Steins;Gate 0 – ep 15 – Família
Esse foi o que eu chamaria de um episódio de família, pois ele todo girou em torno da Suzuha e dos pais dela, de como a filha agiu de cupido e sentiu o quanto uma família é importante. Contudo, não tivemos apenas isso, mas também demonstrações do distanciamento do Okabe, principalmente no que tece a sua relação com a Mayuri – e a indicação de que a trama ficará mais agitada agora que a Kagari está agindo das sombras. É tão bonito ver uma família unida, né? Que se abra o Steins Gate!
Antes de voltar minhas atenções para a Suzuha e sua família, acho importante tocar em dois pontos que tiveram menos estaque nesse episódio, mas devem ser importantes para a sequência da trama.
Primeiro, a volta da Maho, que vai ajudar o Daru e a Suzuha a preparar uma nova máquina do tempo ainda que a Suzuha acabe indo embora antes dela estar completa. Aliás, esse episódio também teve clima de despedida, pois parece que a Suzuha só vai ficar mais uma semana naquela linha do tempo. A Maho, nossa cientista loli, foi usada para alivio cômico, mas deve ser mais útil no próximo episódio.
O segundo tópico que merece atenção é o claro distanciamento do Okabe, que além de não dar mais tanta atenção assim à Mayuri, também está correndo atrás de uma oportunidade para estudar longe do seu país, de seus amigos, e de toda essa problemática envolvendo viagens no tempo. As ações do Okabe eram previsíveis, mas não deixaram de ser interessantes, afinal, seu afastamento da melhor amiga implica que a situação dele viajar e estudar fora também vai ser trabalhada visando o drama que será gerado disso, não só a razão prática que o impedirá de se afastar de Akiba e dos amigos. É certo que ele não vai para lugar nenhum, né, pois algo grande acontecerá na iminência dessa viagem.
Deixando esses dois tópicos de lado, o episódio usou quase todo seu tempo de tela com a Suzuha e o seu pai. Ela, uma filha dedicada e amorosa que agiu como cupido para unir os pais. Ele, um otaku que não sabia como lidar com um relacionamento. Toda a situação, e uma bem clichê no campo das comedias românticas, do Daru com a Yuki não foi boa só por seus momentos cômicos ou por garantir que a Suzuha nascerá um dia, mas também por explorar um assunto bastante sensível à sociedade japonesa contemporânea: a dificuldade da relação interpessoal entre os jovens. Sim, negar que a cultura otaku tem certa influência nesse problema é fechar os olhos para o óbvio, mas pôr toda a culpa nela também não é a forma certa de lidar com a situação. É verdade que a situação desse episódio não foi a fundo na crítica ao assunto, mas propôs a reflexão para as audiências interessadas.
Acho que o mais importante de todo esse longo e engraçado cortejo do Daru foi terem transmitido a ideia de que não importa o quanto você se arrume, mude o jeito de falar e agir; quem conhece você e gosta da sua companhia não ficará confortável ao ver uma faceta artificial sua, tanto que foi por isso ela fugiu no primeiro encontro, porque quem estava ali não era o Daru que ela conhecia e pelo qual se apaixonou. Quando ele agiu como sempre – foi gentil e atencioso do seu jeito –, sem deixar de mostrar sua personalidade, ela viu que tinha alguém verdadeiro ali e o laço dos dois se fortaleceu.
Mas não posso deixar de comentar que achei a confissão do Daru hilária. Foi muito a cara dele e só tornou todo o momento mais prazeroso, porque tanto teve um apelo cômico, quanto dramático na medida certa, de uma forma que foi capaz de conciliar todos os interesses que estavam em jogo; o da Suzuha, o dos pombinhos ou até o do público que queria ver uma cena marcante toda “especial”.
A viajante do tempo tanto quis ver seus pais juntos e felizes, e sentir o aconchego e carinho da mãe que perdeu muito cedo ou do pai com a qual teve pouco contato devido a circunstâncias difíceis, e ela conseguiu, proporcionando ao telespectador um momento extremamente gratificante caso ele se importe com esses personagens – caso ele reconheça a importância desses momentos.
A Suzuha logo deve ir embora dali, e deve ir em paz agora que não se culpa mais pela morte da mãe – aliás, a cena em que a Yuki morre no futuro foi muito bonita e teve a carga dramática certa para o momento – e está tranquila quanto ao relacionamento dos pais, tendo a certeza de que ela fez tudo o que poderia da melhor maneira possível. Ao menos será assim se ela puder ajudar com a máquina do tempo. Por outro lado, a Kagari está cada vez mais longe de alcançar qualquer “paz de espírito”.
Ela ter aparecido no final do episódio indica que aparecerá no próximo? Sem sombra de dúvidas, só que o que vai acontecer é uma incógnita – ao menos para quem ainda não jogou a visual novel. Mas acredito que o que ela fizer deve interferir nos planos do Okabe e abrir caminho para a sua volta ao núcleo do laboratório, para junto de sua mãe. O valor desses episódios mais voltados para trabalhar os personagens deve aparecer na reta final da trama, quando eventos mais sérios e urgentes acontecerão – é inevitável –, e para “sustentá-los” personagens bem construídos e gostáveis são necessários. Steins;Gate 0 está muito bom em praticamente tudo, o que torna seu futuro promissor!