois se abraçam, ele se desculpa e a Asahi chora. Além disso, não é como se um precisasse do outro somente pelo desejo de superar as mágoas do passado – no caso dele – ou recuperar o tempo de amizade perdido – no caso dela –, eles estão próximos também por adorarem a companhia um do outro. Um vínculo forte, simbolizado pela promessa que fizeram em segredo, a qual foi realçada ao longo do episódio e bem usada no fim dele.
A ideia de ir para o local em que a Asahi morreu dentro do jogo foi objetivamente muito boa e uma clara tentativa da trama de se aproveitar desse lugar propício para dar ao pequeno grupo algo que restabelecesse de forma perceptível os laços entre eles, algo que tivesse a capacidade de reuni-los.
Antes disso houve a já recorrente cena de ciúmes da Satsuki – coisa que não me agrada muito – e a ideia dos anéis, algo que no momento seguinte foi utilizado para simbolizar esse vínculo entre todos os integrantes da Subaru. Uma representação física palpável – dentro do contexto do jogo – para um sentimento que torna aquele grupo o que ele é – e os une enquanto guilda. Tenho a impressão de que a ressurreição da Asahi tem a ver com esses anéis, mas isso é algo para comentar mais no futuro.
A Elicia aparece do nada para dar aquele empurrãozinho que os jovens precisavam, mas com certeza não queriam porque se tratava de um boss forte, né. Dá para categorizar essa personagem como um artifício do roteiro para proporcionar certas situações? Até agora sim, mas a abertura dá a entender que ela terá mais importância que apenas isso. Dar esse empurrãozinho para a luta foi um problema? Não exatamente, porque a garota já tinha sido introduzida e já tinha demonstrado interesse em uma mudança de panorama no que se refere a esses personagens. Além disso, os senses não são os dons exclusivos de cada um e nada foi detalhadamente explicado sobre o uso deles, não é? Diante dessas condições fica difícil alegar que há inconsistência na forma como toda a situação se desenrolou dada a estrutura do universo apresentado. Eu poderia criticar essas opções do roteiro, mas, sinceramente, contanto que ele não force situações ridículas como acontecem em SAO, eu já me dou por satisfeito.
A luta se desenrola e o final clichê acontece. O que é ruim para a trama? Não. Como comentei antes, os anéis podem ter certa relevância para a resolução do mistério central da obra – como e por quê a Asahi apareceu no ReUnion –, então não seria de se estranhar que o emocional instável e a situação de “vida ou morte” – para a Asahi seria a morte definitiva mesmo, né – propiciassem a volta do sense do Haruto. E como a Satsuki bem foi capaz de provar, a arte profética da Asahi está mais poderosa do que nunca, então todos devem ter seus poderes de antigamente e devem usá-los para destrinchar a tramoia por trás da volta à vida da fofa da Asahi. O desfecho – assim como a construção para ele – foi aceitável e até muito bom, não só enquanto evento narrativo, mas como clímax do episódio mesmo.
A animação pode não ter entregue nada demais, mas a trilha sonora deu uma ajudinha e no final não foi tão emocionante quanto poderia, mas passou longe de ser sem graça também. A vitória que foi alcançada marcou uma nova promessa feita entre metade dos integrantes da antiga e lendária guilda Subaru, um retorno às raízes sim, mas também um modo de olhar para frente, de encarar o passado com uma perspectiva de futuro, esse em que terão ajudado a Asahi como eles puderam. Se é a Asahi mesmo que está ali ao lado deles deixo para comentar nos próximos episódios, por ora posso só aproveitar o ótimo episódio em que uma personagem tão amável teve seu belo sorriso protegido.