Chio-chan no Tsuugakuro não teme explorar a comédia em seus diversos aspectos: o absurdo sem freio, o absurdo com as rédeas nas mãos, a piada suja e a anedota mais simples, porém com espaço para as personagens, estão entre eles. O resultado varia bastante ao longo dos episódios. Há muitos momentos que são tesouros cômicos. E alguns, pouco felizes. O episódio 10 pertence a cepa do humor extraído do cotidiano, mas com certa extrapolação. Momo ganha destaque, estando mais próxima das protagonistas. E a menina do kancho ressurgi, e as suas ações no episódio 7 são explicadas. Chio-chan no Tsuugakuro usa seu elenco de modo eficiente na reta final, com um texto, se não ousado, bem elaborado e engraçado.

É divertido ver alguém sair do seu normal, quando não há grandes consequências. É isso que ocorre com Momo, do Comitê Disciplinar da Escola Samejina, quando come doces. A garota escuta algo enigmático de Gotou-sensei a respeito de quebrar as regras de vez em quando, e pensa em fugir do seu habitual para conhecer a sensação.

Em Chio e Manana, ela tem a dupla perfeita para a ação, porém nem tão confiável. As amigas às vezes gostam de ver o circo pegar fogo e são bastante indisciplinadas, apesar de terem suas teorias sobre discrição e manter-se abaixo do mediano. Nesse segmento, Chio e Manana deixam o fluxo seguir, acompanhando Momo sob efeito das guloseimas, que se torna alguém menos rígida e bem mais alegre.

Manana com aquele olhar de quem vai praticar um “crime”: a loucura de Chio e Manana ajudando Momo a se destravar.

As estudantes vão a uma loja e compram vários doces. As reações de Momo são engraçadas, exageradas e fofas após se deliciar com as iguarias açucaradas. O que faz Chio acreditar que essa seja a verdadeira personalidade de Momo. As coisas na loja saem do controle, com elas consumindo cada vez mais doces. A atendente da loja inicialmente não entende o que as garotas estão fazendo, mas, depois, ela entra na brincadeira, apoiando-as. O momento máximo é quando Momo coloca doce no refrigerante e cria um sabor, sendo premiada pelas amigas com um Nobel pela invenção.

Efeito doce: Momo se divertindo pra valer.

É uma sequência agradável, e uma personagem controlada como Momo tem seus desejos e medos que a fazem optar pela seriedade em vez da diversão. Com Chio e Manana a incentivando, ela pode se soltar mais, para descobrir que nem sempre o rigor é a resposta para os anseios mais prementes.

No segundo esquete, Chio reencontra a menina do kancho, do episódio 7. Ao segui-la, a estudante a vê com Andou e descobre que eles são irmãos.

A investida passada contra Chio e Manana diz respeito à tentativa de descobrir a identidade daquela que a menina julga como responsável pelo irmão abandonar a vida de arruaceiro (ela admirava o Andou desordeiro).  Ela quer se vingar e sabe que a jovem é da Escola Samejina. As amigas atravessam o seu caminho por coincidência, já que, na ocasião, Chiharu procurava um alvo fácil.

Irmãzinha tsundere louca para esbofetear a garota que amansou Andou. Ela até que é engraçadinha!

Na mente dela, Andou foi seduzido, e sexo o método adotado. Chiharu insulta ferozmente a garota que considera culpada pela mudança do irmão.  Chio se indigna com as palavras da criança, entregando-se de maneira irrefletida – realmente, a ofensa é pesada –, e o que está complicado, torna-se um imbróglio com cotoveladas para reproduzir o golpe que Chio desfere em Andou no segundo episódio, mão de Andou no seio de Chio e Manana em fúria para a revanche contra Chiharu.

Nocaute estilo Manana. Uma comédia de erros com bordoada para tudo que é lado.

O desfecho é mais ou menos harmonioso, com Andou defendendo a irmã e Manana demonstrando seu medo por arruaceiros. Se o segmento não é impagável, caminhando em direção ao absurdo, é suficientemente divertido, com Chio-chan perdendo as estribeiras e cedendo à irritação e ao nervosismo – quem paga é Andou, levando porrada por todos os lados, mas que tem sua recompensa ao agarrar sem querer um seio de Chio (uma cena que segue o rumo descontrolado que a sequência toma. E Chio se preocupa mais em colher as impressões de Andou sobre o seu seio do que com o toque em si. Mas há certa forçação de barra nessa situação).

O arruaceiro ressurge para proteger a mini-tsundere. Irmão é para essas coisas.

O último esquete traz Andou e George, o gato. É uma comédia composta por gags visuais que lembram comediantes como Buster Keaton, e o pastelão a la O Gordo e O Magro entre outros. Ao tentar alimentar George, Andou sofre inúmeros acidentes.

O slapstick nesse segmento não apresenta novidades, mas vale pelo programa se inspirar no cinema mudo e nas trapalhadas físicas. Apesar da simplicidade, o resultado é satisfatório.

Andou quase se arrebenta todo, mas conquista a amizade de George.

O episódio 10 de Chio-chan n o Tsuugakuro é discreto no que concerne ao exagero e ao imaginário. A série tem focado em questões mais cotidianas e em um desenvolvimento maior de suas personagens, usando de maneira produtiva o seu elenco secundário. E tem apostado também em esquetes cujo humor é mais depurado, menos insano que em seu início.

Não que isso seja ruim, apesar de que os grandes momentos de Chio-chan no Tsuugakuro são guiados pela comédia disparatada com Chio abusando de seu conhecimento do universo nerd para escapar das complicações que surgem no caminho para a escola. Com certeza, seria gratificante rever o arsenal surreal de tolices e a esperteza de Chio-chan e Manana nos episódios que estão por vir.

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