Bom dia!

O primeiro rascunho do novo Starlight está pronto! As garotas estão super excitadas, tanto por ver todas as mudanças que foram feitas quanto por poderem ajudar nesse processo de mudança. Esse novo Starlight ficará melhor do que o antigo quando estiver pronto. As garotas também ficaram, cada uma a seu jeito, melhores. Por isso se enxergam na nova peça. Por isso todas elas estão tão animadas.

Bom, quase todas. Banana continua sorumbática.

Banana olha com tristeza para os objetos de palco do Starlight passado

A razão pela qual Banana não consegue se empolgar como as demais é a já conhecida: ela se vê na antiga peça, não na nova. Ela tem os motivos dela para isso, como a dolorosa lembrança do fiasco de seu clube de teatro na escola em que estudava antes de entrar na Academia Seisho, mas dá para resumir como um apego nostálgico pela enorme felicidade que sentiu ao realizar o seu primeiro Starlight. E eu entendo ela perfeitamente. Já comentei noutro artigo sobre como muitos de nós temos uma “Era de Ouro” em nossas vidas e, frequentemente, nos pegamos pensando em como seria bom voltar a viver aqueles bons velhos tempos. E também já comentei como a minha “Era de Ouro” adolescente é, especificamente, minhas memórias do meu terceiro ano do ensino médio, no qual a minha turma coincidentemente montou uma peça teatral.

Foi um projeto de um ano. Partimos inicialmente de Os Sete Gatinhos, de Nelson Rodrigues. Por motivos diversos, discordei. Outras pessoas discordaram também, e a ideia original foi abandonada. Mas o cabalístico número “sete” continuou nos inspirando. Sete pecados capitais. Branca de Neve e os Sete anões. Pronto, inventamos uma quimera chamada “Branca de Neve e os Sete Pecados”, que eu nem lembro como era direito, mas pode apostar que é exatamente isso daí que você está pensando. Aqueles foram bons tempos. Bom, isso eu já havia escrito, não é? Não é por isso que estou contando a história. Meses escrevendo o roteiro, escalando os atores, ensaiando, montando o palco, posicionando as luzes (eu fui o iluminador!), escolhendo a trilha sonora, até que chegou o grande dia. Nem tudo deu certo, mas como era uma comédia, até o que deu errado acabou dando certo porque foi muito engraçado. Estávamos embriagados de êxtase. No dia seguinte, na segunda apresentação, tentamos imitar tudo – até os erros – da primeira.

É claro que não deu certo. Não foi ruim, o público gostou, nós ficamos felizes e tal, mas sabíamos que tínhamos cometido um erro ao tentar simplesmente imitar a primeira apresentação. Se tentássemos de novo na terceira e derradeira apresentação, provavelmente seria ainda pior. Foi uma experiência valiosíssima para aprendermos esse detalhe sobre o teatro bastante debatido no episódio: não existem duas apresentações iguais. Voltamos melhores na terceiro e tudo acabou bem. Nos divertimos, divertimos o nosso público, aprendemos.

O Starlight, a peça dentro do anime, é uma tragédia, não uma comédia. Nesse episódio finalmente tivemos uma ideia geral sobre o que se trata. É um romance trágico – mais especificamente, do gênero star-crossed lovers (adoraria saber se isso tem tradução para português, é uma expressão perfeita para esse tipo de história). Claire e Flora se conhecem e fazem uma jura de amor eterno, mas são separadas pelo destino. É propositalmente parecido com a história das protagonistas, Karen e Hikari, que fizeram uma promessa quando crianças e agora se reencontraram, mas estão provavelmente destinadas a se enfrentar. Será que poderão evitar o destino de Claire e Flora? Karen tem se mostrado especialista em distorcer as coisas, em provocar mudanças. E o enredo do novo Starlight ainda está em aberto.

Starlight é uma tragédia

Banana corretamente identificou, nesse episódio, a Karen como a fonte das mudanças em série que a tem afastado cada vez mais do seu Starlight. Antes ela achava que a culpa era da Hikari, já que ela foi a estranha, a novata, mas a verdade é que a Hikari serviu apenas para lembrar Karen de sua própria promessa. E aí que tudo começou a mudar. Ela enfrentou e derrotou Junna e Mahiru, não apenas com sua habilidade, mas como fica cada vez mais claro a cada novo episódio, com sua força de vontade. Enfrentando o desejo ardente de Karen, não restou a Junna e Mahiru senão aceitarem a mudança da amiga, e assim começarem a mudar a si mesmas. Isso causou mudanças em cadeia que, mesmo sem que Karen as tivesse enfrentado, jogaram Kaoruko e Futaba em rota de colisão. Maya estava tão longe que Karen não conseguiu alcançá-la diretamente, mas com certeza as mudanças nas demais (principalmente Claudine) a fizeram reavaliar algumas coisas e mudar ela própria também.

Já tendo perdido uma vez para Hikari depois de sabe-se lá quantas reiterações do primeiro ano e das audições subterrâneas em que venceu a todas, inclusive a talentosíssima Maya, e vendo todas as garotas mudar e seguir em frente, empolgadas com o novo Starlight, não mais o seu bom e velho Starlight, Banana desesperou-se. Parar Karen era a única coisa que ela podia fazer agora para proteger o seu Starlight. Para proteger as suas memórias das demais garotas, que ela erroneamente confundiu com as próprias garotas de carne e osso. Banana honestamente acreditava estar protegendo a todas quando estava na verdade protegendo apenas a si mesma. E ela percebeu isso tarde demais. A essa altura ela não era mais páreo para Karen, não importa quão mais alta, mais habilidosa, mais esforçada ela fosse. Por desespero Banana enfrentou Karen, e em desespero ela ficou após a derrota.

O desespero da Banana se traduziu em fúria em seu duelo contra Karen

Mas isso não durou muito. Ela já havia começado a suspeitar que, afinal, talvez estivesse errada. Karen plantou a semente da mudança nela, como já havia feito antes em outras garotas. Mesmo assim, depois de tudo não é fácil engolir uma derrota dessas. Foi aí que entrou Junna, sua companheira de quarto, sua amiga mais próxima. Junna não precisou fazer muito esforço para convencer quem já estava, no fundo, convencida, mas repetir de várias formas diferentes, da boca de vários intelectuais e artistas, que a mudança é o caminho correto, a distraiu o suficiente para que Banana fosse pega desprevenida quando Junna, esgotado todo o seu estoque de frases, proferiu a sua própria versão – a que ela usa como grito de guerra antes dos duelos. Banana riu. E Banana chorou. Ela pode ter perdido o duelo, mas não perdeu o seu Starlight, que estará sempre em seu coração e em sua memória, como um guia. E Daiba Nana ganhou algo mais importante: sabedoria para entender que a mudança é necessária. Ganhar amigas de palco que ela não irá perder tão fácil também ajudou.

Agora já está tudo bem

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