Bom dia!

Mais um anime que vou cobrir essa temporada, junto com Angolmoismais dois! Um deles quem me acompanha já sabe qual é, e acho que não me esforcei muito para esconder? O quarto e último eu quero ver só se alguém adivinha, hehe. (Não deixe de acompanhar os artigos dos demais redatores do Anime21 também!)

Destaque-se que ao contrário de outras temporadas, estou bastante satisfeito com todas as minhas escolhas até agora. Claro que ainda tem tempo para que algum ou alguns dos animes que vou cobrir me decepcionem, mas sinceramente eu duvido. E Banana Fish é um dos melhores.

E já está em seu quarto episódio. Estou devendo bastante, então não vou enrolar mais. Ao artigo!

Tem um monte de coisa acontecendo nesse anime! E é notável como muitas dessas coisas aparentemente desconexas se encaixam sozinhas diante dos protagonistas Ash e Eiji. É um ciclo fechado. Griffin, irmão de Ash, está em estado catatônico desde que voltou da Guerra do Iraque por causa de uma droga para a qual Ash não tem pista nenhuma mas que cai milagrosamente em suas mãos. Atrás dela, está Papa Dino, chefe de Ash e mafioso que o acolheu e abusou sexualmente quando seu irmão voltou da guerra. Mais abusou sexualmente do que acolheu, e por isso Ash deseja se vingar. Porque ele estava com a droga, Papa Dino arma para Ash e em um péssimo turno de eventos o protagonista acaba preso. Policiais estão investigando uma série de mortes que estão relacionadas, adivinhe só, à droga que está em poder de Ash, e acionam um jornalista preso que eles conhecem e que está na mesma penitenciária para proteger o jovem. Esse jornalista, Max, “por acaso” serviu junto de Griffin e foi quem o parou quando saiu de si por causa da droga. E que também está investigando sobre ela. Por fim, a única pista que eles têm é “Banana Fish”, que por acaso é o nome do anime! Não, ok, péssima piada. Mas é a única pista que eles têm para a verdade sobre a droga, sim, e, veja só, é um cientista que está trabalhando para Papa Dino, aparentemente! É um ciclo fechado de danação.

O “Dr. Banana Fish” estava embaixo do nariz do Ash esse tempo todo

Ufa! Um parágrafo enorme inteiro só de coincidências, e nem sei se esgotei todas. Mas que mundo pequeno esse, não é? Mas eu não me importo. Em muitas histórias isso seria de fato um ponto negativo, mas Banana Fish é tão coeso em sua determinação de não deixar que histórias paralelas complicadas possam atrapalhar a trama central (e sem dúvida seria complicado ligar todos esses pontos de forma “natural”) que me convenceu de que essa é a melhor forma de lidar com isso. Mais: começo a achar charmoso como isso tudo está acontecendo. Como eu comentei em uma sessão do Café com Anime, é como se Banana Fish estivesse descomplicando a história para que Ash e Eiji possam brilhar em seus papeis. E, minha amiga, meu amigo, Ash está brilhando.

Para alguém que cresceu como ele só existem realisticamente dois caminhos possíveis: ou se fechar para o mundo, enclausurado dentro do próprio trauma, talvez se suicidando no processo, ou transformando toda a dor em fúria e deixando queimar. Talvez um pouco de cada? Quero dizer, comportar-se como um sabichão agressivo de pavio-curto o tempo todo não deixa de ser uma forma de se fechar também. A coisa é que ele talvez entenda que apenas não pode se fechar completamente para o mundo. O Griffin ainda está vivo (estava, eu sei). Para o bem e para o mal existem pessoas que dependem dele. Arder em fúria e buscar vingança é uma forma (nada saudável) de conseguir continuar em frente, fazendo o que ele tem que fazer.

Griffin está morto

Ele não é uma má pessoa, mas precisa ser. Foi o caminho que se abriu para ele em primeiro lugar, é o caminho que ele precisa seguir se quiser proteger pessoas como o Skipper (é, eu sei), e também se quiser se vingar. Tenho certeza que se Papa Dino realmente quisesse, não haveria buraco nos EUA onde Ash poderia se esconder, mas imagino que ao longo dos anos ele possa ter tido duas ou três oportunidades de fugir dessa vida para nunca mais voltar. Não ia ser fácil, mas a vida dele nunca foi fácil. Se ele quisesse, ele poderia. Mas e o Skipper? E seu orgulho estilhaçado ao longo dos anos? Não tenho certeza se ele realmente teve chance de fugir, mas aposto que se teve, sequer cogitou fazer isso.

Skipper está morto

Ele é uma boa pessoa e seu senso de justiça o fez se colocar em risco para salvar Skipper, uma criança que vive envolvida com sua gangue de rua, e Eiji, um japonês inocente que ele acabou de conhecer. Tudo dá tão certo quanto era de se esperar e um pouco pior. Skipper morre. Ash enfurecido (ele já vive em fúria normalmente, mas em algumas ocasiões, como nessa, ele fica especialmente furioso) corre para se vingar. Armam para ele. Policiais corruptos, na folha de pagamentos do Papa Dino, armam para ele. Ash pretendia matar de qualquer jeito, mas ele não pôde sequer sentir o prazer venenoso da vingança e puxar o gatilho. Foi preso mesmo assim. Skipper está morto e Ash está preso, acusado de homicídio.

Ash e Max, irmão e amigo de Griffin, se encontram na cadeia

Para qualquer pessoa normal a ideia de vingança já teria acabado muito antes, mas se não fosse antes, seria agora, na cadeia. Mas Ash não é uma pessoa normal. Ele não cresceu como uma pessoa normal e não pode ser uma pessoa normal. De dentro da cadeia, com sua gangue comprometida por Arthur, sem saber em quem pode confiar (a polícia está comprometida – e ele quer se vingar de todo modo -, a sua gangue está comprometida…), Ash se vira para Eiji, o japonês, o estrangeiro, o inocente e imaculado. Ash gostou dele, de verdade, o inveja por ter a vida normal que ele gostaria de ter tido, livre, mas agora Ash precisa de alguém e como não pode confiar em ninguém, ele tem que confiar em Eiji. Ele confia em Eiji, ele gosta de Eiji porque ele é inocente, e por isso precisa depender dele e arriscar essa mesma inocência. É assim que a vingança funciona: nos faz destruir as coisas que nos são importantes.

Não sei se Ash em algum momento do passado teve chance de fugir, mas se teve, eu sei que ele nem cogitou a ideia. Ao fazer isso, arriscou não só a sua vida como a de seu irmão. Quando tropeçou na droga que Papa Dino procurava, poderia tê-la entregado, mas ele nem cogitou a ideia. Por fazer isso, Skipper morreu, ele foi preso, e agora Griffin morreu. Só lhe resta Eiji. Até onde ele vai arriscar a vida do seu último e único amigo, que está de todo modo plenamente determinado a arriscar a própria vida por Ash?

Quanto mais se envolve, maior é o risco para Eiji

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